Os testes de quem contraiu COVID-19 em NY geram algumas implicações importantes sobre a letalidade do vírus. Segue um fio sério sobre como só reforça as estimativas e a necessidade de cuidado. E mostra como a COVID-19 mata bem mais do que a gripe.
A letalidade que vemos estimada para cada país é a fatalidade por casos conhecidos. Ela não leva em conta quem tem COVID-19 mas não tem sintomas ou mesmo quem tem sintomas mas não foi testado. Por isso pode ser tão alta e tão variável, depende de testes. ourworldindata.org/covid-mortalit… 
O estado de NY fez algo diferente, testou quantas pessoas tinham anticorpos contra a COVID, ou seja, estimaram quantas pessoas devem ter sido infectadas no total, com ou sem sintomas. Chegaram em números de 20-25% de infectados nos lugares mais atingidos newyork.cbslocal.com/2020/04/27/cor…
Com isso chegamos em um outro número, que é a fatalidade por infecções (IFR), o equivalente à mortalidade "total" pelo vírus, levando em conta todo mundo que pega. Para a gripe, seria algo como 0,04% se levarmos em conta quantas pessoas pegam gripe no ano:
Com o teste pra COVID em NY, a estimativa fica em torno de 0,5 a 0,6%. Como o @neil_ferguson explica aqui, essa taxa pode ser maior em lugares com mais idosos. A estimativa dele para o Reino Unido é de 08 a 0,9%: unherd.com/thepost/imperi…
O que ainda reforça que a COVID-19 mata entre 10 a 20x mais do que a gripe comum. Não é "só uma gripe". Sem contar as internações. E quer dizer que países que apontavam no contrário como a Suécia podem pagar caro.
E quer dizer que, no melhor dos cenários onde imunidade de rebanho funciona (e não temos evidências de que vai funcionar) e com 70% da população infectada o vírus "vai embora", ainda vão morrer *pelo menos* entre 0,6 e 0,9% dos infectados sem colapso do sistema de saúde.
Quem conta com imunidade de rebanho como proteção aceitou pelo menos 900 mil mortes no Brasil (142 milhões infectados com 0,6% de fatalidade). Sem imunidade de rebanho, mais de 90% das pessoas pegariam o vírus. Com colapso do sistema de saúde, mortalidade pode dobrar.
Sem fazer nada, essas mortes aconteceriam todas juntas em alguns meses por conta da doença e do colapso. Fazendo muito, ainda podemos ter as menores estimativas de mortes (sem colapso) enquanto o vírus continuar circulando, ao longo de anos e não meses.
O único jeito de realmente impedir as mortes é vacina ou um novo tratamento. Minimizar os casos até termos qualquer um dos dois disponível é o caminho pra ter o menor número possível de mortes.
