Relata a saída dos últimos batalhões do Exército de Português a abandonar o leste, escoltando refugiados, que ainda tinham uma cegueira suicida seriedade da situação, colocando sua fé na #UNITA, que não tardaria a revelar suas cores.
Olá das primeiras consequências da queda do Estado Novo, que o autor testemunhou como recruta, e aliás o livro é uma boa fonte para o estudo de golpes de estado, foi de se reduzir a intensidade do treinamento militar e de serem assim menos eficazes em #Angola
Ainda sobre golpes de estado, o autor relata várias técnicas clássicas: 1- tentativa frustrada: uma das unidades revoltosas entra em acção para que seja revelado o dispositivo das tropas leias ao poder e as neutras, de modo a melhor planejar o golpe real, alimenta calma no regime
2- Incitar o golpe: o poder, neste caso os comunistas do MFA, fizeram circular uma lista de pessoas a matar na sequência de um golpe de estado comunista, para incitar o General Spínola a lançar o seu golpe de modo prematuro, foi derrotado e exilado, MFA ficou com poder absoluto
Alguns trechos interessantes do livro:
"Encontrei uma série de Notas de Serviço datadas de 1971 a 1973, algumas assinadas pelo Comandante da ZMLeste, classificadas como “Muito Secreto” sobre a “Operação Madeira” que envolveu a cooperação com a UNITA contra o MPLA, no Leste
As Paróquia de São Pedro e São Paulo, que era o pivot da comunicação entre as duas partes.
Nota: A adopção de uma atitude arrogante e gratuitamente hostil pela UNITA contra Portugal e Portugueses, parece ser uma reação histérica, e revoltou os soldados do Exército português
colonos brancos (os B2, ou “brancos de segunda”, como se designavam a eles próprios) sobre a situação. Ficávamos com a ideia de que eram “mais salazarista do que o Salazar”. Os soldados do PCP ou extrema-esquerda não suportavam aquela “cambada de reacionários, fascistas d’um raio
Mas o que achei sempre mais estranho foi que nenhum dos civis com quem já tinha contactado parecia informado de que nós seriamos as últimas tropas portuguesas naquela cidade e não tardaria muito a irmos embora.
De modo que sempre me pareceu que o ambiente era de demasiada calma entre os civis, que levavam aparentemente uma vida normalíssima, pacata, sem qualquer preocupação com o que estaria para confronto entre os Movimentos.
As Forças Integradas foram um fracasso dos nossos comandantes, porque nunca funcionaram. Se se estava numa zona de maior influência da FNLA não podíamos levar para soldados do MPLA e vice-versa. A #UNITA, essa era tolerada, [pelo menos inicialmente, até se aliar a #FNLA
Após o ataque ao Hospital de S. Paulo, decidimos não fazer mais patrulhamentos a não ser sozinhos. Isto porque não tínhamos confiança na preparação dos indivíduos dos Movimentos que nos acompanhavam e porque se vier a "doer" nunca sabíamos quando eles se viravam era contra nós.
Se bem que o Silva, talvez dada a sua formação ideológica, muito conotada com o comunismo e o PCP, tendendo sempre a referir-se ao “nosso” MPLA.
Nota: isto mostra que havia um internacionalismo comunista, entre parte dos portugueses Brancos e parte dos Angolanos Negros.
Não trocámos palavra até ele apontar para a fotografia do Savimbi, que estava afixada na parede atrás do balcão, perguntandome: “sabes quem é aquele senhor?” Respondi, meio no gozo: “claro que sei, é o Savimbi, o ‘Único Negro Inteligente de Toda a África’”. Era uma piada.
Virou-se para mim e respondeu um pouco alterado, qualquer coisa como: “Não quero ouvir essas piadas estúpidas: quero que digas ‘é o Presidente Savimbi, pá!’” Respondi: “e foi o que eu disse, que é o Savimbi!”. Ficou furioso: “Tens que dizer ‘é o Presidente Savimbi!’”.
