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Identidade e política: como fazer uma crítica à esquerda sem reforçar discriminação e vieses? Um fio longo. 1/12
2/12: Por que identidades incomodam? 1) "Uma identidade é questionada apenas quando é ameaçada, como quando os poderosos começam a cair, ou quando os miseráveis começam a subir, ou quando o estrangeiro entra nos portões, e nunca mais a partir de então um estranho: ...
3/12: ... a presença do estrangeiro faz de você o estrangeiro, menos para o estranho do que para si mesmo." (James Baldwin, 1976). Ou seja, falar em identidades incomoda privilegiados porque questiona o universalismo de sua visão de mundo, porque "os outros" começam a falar.
4/12: Falar em identidades não é o mesmo do que falar em individualismo. Aider critica identidades no livro "Mistaken Identity" não para o seu apagamento, mas para resgatar identidades como luta coletiva. Falar em oprimidos é falar em luta contra opressão. theintercept.com/2018/06/01/pol…
5/12: É possível criticar identidades sem cair no paternalismo do homem branco que silencia vozes "diversas" como "apenas identitárias", de um lado, e sem cair no individualismo que igualiza identidade à performance individual sem luta coletiva, de outro.
6/12: Esquerdas brancas precisam refletir sobre como os seus próprios discursos reforçam a identidade branca. Aqui o livro "White Identity Politics" da Jardina (Cambridge, 2019) é importante. Nos EUA 30-40% brancos se identificam como tais e assim votam. cambridge.org/core/books/whi…
7/12: Direita nos EUA reforça identidades brancas, em especial opondo direitos de trabalhadores brancos a de negros/migrantes/latinos, via xenofobia. Isso porque nos EUA, diferentemente do Brasil, brancos são maioria, em declínio (vide Eric Kaufmann, Whiteshift)
8/12: Aqui mora a dificuldade de importar, de forma acrítica, categorias dos EUA para o Brasil. Demografias são diferentes (negros são maiorias aqui, p.ex.) e sistema eleitoral é diferente (Trump perdeu no voto popular e Bolsonaro tem uma base pequena de apoio entre negros/as).
9/12: Um dos principais autores que críticos de identidades lêem no Brasil é Mark Lilla, que até participou do Roda Viva. Lilla, no entanto, minimiza o fato de que as bases fortes de resistência hj nos EUA e aqui são mulheres e negros (p.ex. black lives matter e coalizão negra)
10/12: Pensar identidades na política não precisa significar opor nós vs. eles, apagar identidades ou igualizar lugar de fala com luta política. Significa pensar futuros e políticas compartilhadas que não usem o homem branco privilegiado como ente que tem direito nato à política.
11/12: Por exemplo, significa interseccionar identidade em políticas públicas. Pensar racismo na violência policial, pensar reparação para escravidão, priorizar mulheres em políticas de renda básica familiar (vide bolsa família), incluir pessoas trans na empregabilidade.
12: Conclusão, afinal. Num país profundamente racista, misógino, lgbtfóbico e outros, brancos precisam reconhecer a todos os outros como iguais. E as esquerdas precisam parar de achar que interesse nacional pode ser construído sem somar quem é maioria neste país.
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