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eduardo @evasques
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Acho que ficou claro para todos a participação das mídias sociais nestas eleições. Mas acho que vale colocar no debate alguns pontos que precisamos nos atentar e que poucos estão avaliando. O processo de desintermediação dos meios.
Por mais que a gente não queira admitir, este é um movimento que vem se programando. A intensidade de mensagens em mídias sociais e plataformas privadas (como o WhatsApp) não é algo que simplesmente aconteceu nos últimos três meses de campanha.
Trata-se de algo que vem sendo minado ao longo de um bom tempo, pegando carona na criação de uma cultura antipetista (formada por um conjunto de fatores que não vale a pena discutir aqui e agora).
O fato é que, com isso, temos a comprovação da desintermediação dos grandes meios de comunicação. O poder e a força da comunicação definitivamente passou para as mãos dos gigantes de tecnologia, em especial o Facebook e suas plataformas abertas e fechadas.
Esta guinada poderia ser boa, por levar algum tipo de equilíbrio ao poder representado pela imprensa. E, sabemos, os interesses por trás das lideranças destas organizações de mídia sempre foram pontos de conflito (lembremos que não existe imparcialidade).
O problema é que fomos do 8 ao 80. A imprensa nitidamente, em muitos dos casos, deixou de ser um validador da informação. Perdeu o papel de meio. E isso coloca o interlocutor em contato direto com suas audiências. Sem ou com pouca possibilidade do contraditório.
Os meios tradicionais de comunicação, ainda que em suas versões digitais, também por conta de diversos erros e vieses políticos adotados, acabaram por ver sua credibilidade contestada.
Os efeitos do que se publica na imprensa, mesmo com diversas versões sobre o mesmo fato, passaram a ser negadas, impugnadas. Ganhamos então, além da polarização política, a binaridade entre a verdade e a inverdade. E cada um passou a usar as informações como lhe conviesse.
A confiança nos vínculos mais próximos - de parentes, amigos, redes de contatos pessoais - ajudou a minar a insuspeição em relação a estes barões da mídia.
Temos, então, o campo perfeito para a distribuição de mensagens de todo tipo e gênero, sendo elas verdadeiras, falsas ou passíveis de provação.
Soma-se a todo este cenário uma população com uma formação de base bastante pobre e gerações sem a menor capacidade de interpretação de conteúdos. Este é um nó novo, muito novo pra gente. E vai provocar ainda muita tensão na pauta social e política.
Enfim, era isso. Desculpem o textão.
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