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Desde os primórdios da humanidade, buscam-se explicações para o processo do conhecimento humano.
Muito cedo, pensadores da antiguidade formularam hipóteses e geraram teorias que definiam a expressão humana como um processo representativo de suas formas de ver o mundo.
Assim descobriram o signo, conceituaram-no e o decompuseram na intenção de, desta forma, compreender o conhecimento humano.

Concluíram então que, independentemente do instrumental usado, o homem manifesta suas ideias por meio de estruturações sígnicas em forma de linguagens.
Considerando-se a língua como matéria-prima das interações sociais, verifica-se que, entre os signos, o linguístico (ou verbal) ocupa espaço privilegiado.
A despeito de sua complexidade, é o signo linguístico que se impõe como domínio obrigatório e, em geral, impele o indivíduo a buscar a escola: espaço onde se aprende a ler, escrever e contar.
Observe-se que contar é uma operação matemática que também atravessa os domínios do signo visual, pois há códigos numéricos a serem aprendidos que implicam a identificação e a tradução de figuras.
Logo, para contar é preciso realizar atividades de leitura e escrita.
Mesmo que uma voz interna diga que é possível contar sem escrever ou ler, reduzindo a operação à atividade de organizar coleções, ordenações, etc.
A aquisição dos códigos numéricos e da estruturação das sentenças matemáticas e respectivas operações demanda o desenvolvimento de habilidades visuais e motoras correlatas às exigidas para o aprendizado da leitura e da escrita.
Assim sendo, as operações sígnicas que aqui propomos se prestam ao desenvolvimento de habilidades visuais, cognitivas e motoras, que se cruzam no processo de aprendizagem escolar transdisciplinarmente.
O professor consciente, que quer estabelecer um outro tipo de relação com o aluno, pode fazê-lo mesmo usando a técnica da aula expositiva.
A eterna queixa de que os alunos não se saem bem nas avaliações porque ou não entendem os enunciados das tarefas ...
...ou não redigem respostas legíveis precisa dar lugar a outras falas, em que o tema seja a demonstração de habilidades leitoras e redacionais vinculadas a situações reais de comunicação.
Enfim, lemos todo o tempo. Desde as horas no relógio, aos letreiros dos ônibus e placas de supermercado. Logo, desenvolver habilidades de leitura e textualização é indispensável.
Atualmente, a eficiência comunicativa não demanda conhecimento exclusivamente verbal, pois os textos hodiernos se constroem com variado material sígnico.
A intervenção cibernética no mundo contemporâneo promoveu uma mudança na produção textual, uma vez que a rapidez da comunicação passou a exigir meios mais ágeis na transmissão das ideias.
Portanto, o código verbal, simbólico por excelência por isso mais complexo dos códigos humanos, teve de dividir seu espaço com outros códigos e linguagens com vistas a atender a dinâmica da comunicação na era da informática.
Isto demanda uma formação também ampliada do professor de língua, que agora passa a ser professor de linguagem e tem de dominar competentemente outros códigos além do verbal.
Logo, jornais, revistas, anúncios impressos, letras-de-música, poemas, hinos, etc., são materiais produtivos para o trabalho em classe.
Observada a importância de uma educação que resgate as sensibilidades estética, ética, moral, cumpre lembrar que a escolha dos textos deverá contemplar temas não apenas atuais, mas sobretudo educativos.
É óbvio que não vamos retroceder em busca dos textos com lição de moral usados outrora, senão textos que abordem temas importantes para a sociedade contemporânea e que, por meio deles, seja possível ampliar o debate para os ditos temas transversais.
Nessa linha de raciocínio, parece ficar visível a riqueza de códigos e linguagens emergente da pluralidade temática disponível.
Ir à universidade pode parecer obrigação, mas ali o sujeito é exposto a conteúdos de uma área que escolheu para estudar e para agir profissionalmente.

É fundamental que haja algum afeto.
Na escola, portanto, procura-se o conhecimento sistemático, induzido.
Aqui os objetos estão disponibilizados para quem puder e quiser entrar em processo semiótico, cada um de acordo com suas possibilidades, de acordo com seus signos prévios.
Quanto mais exposição ao processo, quanto mais aumenta o capital de signos disponíveis, maior possibilidade de aprofundamento em determinada área, maiores as possibilidades de estabelecer relações entre os objetos.
Entenda-se, contudo, que para a semiótica, onde ocorrer comunicação há aprendizado. Há aprendizado onde houver ação do signo. Com esse entendimento, podemos ampliar a noção de processo educativo, e talvez mudar alguns de nossos parâmetros.
Na sala de aula convencional, toda vez que ocorrer comunicação, ocorre aprendizado, sempre de acordo com o capital disponível de cada um e também de acordo com o afeto dado e recebido no processo.
Com isso, nota-se que há tantos ritmos de aprendizado quantos forem os posicionados como alunos – professor inclusive.
Por que insistir na importância do afeto? Porque o afeto conecta-se à primeiridade, categoria fundamental de todo processo semiótico.
Sem esse sentimento de algo que nos toca não se efetua o processo sígnico completo.
Toda relação com afeto, criativa, constitui-se em troca interpessoal, mesmo que de mim com meus pensamentos. Se estivermos dispostos, há muitos lugares para praticar o diálogo.
O aprendizado, da perspectiva da semiótica, precisa de um objeto ou conteúdo, de uma mente com seu capital de signos e produzirá um resultado.
Não há garantias de onde chegaremos, apenas garante-se que há um caminho.
Boa noite.
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