Nas calmas disse-lhe que o Savimbi era o presidente dele, não o meu! O meu era o Presidente Costa Gomes! “Não me interessa, tens que dizer Presidente Savimbi”, respondeu, já a colocar a mão na pistola que trazia à cintura.
Nota: Intolerância da UNITA já era um problema na altura
Claro que a partir dai, a minha consideração pela UNITA desceu “abaixo de cão”. Na falta de qualquer enquadramento ideológico, refugiavam-se nestas tretas. Ainda para mais, as armas que usavam tinham-nas recebido do Exército Português, senão andariam por ali, talvez com fisgas.
Mais tarde vim a perceber a verdadeira estirpe de “ratos da mata” dos “unitas” – o contragolpe traiçoeiro [assaltando nossas colunas, espancando soldados portugueses] e o roubo de armas, que nos deixavam com a sensação de nudez, incapaz de nos defender ou os civis que protegiamos
Nas ruas, durante a visita de #Savimbi ao Luso, havia grupos de guerrilheiros daquele movimento a “tratar da segurança”, com poses que nós, os militares portugueses, achávamos completamente ridículas.
Nota: Isto mostra a total falta de disciplina e treinamento militar na UNITA
Tive que concordar que o presidente do MPLA, Agostinho Neto, por quem eu não sentia qualquer simpatia, teve uma estratégia brilhante na condução deste processo, embora não se saiba ao certo se essa estratégia foi mesmo engendrada por ele.
Nota: Provável ser Lúcio Lara ou Cubanos
Um incidente ateou a polvora, quando homens do MPLA não se perfilaram durante o arriar de uma bandeira da FNLA, desencadeou uma explosão de violência que só terminaria com a expulsão da FNLA da cidade de Luanda.
Nota: incontinência emocional os levou a serem derrotados.
Claro que a FNLA acusou o Exército Português de estar ao lado do MPLA – o que até nem era mentira nenhuma. Foi a denominada “Batalha de Luanda”. A FNLA retirou-se para Norte, ficando apenas com a posição do Forte de São Pedro, perto dos tanques de combustível.
O general cubano Rafael del Pino, nos excertos que li do seu livro autobiográfico “Proa a la Libertad“ refere: “(…) Desde o início de 1975, em diversas conversações secretas tidas em La Habana entre o governo cubano, oficiais esquerdistas portugueses e dirigentes do MPLA.
se acordou enviar grupos de oficiais cubanos para que servissem como assessores em diversas escolas e centros dos em vários lugares dos país.
Cuba soube aproveitar muito bem as raízes africanas do seu povo enviando nos primeiros grupos de oficiais a maior quantidade de descendentes daquele continente que de imediato ganhou a aceitação por parte dos nativos
Nota: Porque as pessoas confiam instintivamente na sua raça?
Por esses dias, na cidade do Luso, o ambiente começou a ficar tenso. Havia jeeps Willis e Land Rovers cheios de homens armados dos três Movimentos a circular pela cidade, alguns a alta velocidade, o que contribuiu para deixar toda a gente preocupada.
Uma patrulha do Exército Português em missão de patrulhamento, transportando-se em carros identificados, foram detidos e desarmados por elementos das FAPLA, depois de terem sido atingidos pelas costas. Foi dado ao MPLA um prazo para entrega dos responsáveis, que não foi cumprido.
Em resposta, os Comandos Portugueses atacaram, em represália, a sede do #MPLA na villa Alice, que deixou este movimento mais humilde e evitou futuros incidentes.
Depois as coisas foram acalmando, embora não tivessem parado mais as patrulhas de viaturas do MPLA pela cidade e mesmo algumas manifestações, meio folclóricas, organizadas pelos militantes deste Movimento. A UNITA tinha permanecido quieta e em silêncio durante todo este processo
Na reunião [para organizar a coluna de refugiados] fez se ataques pessoais ao Governo e ao Exército, acusando o Comandante do Batalhão de alarmista, pois nada justificava a saída precipitada da população, já que o clima de vivência entre os movimentos na cidade era "pacífico".
