A marcha do ministro @rsallesmma para desmontar o @mmeioambiente, reduzir transparência e perseguir ONGs não é coisa da cabeça dele. Documentos mostram que Salles apenas segue uma estratégia cuidadosa (e alucinada) bolada pelo governo @jairbolsonaro desde 2018. Segue a thread. 
A estratégia está descrita em dois documentos: "Reestruturação SISNAMA-IBAMA-MMA" e "Nota SISNAMA". Ambos estão disponíveis no site do OC. Seus autores são a equipe de transição "do B" do @mmeioambiente, liderada pelo agrônomo Evaristo de Miranda. observatoriodoclima.eco.br/documentos-da-…
A equipe de Miranda chegou ao poder após um golpe interno, no qual @jairbolsonaro demitiu no fim da transição os integrantes da equipe inicialmente nomeada, coordenada pelo biólogo Ismael Nobre. Meses de trabalho foram jogados fora ("eficiência de gestão" é isso aí)
Além de Miranda e do próprio @rsallesmma, a equipe que entrou (sem ter participado do diagnóstico do ministério) era integrada, entre outros, pelo atual presidente do Ibama, Eduardo Bim, pelo ex-futuro secretário de Biodiversidade, @TrudaOceans e por um certo Ronald Bicca.
Bicca chegou a se apresentar como chefe de gabinete de @rsallesmma, sem ter sido nomeado, até que um dia desapareceu misteriosamente do ministério. Em 2018 ele teve seus cinco minutos de fama: g1.globo.com/go/goias/notic…
Também integrava a equipe um diretor da @SistemaCNA, Rodrigo Justus. Se alguém ainda tinha dúvida sobre o fato de os ruralistas terem dominado o @mmeioambiente e sobre qual é a agenda de @jairbolsonaro para o setor.
Os documentos são um vislumbre precioso da ação de @rsallesmma. Eles explicam os movimentos atuais do ministro e ajudam a prever seus próximos passos, que incluem extinguir o @ICMBio, fundindo-o com o Ibama.
É o item 6 da proposta: "reunificar o órgão de execução do Sisnama [Sistema Nacional de Meio Ambiente] - imergir o @ICMBio no Ibama". A ideia é fazer isso por Medida Provisória.
Outra proposta, que Salles já começou a executar com a indiscrição de praxe (www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/…), é "reposicionar o Conama". O Conselho Nacional do Meio Ambiente, órgão máximo da governança ambiental brasileira, é descrito pelo grupo de Miranda como "ideológico" (claro).
A ideia é desidratar o Conama e criar acima dele um Conselho de Governo do Sisnama, "formado por um grupo de conselheiros próximos ao presidente". Imagine quem poderiam ser esses conselheiros.
Como mostrou hoje o site @diretodaciencia, o pobre @onyxlorenzoni acabou levando a culpa de ser o mentor da desidratação do Conama, mas a escrita já estava no muro desde o ano passado. Confira a reportagem. diretodaciencia.com/2019/03/27/ja-…
A proposta sobre os conselhos é um golpe inédito no caráter democrático da governança ambiental brasileira. Troca-se um colegiado com dezenas de membros por um petit-comité autocraticamente nomeado pelo presidente. Sabe quem mais governava desse jeito?
Mas é na abordagem das mudanças climáticas que o grupo bolsonarista revela todo o esplendor ideológico. A governança de clima, instituída há 1 década, é chamada de "cabide de emprego" e "risco à soberania". O Fórum Brasileiro de Mudança do Clima é um "imbróglio de proselitismos".
Nenhuma evidência que não a opinião dos missivistas é apresentada para embasar as afirmações sobre o tema.
Outro ponto dos documentos é revelador do "animus" da tropa de @jairbolsonaro em relação à sociedade civil: propõe-se "reestruturar a política nacional de mudança do clima", desautorizando "organismos incontrolávels (como observatórios)".
Ei, parece que isso foi com a gente.
"Organismo incontrolável".
Não é a 1ª vez que o OC é tratado com essa deferência pelo poder público. No passado já nos chamaram de "inimigo" porque temos como missão produzir dados e monitorar políticas. Não temos compromisso de agradar a governos - nosso comprometimento é com a sociedade brasileira.
Miranda ainda faz um agrado a si próprio ao propor que a Embrapa vire a "coordenadoria de inteligência territorial" no novo desenho estratégico do Ibama. Ele chefia a Embrapa Territorial. Para entender possível impacto dessa decisão, leia aqui: observatoriodoclima.eco.br/agromitometro-…
Em resumo, ideologia, centralismo e desapego a evidências não são prerrogativa da ala olavista do governo Bolsonaro. Esses elementos estão presentes em toda a administração. O @mmeioambiente não escapa a essa lógica.
Confiram nossa #thread sobre o desmantelamento total das estruturas, legislação e proteção ambiental do país promovido pelo governo @jairbolsonaro. @SoniaBridi @QuebrandoOTabu @TheInterceptBr @MiriamLeitaoCom @Pirulla25 @huffpostbrasil
