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Parece que os protestos que vimos ocorrendo no último domingo pelo mundo acenderam a chama da revolta no Brasil. Dos bandeirantes de São Paulo, agora há quem pense em jogar a estátua da Princesa Isabel no mar. #PrincesaIsabel #antifa #vidasnegrasimportam #blacklivesmatter
Isso é estúpido, digno de gente ignorante, é passar recibo de desconhecer a história nacional. Isabel esteve sim envolvida com os abolicionistas. As camélias, que até hoje entram em floração em sua antiga casa de Petrópolis, são um símbolo disso.
Remetem ao Quilombo do Leblon de onde chegavam essas flores para ela. É uma mentira que ela apenas assinou a lei, é uma mentira que isso foi feito por pressão da Inglaterra. É errado e imoral desconhecer a história do seu país.
Para falarmos especificamente da princesa, em 1887, ela assumiu a regência pois o seu pai, o imperador d. Pedro II, estava em péssimas condições de saúde e foi se tratar na Europa. Ela herdou o gabinete do pai, liderado pelo barão de Cotegipe.
Desde o início, ela e o marido, o conde D’Eu, pressionaram Cotegipe a fazer passar uma lei que abolisse totalmente a escravidão no Brasil. Se nas outras duas regências não interferira diretamente na condução dos negócios de Estado, dessa vez foi bem diferente.
A família imperial, por décadas, além de ter conseguido fazer passar junto da Lei do Ventre Livre a libertação dos escravos da Coroa, ajudava com dinheiro a causa abolicionista para a compra de cartas de alforria.
No final da década de 1880, diversas províncias já estavam realizando as suas próprias abolições, e o governo central ainda não sinalizara um empenho para acabar nacionalmente com o problema. D. Isabel, em diversas reuniões com o presidente do conselho, externou suas preocupações
Achava tudo demorado, queria uma lei ampla e irrestrita. Via até mesmo como próxima, caso isso não fosse feito, a secessão dos estados abolicionistas do restante do país. Mas o barão não enxergava a mesma urgência e não tinha vontade alguma de tratar sobre o assunto no momento.
Uma crise entre a polícia da corte e alguns militares levou à queda do Gabinete Cotegipe. Uma vez que os conservadores ainda formavam a maioria do parlamento, a tradição brasileira, iniciada com d. Pedro II, era que o primeiro-ministro demissionário indicasse o seu sucessor.
A princesa regente não aceitou a indicação do barão de Cotegipe para o seu substituto; em vez disso, procurou dentro do Partido Conservador alguém disposto a levar adiante a lei da libertação dos escravos. Essa pessoa foi o Conselheiro João Alfredo
Senador pernambucano e um dos responsáveis pela aprovação da Lei do Ventre Livre. Ele organizou o novo gabinete e conseguiu fazer passar a lei em tempo recorde Em 13 de maio de 1888, foi assinada por d. Isabel a Lei Áurea, que pôs um fim geral à escravidão no Brasil.
A ideia do projeto inicial, escrito pelo ministro da Fazenda, conselheiro Antônio Prado, era fixar os escravizados na terra por dois anos após a data da lei. Mas o projeto passou declarando todos livres, sem a obrigação de o escravo trabalhar por mais tempo para seus senhores
Muito menos com a obrigação dos senhores serem indenizados pelo que consideravam como perda de sua propriedade pelo Estado. D. Isabel, numa carta para seus filhos, deixou claro que se negou a indenizar os fazendeiros pois para isso teria que ser criado um imposto
e quem pagaria pela libertação seria o povo, que pouco ou nada tinha a ver com isso. Os fazendeiros que ainda mantinham escravos viram-se sem esse tipo de mão de obra no início da colheita do café, que no Brasil é feita entre maio e setembro.
Assim, passaram a representar uma fonte de insatisfação contra a futura imperatriz que havia lhes tomado a propriedade e parte dos lucros da colheita. Em carta ao imperador,d. Isabel declarou que o 13 de maio seria os mais belos dia de sua vida se o pai não estivesse doente.
Fontes:
ALONSO, Angela. Flores, votos e balas.
REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II, a história não contada.
______. Mulheres do Brasil, a história não contada.
BARMAN, Roderick. Princesa Isabel do Brasil: gênero e poder no século XIX
SILVA, Eduardo. As Camélias do Leblon
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