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Quando a peste negra atingiu o continente europeu, lá por volta de 1347, os médicos não demoraram a perceber que o contato com os doentes e com os corpos dos mortos não deveria acontecer.

A ciência era incipiente e não havia meios de comunicação de massa.
Mesmo assim, as pessoas atenderam às orientações dos médicos.

Pararam de fazer velórios, de ficar ao lado dos doentes; começaram a queimar os corpos e os pertences dos mortos.

Quem pôde se isolou no campo, longe de aglomerações.
Quando a Gripe Espanhola, que surgiu nos EUA, tomou conta do planeta em 1918, os médicos logo desconfiaram das prováveis formas de transmissão.

Recomendaram isolamento e que não se fizesse aglomerações.

1918, já com jornais, rádio e telégrafo, capazes de rodar o mundo.
Mesmo com a ciência já em estado mais avançado, mesmo com meios de comunicação em massa acessíveis a muitos, houve quem discordasse das recomendações dos médicos.

Na Filadélfia, as autoridades mantiveram um desfile militar que reuniu 200 mil pessoas. Resultado, 16 mil mortes.
Aí chegamos em 2020, época dos carros voadores, das colônias em Marte, do desbravamento de todos os mistérios científicos, e nos deparamos com a pandemia do Covid-19.

Imediatamente é sequenciamento do DNA, descoberta das prováveis formas de contágio.
Temos acesso a toda a informação em tempo real, em qualquer celular... Temos os mais variados meios de comunicação ao nosso dispor... Temos cenas chocantes vindas de todos os locais do planeta...

Os médicos novamente recomendam isolamento, evitar aglomerações...
Corpos enfileirados na Itália, corpos nas ruas do Equador, pessoas pedindo socorro nas portas de hospitais...

E mesmo assim, se multiplicam os idiotas que acham não ser nada, que acham ser um exagero e uma desnecessidade... Que acham que a economia vem antes da vida.
"Não existe vida sem comércio...", foi algo assim que se disse por aqui...

De fato, acho que estamos emburrecendo com o tempo. De 1347 para cá, parece que não só não aprendemos com nossos erros, como ainda fazemos questão de duvidar dos nossos acertos.

Triste desumanidade.
Em uma manifestação nos Estados Unidos, um cartaz mostrava a frase:

"Sacrifiquem os mais fracos..."

Se fosse assim, teríamos que começar sacrificando quem carregava o cartaz, porque é justamente nossa humanidade que nos faz forte.

Desculpem o desabafo, hoje foi pesado.

Fim
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