E é neste tipo de coisas, [falta de apoio aéreo, de reforço, planos de contingência ou armamento], que será preciso fazer um comentário nada simpático ao modo como saímos da cidade do Luso e à falta de qualquer estratégia de retirada do Exército Português do Leste de Angola.
No combate entre o MPLA e a UNITA no Luso, reparei num guerrilheiro com um lança-rockets nas mãos, debaixo de uma árvore. Vi-o a fazer pontaria a 45 graus para leste, disparar e quando disparou, acto contínuo, o rocket deflagrou ao acertar nos grossos ramos da árvore, e morreu.
segundo uma perspectiva revolucionária a independência real de Angola não se efectivará com 11 de Novembro ou acordos de Nakuru. Apenas com o aniquilamento total da FNLA e o profundo “reajustamento” da UNITA a independência será efectiva. Sendo a única uma posição a tomar.
Outro factor muito grave é a população branca, mais salazarista que Salazar, que procura desesperadamente agarrar-se à #UNITA e #FNLA oferecendo-lhes grandes quantias de dinheiro a ver se conseguem manter os seus privilégios.
Nota: Rosa Coutinho desarmou os brancos de #Angola.
É sintomático o facto de a FNLA, ultimamente, tratar com uma desconcertante amabilidade os brancos, quando o Holden Roberto nos tempos da UPA tinha como palavra de ordem a célebre frase “matar todos os brancos e mestiços”!
Nota: Os Brancos, desesperado, fizeram pacto com o diabo
Não nos preocupámos muito, mas pensando que só ocorreria “maka” entre o MPLA e a UNITA depois de nos irmos embora. De um momento para o outro apagaram-se todas as luzes da cidade e, na escuridão do restaurante, vimos os três homens do MPLA saírem à pressa e se ouvia de morteiros
Não foi preciso dizer nada porque todos saímos do restaurante em “passo de corrida” em direcção à Estação. Atrasei-me um pouco porque fiz questão de pagar a conta
Nota: Nosso dever é manter a posição perdida, sem esperança, sem resgate. Isso é grandeza. Spengler, Homem e Técnica
“Desculpem lá, mas não temos álcool para feridas”, disse o dono do restaurante. O nosso 1º cabo mecânico sacou de um canivete, passou-o pela chama de uma das velas, desinfectou a ferida do soldado whisky e retirou-lhe o estilhaço das costas.
Nota: Não ter canivete é como andar nu
A seguir, todos bebemos umas boas goladas daquele whisky. Depois vieram mais garrafas. Lá fora, o tiroteio aumentava cada vez mais e, com certa regularidade, explodiam na rua da frente algumas morteiradas. O MPLA derrotou o ataque da UNITA e venceu a batalha do Luso.
Perguntei-lhe porque não estava no comboio a sair do Luso, disse-me: “Bem, eu já não saio daqui, a minha mulher faleceu-me, tenho dois filhos, mulatos, a minha mãe não está em condições de viajar, e eu não tenho ninguém em Portugal, estou aqui há mais de quarenta anos, não vou.
O dono do restaurante apareceu com dois oficiais do #MPLA, que nos olharam meio altaneiros e disseram que já podíamos ir para a Estação sem não correr, senão os patrulhas podem pensar que são #UNITA a fugir. Qual quê, desataram todos numa corrida desenfreada até ao comboio.
Eu fiquei conversando com um dos oficiais
Então, furriel, eu ontem tive que te apressar o passo, pá. Devias correr mais depressa!
Grande sacana, foste tu que me disparaste para as botas?
Ná! Eu disparei para o alcatrão
Mato uma mosca a Kalash, a cem metros!” E rimo-nos com aquilo
O francês começou a tirar apontamentos freneticamente e depois disse que ia observar os combates de perto, saltando de imediato do vagão. Vimo-lo a correr em direcção ao tiroteio, com a máquina fotográfica em punho. “Estes repórteres são completamente doidos” !
