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1 - É bom que se tenha a dimensão correta do que se viu nas ruas ontem. Ainda que as mega-manifestações de 2015/2016 permaneçam insuperáveis, houve multidões no Rio, em São Paulo e no Sul do país, além de uma quantidade não desprezível de focos de manifestação em todo o Brasil.
2 - O STF, agora, tem que entender que não pode brincar com fogo. Ou a era do ativismo judicial acaba, ou acaba o STF. Ninguém aguenta uma Corte Revolucionária, inventando crimes, legalizando práticas criminosas e mudando a legislação ao seu bel prazer em benefício de cumpinchas.
3 - Caso Toffoli, Barroso, Gilmar e cia insistam em levar à frente a legalização do aborto, a criminalização da homofobia, o tribunal das redes sociais e a revisão da prisão em segunda instância, são eles, e não o jacobinismo, quem estarão plantando a semente do radicalismo.
4 - Toda crise que leva a uma dissolução dos organismos intermediários é também culpa desses mesmos organismos, que por empáfia, arrogância,irresponsabilidade, corrupção ou mendacidade corroem sua própria legitimidade. Foi assim com o Antigo Regime e com a Revolução Americana.
5 - As eleições de 2018 ensinaram aos partidos políticos que o povo os considera descartáveis. As manifestações de ontem deveriam ensinar ao STF que não há amor pela Corte entre as massas. A alternativa que lhe resta é retornar ao seu lugar de direito, enquanto juízes e só.
6 - O que a Corte precisa é fiscalizar o respeito a esse mesmo ordenamento segundo a Constituição. Caso contrário, pode ser que o próprio povo decida rasgar a carta para chutá-los para fora da cadeira, se os outros Poderes não souberem impor os freios devidos a sua loucura.
7 - Isso deveria ficar ainda mais claro quando se viu uma multidão na Paulista gritar os nomes de Paulo Guedes e exibir cartazes em apoio a Sergio Moro. É a direita realizando os sonhos mais selvagens de ação política da esquerda. No meio de uma reforma impopular em todo mundo.
8 - O voto de confiança foi dado. Rodrigo Maia e o Centrão tem que entender o que isso significa. Novamente, cabe aos poderes intermediários preservarem sua própria integridade. Brasília precisa de sabedoria política para não engessar o caminho reformista, para seu próprio bem.
9 - Prudência é algo que se pode exigir de indivíduos, nunca das massas. Caso o STF e o Congresso forcem a barra para emparedar as reformas necessárias, só vai sobrar para o povo aquela palavrinha com R maiúsculo que deixa muita gente de cabelo em pé.
10 - Portanto, ministros e deputados, não abram a caldeira do inferno. Porque são vocês os primeiros a cair na mistura efervescente. E ninguém sabe quando pára de queimar na hora que a primeira tocha é acesa. Os próximos meses decidem o futuro da nação. É preciso estar atento.
