Li, pensei e continuo com a mesma conclusão: se ele não soltar mais nada (o que talvez faça hoje ou amanhã), o que tem até agora é muito fraco.
(segue o thread)
Esse tese, no entanto, não tem absolutamente nada a ver com a saída de Moro.
Logo, se Moro tiver realmente provas...
Obviamente, isso não combina com o personagem. Logo, não..
A acusação mais séria da coletiva é que Bolsonaro queria um delegado com quem ele quisesse conversar e que lhe enviasse relatórios. Essa parte é mais complicada.
Além disso, em todo país, o chefe de estado...
Resumindo: Bolsonaro tem a autoridade e o direito de escolher um delegado de sua confiança para o cargo. Se ele estava insatisfeito com a direção atual, ele poderia trocá-lo. Até aí, não há nada ilegal no caso.
Ora, mas a indicação de qualquer cargo é SEMPRE política. Afinal, não existe uma técnica...
No fim das contas, Moro tinha indicado um monte de gente para vários cargos da confiança dele e...
Ou seja, até aí, não houve nada de ilegalidade. Foi apenas uma disputa de poder interna entre os dois. Moro não aceitou deixar de ser "super-ministro" e ver sua carta branca ser reduzida...
E, novamente, até aí é só disputa interna de poder. Pura...
Bom, mas aí tem o print que Moro vazou. E eu entendo que a imagem da coisa é péssima. Mas ele está longe de ser conclusivo, pelos seguintes motivos.
Porém, o grande problema é o seguinte: a própria investigação é questionável.
E a investigação tem dois grandes problemas: tanto na fonte quando no alvo.
O objetivo da investigação torna a coisa ainda questionável. Embora de fato existam práticas imorais e ilegais na internet (uso de robôs, disseminação de fake news), é muito perigoso estabelecer...
A liberdade de expressão permite erros, mas é uma arma importantíssima para a democracia.
O objetivo dessa conexão me parece óbvio: provar que as manifestações nas ruas ou nas redes pró-Bolsonaro são ilegítimas e tirá-lo da presidência.
Além de não haver indícios de que Bolsonaro estava impedindo investigação alguma com a substituição do delegado (já que ele não estava encarregado dessas investigações), a própria investigação NÃO é sobre...
Isso nos leva a questões bem mais complexas (que eu já tratei em alguns textos e que o @silviogrimaldo fala bastante)...
Em uma situação normal, o aparato técnico do governo garante que a máquina continue funcionando, enquanto o aparato político é o campo onde os valores e interesses são discutidos e negociados. Por exemplo....
No entanto, no Brasil, há sempre a pressão para que isso seja decidido "tecnicamente", sufocando a parte democrática do sistema.
(Cheguei no limite. Continuo já)
Um grande problema do sistema brasileiro é justamente essa confusão entre a parte política e as instituições. Isso é alimentado pelo resquício de positivismo, que faz com que as pessoas acreditem que é possível ter respostas técnicas sobre questões políticas.
Eu vejo sinais de que é isso que está acontecendo nos inquéritos do STF. Mais um sinal da politização do órgão.
Foi exatamente por isso que ele convidou Moro: além do simbolismo da luta contra a corrupção, Moro se encaixava nesse perfil.
Bolsonaro percebeu que estava cercado de inimigos e que a pressão estava aumentando. E, no momento do aperto, ele percebeu que Moro não estava com ele.
Na prática, ele sempre voltava aos tais critérios técnicos. Porém, isso não era mais suficiente. Agora ele...
Creio que esse foi o verdadeiro motivo da saída. Havia uma distância entre Moro e Bolsonaro. Isso é mencionado nas mensagens de Carla e apareceu...
Me parece que o próprio Moro continuou tentando agir como um tecnocrata por excelência: ficar fora da briga política, mantendo boas relações com todas as instituições, preservando a própria reputação como seguidor de regras.
Existe um monte de coisas questionáveis em sua narrativa. A maior foi insinuar que o governo de Dilma teria menos interferência..
Porém, ele fez parte DESSE governo e prendeu um monte de gente do...
Para completar, ainda teve o tal pedido de pensão para a sua família e as declarações de que vai procurar emprego porque não enriqueceu na política. Embora faça algum sentido falar nisso, fica parecendo um pouco...
Ele viu uma oportunidade de subir de nível e ficou seduzido com a ideia...
No entanto, ele acabou entrando -- e entrou contra quem lhe deu o cargo.
Ao perceber que o governo estava por um fio, Moro deve ter percebido que seu ultimato era uma oportunidade para sair...
Ele deve ter discutido isso nas ligações com Maia, membros do STF, etc. O pessoal deve ter dito: "caia fora agora, proteja a sua biografia, senão você vai ter que defender o governo durante um processo de impeachment".
Ou seja, longe de ter sido uma decisão por critérios legais ou técnicos, ele mudou de grupo político.
Como falei ontem, essa insistência tecnocrática revela ingenuidade (não saber como a política funciona) ou duplicidade (se fazer de técnico para ganhar vantagens...
Estou achando cada vez mais que é provável que seja o segundo caso.
O resumo da história é simples: Moro sentiu que o governo ia cair e decidiu ajudar a derrubá-lo para ficar melhor na fita.
Como o povo diz, para Bolsonaro, a saída de Moro foi um livramento.