Alguém, para os lados da locomotiva, gritou “Os Catangueses!“
E vimos então a coluna de guerrilheiros africanos, vestidos com velhas e sujíssimas fardas de caqui amarelado, a passar no Norte da estação Tinham aquele ar de veteranos que já viramos em alguns guerrilheiros das FAPLA
Os Catangueses, as ditas “Forças Tigres” fugiram para Angola (Lunda e Moxico), sendo integradas como forças irregulares especiais no Exército Português, designadas como “Fiéis Catangueses”, [estavam agora ao serviço do #MPLA, e iriam invadir o Zaire de #Mobutu duas vezes]
Recusavam a integração e aguardavam com esperança um regresso ao Catanga. Viviam como bichos e actuavam sem medos. Usavam um machado ou uma catana ou um punhal, pauzinhos de fricção para acender o lume, uma panelinha e um cobertor que amarravam ao cinturão das cartucheiras e a G3
Chiwale, militante da UNITA, diz em seu livro que forças do MPLA, sobretudo catangueses com nosso alegado fornecimento de munições às FAPLA, os expulsaram do Luso, o que é uma aldrabice descarada, as armas estavam no comboio, não sei se a descrição dos combates é verdade!
Passado pouco tempo, o comboio chegou a Chicala, longo 1km, carregando 5 toneladas de armamento, e 1000 civis amedrontados, sob a guarda 400 soldados portugueses sem treinamento, que se vendo por 5000 homens da UNITA, e preferiram baixar as armas para evitar morticínio.
Talvez lembrado do modo como o meu pai (colonialista empedernido e adepto do apartheid) falava com os africanos que trabalhavam na fábrica que ele dirigia em Lourenço Marques nos ans 61/62. Dei “ordens” em voz firme: apontei para um UNIA e disse “Tu vais comigo ver a minha mal"
A UNITA era comandada “Major” Chiwale, que depois de ser derrotado no Luso, decidiu assaltar o nosso comboio. Quando o comboio retomou tinha alguns homens da UNITA nos vagões, toda a gente me parecia estar desorientada, os soldados portugueses desarmados e humilhados.
Um desses “oficiais” Unitas, baixinho, gordo e repelente, desatou aos berros: Quero todos os motoristas ao pé das viaturas! Vamos descarregar os carros! Vamos ficar com os vossos carros!
Ouvi o tenente-coronel responder, Vocês vão pagar caro por mais este acto indesculpável!
Eu estava a fixá-lo nos olhos raiados de sangue e percebi que estava com medo. Tinha medo nos olhos. E continuei ... mas evitando rirme, que me apetecia. Rir de um tipo com o medo estampado nos olhos é perigoso. Daria origem a uma catástrofe, como retaliação raivosa.
“Este carro andou no Luso a disparar contra nós!” gritou o tipo, já com uma intenção assassina nos olhos. “Não é possível! O carro já ali estava quando vocês começaram aos tiros no Luso!” respondeu o furriel antes de receber uma violenta bofetada.
O furriel ficou sentado no chão com a violência da bofetada. O nosso Comandante, que já se tinha aproximado, tentou intervir, mas o gordo apontou-lhe a arma que tinha na mão, levantou o furriel pelos cabelos e arrastou-o [para uma multidão para o linchar à beira da morte].
Vi um conhecido com uniforme da UNITA, nosso guia de caça. Olhou para mim com um sorriso meio descorado e eu disse “Tony do caraças, também estás metido nesta merda?” – “a gente tem de precaver-se!” respondeu “Precaver-se, o tanas, a assaltar a tropa portuguesa, queres tu dizer.
Parece que não ganhaste massa suficiente connosco, cabrão de merda!” O tipo, amochou e acelerou o passo até desaparecer no meio daquela confusão toda.
