Thread by @rmotta2

Há algum tempo fiz um texto sobre o absurdo patrocínio da Petrobrás ao réveillon carioca de 2015/2016. Muitos leitores foram duros: “a culpa é do povo que não sabe votar”.

Essa afirmação, aparentemente óbvia, não é verdade.

Vamos aos fatos:

1. O eleitor não tem acesso a informações reais e relevantes sobre cada candidato e suas propostas para que possa decidir seu voto. Mesmo que tivesse, o cidadão comum não teria tempo para estudar e comparar as biografias e ideias de dezenas de candidatos.

A decisão do voto é então tomada com base em elementos superficiais, como uma frase solta, a forma de vestir do candidato ou a recomendação de um artista de TV. Isso acontece no Brasil e na maioria dos países. E acontece com quase todos nós.

2. O sistema eleitoral das democracias ocidentais premia o político que consegue mais votos, independente da sensatez de suas propostas, da sua idoneidade ou de sua capacidade administrativa.

Esse sistema favorece candidatos de fachada, que repetem as mesmas promessas vazias, usam chavões como “justiça social” ou “redução da desigualdade”, e irrigam suas campanhas com o dinheiro de interesses escusos. É impossível ao cidadão comum vencer esse sistema.

3. Apesar de toda a propaganda oficial sobre a importância do voto, mais importante ainda é ter em quem votar. O voto obrigatório é uma cortina de fumaça que encobre o fato de os nossos líderes políticos serem, em sua maioria, muito ruins.

O Brasil tem escassez de líderes com competência e dignidade para funções de Estado. É um círculo vicioso: quanto mais suja fica a política, mais ela atrai pessoas mal-intencionadas e mais difícil fica a decisão do voto.

A culpa não é "do povo".

Mas, então, de quem é a culpa?

Que tal colocar a culpa nos reais responsáveis ?

A culpa da fraude e do crime é de quem comete a fraude e o crime, seja ele político eleito, ocupante de cargo comissionado, servidor concursado ou cidadão comum.

A culpa é, sempre, do criminoso, nunca da vítima.

E nem do eleitor