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Com muita frequência nos perguntamos: será que o Brasil está para virar uma Venezuela?

E, assim, não percebemos algo que lentamente vem ocorrendo nas últimas três década de Nova República.

Somos cada vez mais parecidos com os Estados Unidos.
Porque os EUA têm o maior PIB do mundo e controlaram boa parte da geopolítica na segunda metade do século 20, não costumamos fazer esta comparação. Economicamente a distância é grande.

Mas sempre houve, e foram estudados, pontos importantes de contato.
Somos os únicos países continentais, no Novo Mundo, vastamente populados e com uma cultura que nasce do encontro de povos nativos, europeus brancos e africanos trazidos como escravos.

Só que nos anos de Nova República duas transformações profundas reforçaram a semelhança.
Uma é o brutal enriquecimento do Brasil agro-sertanejo, que tornou sua cultura dominante e fez sua importância política crescer muito.

Outra é a relevância assumida, nas periferias urbanas, por uma cultura neopentecostal que chegou com muita força.
Estes dois acontecimentos paralelos, ainda muito pouco estudados, trazem para o Brasil uma diversidade cultural só vista nos EUA. E, pelo choque de valores o velho Brasil litorâneo, produziram como lá uma Guerra Cultural na qual estamos embrenhados até a medula.
Com a diferença de que, aqui, raramente lemos o fenômeno pelo que é: antes da polarização política vem uma Guerra Cultural.

Lá a polarização política é vista pelo prisma da Guerra Cultural o tempo todo.
Este não é o único ponto. Como ocorre nos EUA, também aqui o passado da escravidão a toda hora transborda na forma da violência policial, portanto institucional, contra negros. Em geral homens. Em geral jovens.

É um traço americano como é um traço brasileiro.
Neste mundo que calhou de eles terem Trump e nós Bolsonaro, estas semelhanças se tornam ainda mais evidentes.

Mas há ainda uma diferença relevante.

Nos EUA, as Forças Armadas entendem seu papel como o de defesa da nação.
No Brasil, como uma república das bananas qualquer, as Forças Armadas continuam 130 anos depois a se perguntar se não têm também uma vocação imaginada de organizar país.

Não são todos. Mas esta mentalidade que só existe no terceiro mundo ainda aparece aqui e ali.
Bolsonaro ainda explora este bug na mentalidade de alguns no Exército.

Este espectro militar provavelmente passará.

Mas as diferenças culturais, não. Elas continuarão. E precisaremos parar para compreendê-las para muito além do debate esquerda e direita.
Porque a política partidária é reflexo delas.

Não o contrário.
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