O furriel do carro apareceu finalmente com o cabelo cortado à facada, os olhos inchados, cara cheia de sangue, uniforme estava feito em tiras, rasgado. Perante a imagem dele, o medo dos soldados transformou-se em raiva. Uma raiva surda e impotente. O ódio com o peso da frustração
No Capítulo 5 do livro do Chiwale, relata os acontecimentos relacionados com este assalto (sem considerar nunca que se tratou de um assalto), onde afirma que nessa altura tinha com ele 5000 homens, mas apenas 3000 armados
Nota: UNITA usa a história para se vangloriar e justificar
Chiwale escreveu o livro (ou ditou, o que é mais provável) com 70 anos e a favor deles (UNITA), com o intuito de apresentar “músculo” e achincalhar os militares portugueses que lá estiveram. Depois de afirmar que o Exército Português deu armas ao MPLA para atacar a UNITA no Luso
O que é mentira, Shiwale também refere que "As coisas [com o comboio] ... não correram lá muito bem: alguns dos nossos homens insurgiram-se contra a tropa e os colonos que iam no comboio; agrediram-nos ao ponto de os despir, o que foi realmente lamentável”. Despiram quem?
Chiwale justifica portanto este assalto ao comboio, com a mentira que “nossa tropa” ter distribuido munições ao MPLA durante o combate no Luso com a UNITA. Quando já estávamos naquele comboio quando a confrontação começou. Havia alguém “à porta do comboio” a distribuir munições?
O aquartelamento, onde ficámos em Nova Lisboa, tinha sido utilizado para uma recruta e especialidade das Forças Integradas de Angola e que, após o juramento de bandeira, os soldados tinham desaparecido do quartel, com armas e bagagens, de regresso aos respectivos Movimentos.
A coluna motorizada que fugiu do Luso teve parada devido às dificuldades do terreno e por termos de enterrar um cadáver que estava próximo da linha férrea. Certamente um MPLA fora atirado do comboio de um local distante daquele, pois dava sinais de ter sucumbido ao cansaço.
Estava a falar com o comandante da FNLA, quando o homenzinho do hospital (que era da UNITA), gesticulando como um boneco, apoiado pelos outros capangas, dizendo que éramos das FAPLA e que tínhamos de entregar as nossas armas.
Nota: Mais um episódio de humilhação contra a tropa.
Estava eu nestes pensamentos finais quando o Santos, em pranto, começou a chamar pela sua mãezinha em jeito de despedida. Foi um momento inesquecível, pois ele, que passava o tempo todo a suspirar pela sua Narcisa, naquele momento crucial evocou a mãe e não a namorada!
Perguntou-me se sou comunista ou democrata. O sorriso inquiridor com que me fez esta pergunta deixou-me um pouco embaraçado, pois pensei que ele me conhecesse do Luso e soubesse quais eram as minhas ideias. Tive, então pela primeira vez na minha vida, de responder evasivamente.
Já não era apenas um grupo de militares que tinham sido desarmados e pouco mais, era já uma companhia, um exército, uma nação que tinha sido humilhada na pessoa colectiva dos seus militares, dos seus homens, nas duas emboscadas, ao comboio e a coluna motorizada que vinham do Luso
A entrada da cidade onde nos encontrávamos era um imenso parque automóvel desordenado. Os “unitas” revistavam todas as viaturas, retiravam todo o material de guerra, insultavam, agrediam os nossos soldados.
Para cúmulo, e reflectindo a sua desorganização, a seguir a uma revista vinha um outro grupo, outro ainda, farejavam por todos os lados e por fim retiravam um tanto ou quanto frustrados por levarem as mãos vazias
Nota: Este era o exercito que iria governar Angola com serenidade?
O nosso comandante de companhia andava de um lado para o outro, com um ar desesperado, tentando convencer os chefes a abreviarem a nossa partida. Pois cada chefe dava as suas ordens, independentemente dos outros. Quase à saída da cidade tivemos que parar por capricho de um chefe
Enfim, reflectia-se a total desorganização quer da UNITA, quer de outro movimento [FNLA], além de uma certa animosidade entre ambos na forma como cada um queria decidir a nossa questão.
comandante do batalhão, que, logo de manhã, sem galões, como todos os outros graduados que vieram no comboio, declarou que perante uma afronta, uma humilhação daquelas em que até bandeiras nossas foram queimadas, não lhe restava outra solução senão abdicar da sua carreira militar
Além de as armas terem ficado nas mãos dos Unitas do Chiwalle na zona do Luso,Nova Lisboa não estava em seu poder ... tinham ao lado deles forças consideráveis, quer da FNLA ( da facção Chipenda, ex-MPLA), e mercenários do ELP e algumas tropas regulares da África do Sul
Note-se que o Serviço Postal Militar (SPM) nunca deixou de funcionar eficazmente.
