Afinal, o que dizem os estudos publicados sobre a cloroquina? E por que NÃO é possível dizer ainda que o medicamento é eficaz e seguro na luta contra a covid-19?
A @julianagragnani foi atrás dos estudos e fez resumo do que temos até agora. Siga 👇 #Thread
A @julianagragnani foi atrás dos estudos e fez resumo do que temos até agora. Siga 👇 #Thread
Lembrando que a cloroquina é usada para tratar a malária; já seu derivado, a hidroxicloroquina, para artrite reumatoide, lupus e outras doenças autoimunes. Os efeitos adversos clássicos já conhecidos são a aceleração do ritmo do coração, hipoglicemia e toxidade cardíaca.
A hidroxicloroquina foi vista com esperança por causa do 1º estudo in vitro na China. 🇨🇳 Ela foi testada com sucesso em cultura de células. Mas o resultado em laboratório ñ se traduz necessariamente quando aplicado em humanos. Para concluir eficácia, é preciso estudo clínico
Outro estudo publicado na França 🇫🇷 anunciou resultados positivos. A pesquisa analisou o uso associado ao antibiótico azitromicina e concluiu que o tratamento diminuía a carga viral em pacientes. Mas a pesquisa francesa foi desacreditada pela comunidade científica. +
Por que? Houve críticas ao número reduzido de pacientes (apenas 36), à comparação pouco rigorosa entre grupo de pacientes e à medição de resultados. O estudo não analisou se o paciente melhorou, piorou ou morreu, mas, sim, por quanto tempo o vírus era detectado.
🇧🇷 No Brasil, um estudo preliminar sobre o uso de cloroquina para tratar pacientes com sintomas de covid-19 foi interrompido depois que 11 pessoas morreram. Segundo pesquisadores, altas doses poderiam levar a quadros severos de arritmia ou batimentos cardíacos irregulares.
E, por fim, duas grandes pesquisas recentes publicadas em periódicos científicos jogaram um balde de água fria. Ambas foram observacionais — feitas com um olhar posterior aos dados de pacientes tratados e, portanto, também com poder científico menor que ensaios clínicos.
Os dois estudos, porém, foram com um número elevado de pacientes e feito com revisão por pares de respeitados periódicos científicos, e, portanto, são mais robustos do que os estudos menores publicados até então. +
Um deles analisou 1.438 pacientes e não encontrou redução de mortalidade. O outro examinou 1.376 pacientes moderados ou graves. 58,9% foram medicados com hidroxicloroquina. Não houve evidência de que o medicamento influenciou na redução de mortes ou intubações.
Estudos com metodologia mais completa ainda devem ser publicados. Há mais de 150 ensaios científicos registrados em bancos de dados internacionais. Para os detalhes desses estudos publicados até então, acesse a reportagem: bbc.com/portuguese/bra…
Entre os poucos líderes mundiais que defendem publicamente o uso do medicamento, estão os presidentes de Brasil, Bolsonaro, e Venezuela, Nicolás Maduro. bbc.com/portuguese/bra…
Já o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que está tomando hidroxicloroquina preventivamente, contra a recomendação de seu próprio governo bbc.com/portuguese/int…
