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O excelente @OurWorldInData é uma ferramenta que gera gráficos sobre diversas variáveis mundiais. Eles têm uma extensa seção sobre covid-19

Siga aí a #aulacordel pra conhecer algumas representações gráficas interessantes sobre a mortalidade desta doença no Brasil e no mundo.
Foco apenas nas mortes, porque, apesar da subnotificação brasileira (falaremos disso ao final), trata-se de dado mais confiável do que o número de casos no total.

Há menor chance de um paciente grave não ter sido testado do que alguém da população geral ou até um doente leve.
Outra opção foi focar no número de mortes por milhão de habitantes (o nome técnico é 'coeficiente de mortalidade específico) ao invés dos dados brutos que estamos acostumados a ver todos os dias nas notícias, já que estamos olhando países com populações tremendamente díspares.
Vejamos a primeira imagem, um mapa mundial do número total de casos por milhão de habitante.

A taxa brasileira registrada é de 5,3. O coeficiente mundial é cerca de 14 por milhão. Espanha (1º lugar) e Itália atingiram catastróficos 349 e 322, respectivamente.
Em um panorama das Américas, estamos mais ou menos no meio. O cenário mais preocupante, de longe, é o dos EUA com uma taxa de 62/milhão. Canadá e Equador têm em torno de 17, a República Dominicana 12 e o Peru, com medidas recentes bem mais restritivas, está próximo do Brasil.
Como os países estão em fases diferentes da pandemia, vale a pena olhar o caminho de crescimento das taxas de mortalidade.

Selecionei alguns países neste gráfico. Atenção, o eixo vertical está em escala logarítimica. Se não sabe o que é isso, leia aqui: pt.wikipedia.org/wiki/Escala_lo…
O Brasil está bem no meio do gráfico, com a duplicação do número de mortes mais ou menos a cada quatro dias.

Podemos ver aqui como as curvas de casos acumulados da Espanha e da Itália começam a se achatar. As da China e da Coreia do Sul já estão achatadas há um tempo.
A Austrália, que mistura um bloqueio social intenso com o isolamento geográfico, parece estar dando conta, até agora, de um grande pico inicial. O medo por lá são das demais ondas (como aconteceu com eles na gripe espanhola).

theguardian.com/world/2020/apr…
A Suécia, tida como modelo de isolamento vertical de Osmar Terra, o deputado enamorado com cargo de Mandetta, até agora segue perigosamente o caminho da Itália.

Os EUA, que demoraram a tomar medidas mais restritivas também por força de seu presidente, seguem em franca expansão.
Em nosso continente, a Argentina - que levou tremendamente a sério as recomendações de quarentena - parece estar colhendo resultados sanitários positivos.

O cenário mais grave na América, por outro lado, é o do Equador, que segue os passos do Irã.

oglobo.globo.com/mundo/depois-d…
A ferramenta do @OurWorldInData permite alguns cruzamentos interessantes. Um dele é o gráfico de dispersão cruzando o número de casos por milhão x a renda (PIB) per capita.

Aqui, tanto o eixo horizontal quanto o vertical estão em escala logarítimica.
Logo se vê que o Brasil está embolado no 'meião' do gráfico. Isso significa que tanto as taxas de mortalidade por covid-19 são médias quanto o país é um daqueles que se chama de 'renda média' (nem pobre, nem rico).

A maioria dos países com muitos casos são de alta renda média.
Isso significa que ainda em abril de 2020 a covid-19 é uma doença que mata mais em países ricos, em geral.

O cenário provável, infelizmente, é que esse gráfico irá se transformar de maneira assustadora quando a epidemia se disseminar pelos países pobres na África, Ásia e AL.
Para concluir nosso passeio de gráficos recentes sobre a covid-19, vamos olhar como mudaram as taxas de letalidade de alguns países do mundo.

A letalidade de uma doença indica o percentual de quantos pacientes com o diagnóstico morreram.
Antes de interpretar os dados de letalidade, é importante saber que eles são ainda mais influenciados do que os de mortalidade pelas taxas de testagem.

Quanto menos você testa, maior é a chance de uma letalidade maior (aumenta-se a chance dos casos mais graves serem testados).
A Alemanha e a Coreia do Sul, por exemplo, tem taxas altíssimas de testagem (acima de 10 mil por milhão).

Se o sistema de saúde colapsou - o que aconteceu na Espanha e na Itália - a letalidade tende a ser mais alta.

A média mundial de letalidade tem sido em torno de 6,2%
O Brasil apresenta uma taxa de letalidade de 5,4% que segue preocupantemente crescente.

E aqui, mais do que em qualquer outro dado, é preciso tomar cuidado, já que, como já mencionei, estamos testando pouco, MUITO pouco.
A taxa de testes por milhão de habitantes no Brasil é de 296.

Dos 30 países com mais casos de covid-19, só testamos mais que a Índia (que tem mais de um bilhão de habitantes).

Mesmo países sul-americanos estão testando ridiculamente mais do que nós.

worldometers.info/coronavirus/#c…
Nesse contexto vale fazer então duas perguntas:

1) Será que realmente nós nos preparamos bem para essa pandemia? Faltam testes, respiradores, EPIs.

2) Sem reagentes não podemos testar adequadamente. O quanto isso se deu pelo desprezo pelo financiamento à pesquisa?
Dito isto e feito este pequeno tour pelos lindos - e terríveis - gráficos do @OurWorldInData, faço duas recomendações.

A primeira é, se ler inglês, que você explore o portal de covid-19 do site: ourworldindata.org/coronavirus
O outro ponto é o mesmo de SEMPRE: fique em casa.

Olhando estas imagens e se informando sobre as medidas que cada país tomou e está tomando, a melhor solução sanitária, por mais dolorida e problemática do ponto econômico que seja, ainda é manter e ampliar a quarentena.
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