Nota: Isto é heroísmo, civilização, Spengler sorriu !
Também se dizia que o som mais audível em Luanda era o “pregar de caixotes”, em que os chamados “retornados” tentavam embalar alguns haveres para posterior transporte para Portugal. A esmagadora maioria dos caixotes nunca chegou ao destino.
Infelizmente, a esmagadora maioria dessas fotos veio a perder-se depois do meu divórcio em 1997, [além de minhas cartas e notas] e posteriores mudanças de casa. Restaram-me apenas algumas cópias que publico neste livro.
Nota: casar é perigoso . @QuissuaDavid
o ambiente em Nova Lisboa este é bastante asfixiante. UNITA têm controles em toda a parte. Por cada viatura que passa corresponde igual número de revistas. De quando em vez apareciam corpos em putrefação nas matas dos arredores denunciando o carácter policial da vida quotidiana.
No Largo do Kinaxixe (Largo Maria da Fonte, ou dos Lusíadas), onde estava o moderníssimo Mercado Municipal de Luanda, visitei o que chamavam o “mercado do monte”, havia no passeio um monte de roupas, sapatos e muitas outras coisas, em segunda mão, provenientes sobretudo dos EUA
Machimbombo, palavra de origem portuguesa e não africana como se costuma pensar, que significava “elevador mecânico”, referindo-se, no início do século XX por exemplo, ao elevador ou machibombo – palavra vinda do inglês Machine Pump – da Estrela e que funcionou entre 1890 e 1930.
Os meses de Outubro e Novembro de 1975 foram sombrios e angustiantes. [Os Cubanos sabíam] que a missão era manter Luanda a todo o custo pois posteriormente se efectuaria a mudança radical de poderes, mas a FNLA acercavam-se pelo norte e, pelo sul a UNITA com os Sul Africanos.
General Silva Cardoso, Alto-comissário e Governador Interino de Angola em 1975 deu armas do exército português à UNITA, considerando que um terceiro elemento bem armado, intrometendo-se na confrontação entre o MPLA e a FNLA, pudesse equilibrar as forças e parar os combates.
Esta resolução de Silva Cardoso, além de não ter resolvido nada, levou a UNITA a entrar mesmo na guerra, especialmente contra o MPLA e a habituar-se a que o exército português tinha as armas de que eles precisavam e que as poderiam fornecer-lhes, senão a bem, seria a mal.
Um relato das consequências do fim do Estado em Angola e Portugal, do ponto de vista pessoal de várias testemunhas, incluindo o general Chiwale da UNITA, sobretudo a fuga dos portugueses do leste e as hostilidades da UNITA contra os Soldados e civis Portugueses.
Fim de uma ordem.
A arrogância da UNITA, se juntou a antipatia justificada que os portugueses tinham da FNLA por causa dos massacres de 61 e da Retorica Genocida de Holden, e diferença ideológica, explica que a antipatia de militares Portugueses e preferência/tolerância pelo MPLA
Portugueses que apoiaram UNITA e FNLA, como no caso dos Brancos de Segunda e o ELP, o fizeram apenas por desespero e sem entusiasmo quando todas as suas alternativas dente foram frustradas por Rosa Coutinho
Em caso de vitoria da UNITA/FNLA, iriam provalvelmente ser liquidados
pois por esta altura a sociedade civil Portuguesa de Angola já estava desarticulada, depois de quase de um ano de uma campanha de terror por parte dos movimentos, e seus aliados Africanos foram cooptados pelos movimentos, estando já a população excitada para cometer um genocídio
Excitação que foi manifestada de modo tardio no 27 de maio de 1977, em que uma parte da população foi declarada como sendo branca, na ausência de brancos, porque a sede revolucionaria não havia sido saciada por uma quantidade suficiente de sangue, a extrema esquerda foi liquidada
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
O que viemos fazer aqui ? Perguntou o furiel ao alferes: escoltar os comandos
Então tua pickup vai tomar a dianteira da coluna militar, porque o carro rebenta minas é dos comandos
És louco !
