Depois de conversar com parentes, minha impressão é que no Canadá ninguém se isolou tanto quanto algumas pessoas no Brasil.
No Braza, tudo é na base do 8 ou 80: ou lockdown ou bloco de carnaval.
No Braza, tudo é na base do 8 ou 80: ou lockdown ou bloco de carnaval.
Não parece haver nenhuma capacidade de pensar no longo prazo. A sociedade pula de crise para crise, sempre alvoraçada com a última emergência.
O impacto emocional também é bem mais exagerado no Braza: vejo cada vez mais relatos de crises de choro, pânico, depressão, além de observar a agressividade crescente nas redes sociais.
Cada vez mais me parece que esse período deixará muita gente traumatizada no mundo todo, mas provavelmente será pior no Brasil.
É uma sociedade com pouca "habilidade de enfrentamento", que frequentemente alterna entre a passividade e o desespero.
É uma sociedade com pouca "habilidade de enfrentamento", que frequentemente alterna entre a passividade e o desespero.
A principal coisa que se pode fazer nesse cenário é se esforçar para adquirir uma personalidade sólida e amparar o seu grupo imediato.
Não fique louco, nem enlouqueça os outros. Você pode ser uma fonte de força e solidariedade.
Não fique louco, nem enlouqueça os outros. Você pode ser uma fonte de força e solidariedade.
Boa parte da mídia opera exatamente com o princípio contrário, aliás. Sob o pretexto de fiscalizar os políticos, tentam deixar todo mundo em pânico e enfurecido o tempo inteiro.
Muitas pessoas parecem não ter entendido o que eu quis dizer: sim, o Canadá tomou medidas de restrição do movimento. Eu falei lá em cima que "algumas pessoas no Brasil" foram além do mero "distanciamento social" e entraram em isolamento completo.
O debate brasileiro não está conseguindo distinguir entre lockdown, quarentena, distanciamento social, etc., assim como não parece ver meio-termo entre o governo tomar o controle total da sociedade e a sociedade se adaptar gradualmente.
O governo de Ontário determinou várias medidas de distanciamento, mas as pessoas ainda estão andando na rua, fazendo exercício, etc.
Muitas lojas e serviços se adaptaram (as pessoas pagam online e vão buscar o produto em uma área de entrega, por exemplo).
Muitas lojas e serviços se adaptaram (as pessoas pagam online e vão buscar o produto em uma área de entrega, por exemplo).
Não estou dizendo, aliás, que eles adotaram a medida perfeita. Estou apenas dando um exemplo de medida intermediária.
O isolamento completo e total, cada núcleo familiar separado, só é sustentável por pouco tempo. É preciso pensar em algo viável em prazos mais longos.
O isolamento completo e total, cada núcleo familiar separado, só é sustentável por pouco tempo. É preciso pensar em algo viável em prazos mais longos.
Acho mais viável pensar em "bolhas sociais" maiores ou menores dependendo do apetite ao risco e da necessidade.
O problema, claro, é que sempre vai ter alguém que vai aproveitar a medida mais branda para enfiar o pé na jaca.
O problema, claro, é que sempre vai ter alguém que vai aproveitar a medida mais branda para enfiar o pé na jaca.
Esse é o problema da tensão entre comportamento anti-social e intervenção estatal. Um alimenta o outro.
No mesmo sentido, medidas rígidas demais, por tempo indeterminado, incentivam a revolta da população e o abandono total das medidas.
No mesmo sentido, medidas rígidas demais, por tempo indeterminado, incentivam a revolta da população e o abandono total das medidas.
