"Na Tanzânia, funcionárias de uma corte começaram a adoecer uma após a outra. Elas foram diagnosticadas com HIV. O funcionário do tribunal que as supervisionava as forçava a dormir com ele se quisessem receber o pagamento de horas extras. Ele vivia com HIV.
(segue a thread)
Uma mãe no Peru recebeu duas opções de um juiz: fazer sexo com ele ou não ter a guarda do filho. Outra mãe, no Brasil, recebeu a mesma "proposta” de um médico para conseguir medicamento gratuito para a filha hospitalizada.
Em todo o mundo, as #mulheres sofrem desproporcionalmente mais com a corrupção. Para além da #extorsãosexual, leis injustas e misoginia tornam difícil ou mesmo impossível que elas até mesmo participem da política. O cenário no Brasil nesse sentido é extremo.
No último mês nos chocamos com ataques machistas e misóginos do Bolsonaro a mulheres que publicaram matérias e dados sobre seu governo – numa clara tentativa de calar a voz delas e ferir a liberdade de imprensa como foi feito com @camposmello e @veramagalhaes, por exemplo.
Os ataques são pejorativos, violentos, #sexistas e não têm absolutamente nada a ver com a atuação profissional dessas mulheres. O presidente e seus apoiadores não destinam a mesma carga de virulência nos ataques que, eventualmente, proferem contra jornalistas homens.
Uma #imprensalivre e atuante é fundamental para o combate à corrupção. Ao atacar as mulheres jornalistas de modo recorrente e insuflar o ódio contra elas, o governo exerce uma forma de censura velada que espalha insegurança e o medo para que as vozes críticas se calem.
Não podemos mais aceitar nenhuma tentativa de intimidar e difamar mulheres através de ataques sexistas que deslegitimam a ação de congressistas, ativistas e jornalistas e colocam em risco não apenas a luta contra a corrupção, mas também o próprio sistema democrático.
Sendo mulher, é preciso ainda mais coragem para enfrentar a violência, o assédio, a extorsão sexual e continuar investigando a corrupção e lutando para ocupar a política no país. E nós seguiremos, neste #8M e em todos os outros dias, ocupando esses espaços". - @nicoleverillo.
As ameaças à democracia são reais. Mas tal qual no combate à corrupção, não é com abusos e xerifes que se vence o autoritarismo. Pelo contrário, assim ele se alimenta.
Há 5 anos Alexandre de Moraes relata o Inq. das Fake News, uma ação que já nasceu corrompendo a Justiça. 👇🏽🧶
O Inquérito das Fake News foi aberto em 14/03/19 pelo então presidente do STF Dias Toffoli, violando princípios centrais do sistema acusatório: foi aberto de ofício, sem dar acesso ao MP, designando Alexandre de Moraes como relator (sem sorteio) e com objeto totalmente genérico.
Genérico, o objeto “apurar fatos e infrações relativas a notícias fraudulentas (fake news) e ameaças veiculadas na Internet que têm como alvo a Corte, seus ministros e familiares” abriu portas para ações praticamente infinitas. Algumas com enorme repercussão.
O jornalismo investigativo trabalhou muito contra a corrupção em 2023. Elencamos algumas matérias que incomodaram corruptos poderosos no ano passado.
Siga o fio e entenda por que estes temas continuarão relevantes e repercutindo em 2024 e adiante🧵👇
📰 Tema: Impune e influente, a “campeã nacional” JBS volta às velhas práticas
O tema seguirá relevante em 2024, pois a impunidade da empresa é incentivo à continuidade das más práticas. Além disso, a JBS e sua holding J&F estão mais influentes do que nunca em todos os Poderes.
DESCONTO DE R$ 6,8 BILHÕES EM MULTA DA J&F PROVOCA CRISE NO MINISTÉRIO PÚBLICO (@malugaspar)
2019: Toffoli acatou pedido da defesa de Flávio Bolsonaro que contestava uso de dados do COAF. Com efeito sistêmico, a decisão resultou na suspensão de mais de mil investigações sobre corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado em todo o país. 🧶👇
2023: Toffoli acata pedido da defesa de Lula que contesta colaboração da Odebrecht e anula as provas entregues pela empresa. Com efeito sistêmico, a decisão resultará em impunidade generalizada em centenas de casos de um dos maiores esquemas de corrupção já revelados na história.
Em 2019, a decisão de Toffoli provocou reações de organismos multilaterais pelo grave descumprimento de compromissos assumidos pelo Brasil no combate à lavagem de dinheiro. Meses depois, o plenário do STF derrubou a decisão do ministro por 10 x 1.
Sob o pretexto de combater a “criminalização da política”, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, na calada da noite, o PL 2770/2023, de autoria da dep. Dani Cunha. Caso se torne lei, a medida representará mais um retrocesso no combate à corrupção no Brasil. Entenda o porquê: 🧶
O projeto visa criminalizar a recusa de serviços financeiros, como abertura de conta corrente e concessão de crédito, a pessoas expostas politicamente, as PEPs — termo para identificar pessoas que ocupam ou ocuparam funções públicas recentemente e seu círculo mais próximo.
Justamente por suas funções e responsabilidades, essas pessoas podem estar mais suscetíveis à lavagem de dinheiro. Por isso mesmo, elas, seus familiares próximos e estreitos colaboradores devem ser submetidos a critérios mais rígidos de transparência e integridade.
A nomeação de advogado pessoal ao STF contraria compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil sobre independência do judiciário, afronta o princípio constitucional de impessoalidade e trai a promessa de resgate das instituições democráticas.
A indicação de Zanin ainda contradiz o discurso de inclusão e aprofunda, ainda mais, a dívida brasileira com os segmentos sociais historicamente marginalizados e excluídos dos espaços de poder. Esta exclusão está também na raiz da corrupção sistêmica brasileira.
É fundamental que a sociedade brasileira promova amplo debate sobre a composição de seu tribunal constitucional, para que nossos representantes eleitos no Senado cumpram seu papel na defesa do interesse público e da democracia.
Decisões com grande impacto para o futuro do Brasil devem ser tomadas no Congresso Nacional entre hoje e amanhã e podem, além de violar direitos de povos indígenas, reforçar a impunidade sobre crimes ambientais. 👇🧵
O PL 490, prestes a ser votado, irá estabelecer um marco temporal para o reconhecimento de Terras Indígenas. Isso significa que povos indígenas que, por diversos motivos, estavam impedidos de ocupar suas terras em 1988, não terão direito à demarcação.