Sim, e sou oficial superior.
Registo romanceado de experiências e emoções vividas por um Alferes Miliciano de Cavalaria, durante a sua comissão militar, de 1965 a 1969, em particular no Leste de #Angola
E vamos os dois na pickup, e se dar merda, ou carne picada, vamos desfrutar juntos.
Antes do condutor dar o arranque da marcha, vem a correr o soldado # 62, que pede para seguir no carro já lotado, disposto a trocar lugares, Kwanyama forte, parecia Khoi
"A #OUA, grupelho formado por terroristas e comunistas a soldo de Moscovo e Pequim, [em paralelo com os Estados Unidos], tudo fizeram para isolar Portugal e impor a sua vontade no Ultramar Português". Refugiados de #Angola.
No dia 25 de Abril de 1974, a guerra em Angola era reconhecida como ganha. Os confrontos com o inimigo eram quase inexistentes. O inimigo, então com três frentes – MPLA, FNLA e UNITA – estava praticamente inerte e reduzido a poucos efectivos, como se constatou após a revolução.
Racistas individualmente, claro que os havia, e há, quer fossem brancos, quer mulatos, quer negros, agora como fenómeno generalizado, é pura mentira, tentando-se arranjar desculpas para o indesculpável.
Panafricanismo é um sintoma de Dunning-kruguer e culto cargueiro, em que invejando o grau de unidade de povos poderosos, os brancos Ocidentais ou os Chineses da Asia, queremos construir tecto sem as paredes, milenar consolidação cultural e económica necessária, que o sustentam.
O oposto de uma ideia estúpida muitas vezes não é uma ideia inteligente, mas apenas outra ideia estúpida com características opostas. @uMarhobane, Afriforum
Antes da unidade Africana, deve se criar a unidade de coisas mais pequenas (povo e pais), que são elementos constitutivos
"Deva-se dizer que a culpa dessa miséria da educação não pode só ser atribuída ao governo ou às circunstâncias, tais como a falta de escolas ou a dificuldade de transporte. É um círculo vicioso. Enquanto não for criada uma "mentalidade educacional".
O Dinossauro via @OrdemLivre
Conservar é difícil, requer atenção, cuidado, responsabilidade. Os mosaicos de pedra branca e preta, célebres nas calçadas cariocas, andam invariavelmente soltas para tropeço dos transeuntes. Os relógios públicos, ninguém se lembra de mantê-los pontuais ou mesmo de lhes dar corda
Abuso dos usuários (infiltração de água e canos entupidos) e falta de manutenção (drenagem), a expressão coletiva do curto horizonte de tempo individual
$ não faltou, repare nos carros modernos no estacionamento.
Colapso de prédio colonial é uma ocorrência comum, como o QG da Polícia Judiciária em 2008, o Ministro do Interior, então Chefe da Defesa Civil, Laborinho, disse que é responsabilidade do Colonizador e da administração colonial construir sobre um pântano
A maioria dos blocos de apartamentos coloniais modernos de Luanda foram construídos entre 1950 e 70, rápida degradação sob proprietários angolanos e administração pública é replicada Centralidades construídos pela #China: ralo entupido por alimentos com água, torneiras abertas
Apartment building constructed by #Portugal collapsed in #Angola
Abuse by users (water infiltration and clogged pipes) and lack of maintenance (drainage), the collective expression of individual short time horizon
$ was not lacking, notice the modern cars in the parking lot.
Collapse of colonial building is a common occurence, like Judicial Police HQ in 2008, Minister of Interior, then Civil Defese Boss, Laborinho, said that it is the responsabilidade of Colonizer and the colonial administration for building above a swamp.
Most of Luanda Modern Colonial apartment blocks were build between 1950 and 1970, their rapid degradation under Angola owners and public administration is replicated in current blocks build by #China: Drain clogged by food dump with watter, floods by water faucets left open