Vocês estão acompanhando o caso #procurasejoaopedro né? Jovem negro, 14 anos, alvejado pela polícia dentro de casa em São Gonçalo e desaparecido desde então, levado por quem o alvejou.
Esse doloroso fato nos aponta questões graves sobre as ações da polícia nas favelas do RJ (+)
Esse doloroso fato nos aponta questões graves sobre as ações da polícia nas favelas do RJ (+)
Seu primo postou um pedido de ajuda, querendo encontrar o João Pedro que estava em casa e foi alvejado pela polícia durante um confronto entre polícia e tráfico na Praia da Luz, em São Gonçalo. E é sobre esse #EMCASA que eu quero me aprofundar, pois é grave demais essa fato (+)
A postagem desesperada do primo aponta que durante a operação e confronto, traficantes pularam na casa onde estava o #procurasejoaopedro. E sem o mínimo cuidado, a polícia abriu fogo, alvejando-o e depois tirando-o de lá. E ele segue DESAPARECIDO.
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Várias vezes na vida eu vi policiais invadindo casas de pessoas tentando sobreviver em algum confronto e também jovens envolvidos com o tráfico fazendo o mesmo. Não vou defender lado algum, mas o estado é quem deve proteger e servir, o que na prática nunca aconteceu... (+)
Operações policiais não fazem sentido, menos ainda em situação de pandemia, onde a Organização Mundial da Saúde indica que as pessoas devem #FiqueEmCasa para evitar contágio e proliferação do #COVID19. Então realizar operação e provocar confronto, nessa situação É UM ABSURDO! (+)
Eu tenho 31 anos e toda a vida vi operações. Nada mudou, a violência aumentou e a corrupção disparou, inclusive dentro da própria polícia. Então a operação só tem dois sentidos. 1) controle violento de corpos negros. 2) Vender a violência ao negro como “segurança” pro privilégio.
Gente, 31 ANOS. Minha idade. E sempre aconteceram operações e a realidade nunca mandou. É que não é para mudar. Aliás, a ideia se “segurança pública”, ou apenas “segurança” é ainda hoje um dos maiores mercados financeiros do planeta. Então o correr do nosso sangue vale grana (+).
Desde as pequenas trocas financeiras diretas (aluguel de blindados da polícia para facção, venda de armas apreendidas de uma facção para outra e até venda de pessoas de certa facção para a rival), até as grandes articulações que valem até governos e presidência. (+)
Ou seja. NÃO EXISTE GUERRA AS DROGAS, pois essa “guerra” tem recorte racial e social, tem endereço onde crianças “podem” ser alvejadas como aconteceu com o #procuraseporjoaopedro hoje ou chacinas como da última sexta no Complexo do Alemão. (+)
... já as drogas estão por todos os endereços, principalmente os nobres e ricos. Então se guerra só vale ser aplicada em certa realidade. Isso aponta que também não existe segurança pública, já que nós da favela somos vistos como inimigos da ideia de segurança das elites. (+)
Sendo assim, o que aconteceu no Complexo do Alemão semana passada e hoje em Acari, São Gonçalo e tantas outras periferias, são o resultado explícito do abismo social e racial desse país. A vergonha rotineira da hipocrisia nacional. O Brasil real e privilegiado sedento por sangue.
Vou repetir. É grave o que está acontecendo. Operação policial diante do isolamento social é usar da pandemia para cometer mais violência. É inaceitável, um absurdo diante do terror da subnotificação, das mortes pelo vírus, da sede e da fome presentes, ainda ter operação? Sério?
Vamos deixar a hipocrisia ser por regra a guia de tudo isso? Porque você e eu podemos até não concordar, mas é óbvio que sabemos que a corrupção histórica deste país põe armas ilegais na mão de pessoas civis e que operações incitaram imediatamente o confronto. (+)
E tendo ações que indicam o confronto como única forma de agir, porém apenas em territórios específicos, é o mesmo que sinalizar que está ok se nossas crianças forem alvejadas ou morrerem. Operação não faz sentido. É preciso garantir perspectiva nas favelas e periferias.
