Quando saiu a pesquisa Atlas do @elpais_brasil, eu preferi aguardar outra pesquisa. O Datafolha veio com índices ruins, mas nem tanto para Bolsonaro, mas indica a mesma curva violenta de queda de apoio e aumento do apoio do impeachment. Mas tem mais (1/12).
Como era de se esperar, Celso de Mello abriu inquérito sobre o Morogate. Mello é o ministro mais velho do STF e se aposentará ainda este ano - e ele representa, agora, uma Corte totalmente unida, como raras vezes esteve, contra os abusos e ameaças de Bolsonaro (2/12).
Como Moro tentou explicar a Bolsonaro, a questão da investigação das fake news está sob a batuta de Alexandre de Moraes, o que ele próprio informou com pesar ao ex-chefe, e isso envolve Carlos Bolsonaro (3/12).
Já a questão de Flávio Bolsonaro, revelada há pouco pelo @TheInterceptBr estava na gaveta do MP carioca. E não andava. É pesadíssima, porque envolve indícios de envolvimento orgânico dele com a milícia, no que diz respeito aos seus negócios (4/12).
Coincidentemente, a justiça autorizou ao Estadão ter acesso ao exame de Covid-19 que Bolsonaro fez, o que pode ser bombástico. Enfim, Bolsonaro, em duas questões, e seus dois filhos estão na mira (5/12).
Tudo isso de uma vez? Sim. A questão é que Bolsonaro cruzou linhas nos últimos dias, quando se achou triunfantemente vitorioso por derrubar Mandetta, ter feito um ato contra a democracia e ter feito o grande capital enquadrar os governadores (6/12).
Bolsonaro subestimou o STF e o aparato de Justiça ameaçado diretamente. Como subestimou o avanço mortífero da pandemia. Como subestimou os delegados da PF. Mas superestimou a disposição de Moro lutar contra tudo isso aí pelo seu bem e ao custo da imagem que ele ainda tem (7/12).
Moro se demitiu justamente porque era alguém indemissível. Mandetta não se demitiu por falta de presença de espírito, mas também por sempre ter sido alguém indemissível. A bola da vez é a ministra da agricultura, sobretudo depois do aceno chinês para a soja americana (8/12).
Bolsonaro foi atingido e tem de recuar ou renunciar. O problema é que ele não levará isso a sério até ter um filho preso. E se tiver, possivelmente, irá atacar. Se quer entender a economia psíquica de um sujeito desses, vá lê "Perdoa-me por me Traíres" de Nelson Rodrigues (9/12).
Bolsonaro conseguirá vencer todos? Depende. O pior de todos os setores que ele provocou são os delegados da PF, que escapariam à mão caso ele tentasse agarra-los. Meus 20 cents é que ele vai para a Batalha de Berlim, mesmo com seu exército combalido e derrotado (10/12).
Por quê? Porque o F A S C I S M O é suicidário. Não foi a biografia de Hitler que nos diz isso, mas o exato contrário: a natureza desejante do F A S C I S M O que explica a sua biografia e como ele quase levou junto todo seu país (11/12).
Bolsonaro deixou seus adversários acuados com uma única saída: o atacar. E agora, que ele tem uma saída, tampouco ele recua e renuncia, porque talvez queira essa aniquilação política ou queira implodir tudo à volta e essa batalha final é e nosso destino, um Ragnarok (12/12).
P.S.: e os militares? Isso merece um thread à parte. Mas em resumo, eles construíram essa aventura Bolsonarista supondo que isso iria lhes permitir uma redenção. Não vai. E quanto mais o tempo passa, mais eles estão criando suas Malvinas só que em forma de peste.
*vá ler.
