BRANQUITUDE
Um passo fundamental para qualificar nossa compreensão de uma sociedade racializada, permeada estruturalmente pelo racismo, é conhecer o conceito de branquitude. Amigo branco, essa pauta também o envolve, se reconheça aqui. Breve introdução e referências nesse 🧵. 👇
Um passo fundamental para qualificar nossa compreensão de uma sociedade racializada, permeada estruturalmente pelo racismo, é conhecer o conceito de branquitude. Amigo branco, essa pauta também o envolve, se reconheça aqui. Breve introdução e referências nesse 🧵. 👇
Branquitude é uma construção histórica, um conceito relacional. Como outras localizações raciais, não tem sentido intrínseco (biológico), mas significados socialmente construídos que, por sua vez, produz efeitos reais, materiais e discursivos sobre a relação entre raças. 2/n 👇
A branquitude se caracteriza como lugar de privilégio material e simbólico. A construção social da identidade branca se coloca como padrão normativo nas sociedades ocidentais e é entendida como uma identidade não racializada. O branco se entende como o "ser humano". 3/n 👇
Entretanto, se falamos em raça para entender a condição de preconceito e exclusão a qual os negros são historicamente submetidos, por que não atribuir a dimensão de raça também aos brancos para explicar sua condição de privilégio? 4/n 👇
Por que pensar o branco também como um grupo racializado é tão incomum, causa tanto estranhamento? Há pelo menos dois grandes motivos. 1° é a hegemonia branca na produção do conhecimento, "pensadores" nos últimos séculos eram brancos e se classificavam como o "normal". 5/n 👇
O 2° motivo é que estudar e refletir sobre a branquitude desvenda um lugar de privilégio material e simbólico, expõe as vísceras de uma sociedade racista, o que enfraquece noções de que viveríamos em uma sociedade harmônica, em uma democracia racial. 6/n 👇
Felizmente, durante o século XX e hoje com mais intensidade, intelectuais negros ocupam mais espaços e intervêm na interpretação da sociedade de forma a romper tanto com o monopólio branco entre os "pensadores" quanto com o imaginário de que a sociedade não é racista. 7/n 👇
A branquitude é um lócus de elaboração de uma gama de práticas e condutas baseadas em uma hierarquização racial. A histórica dominação racial das sociedades instituiu "lugares" em que os brancos estão em condições de vantagem estrutural, a branquitude expressa isso. 8/n 👇
Portanto, ser branco carrega em si um status em que o trânsito é facilitado e muitas barreiras são derrubadas. No Brasil, identidades intersticiais não perturbam a hegemonia do branco como padrão a ser seguido, estética, cultural, linguística e economicamente falando. 9/n 👇
Eis um dos nós para o combate do racismo, os mesmos sujeitos (brancos) que estão em um lugar de privilégio, que tem ganhos pessoais com a hierarquia racial normativa, são os que poderiam se somar para quebrar com essa lógica do racismo estrutural. 10/n +
Daí que sem a consciência desse funcionamento da sociedade, dessa distribuição desigual das oportunidades calcadas na noção de raça, será muito difícil obter o engajamento de cidadãos brancos para a luta antirracista, cujo protagonismo deve ser totalmente da população negra. 11/n
Assim como os brancos são responsáveis pela manutenção e pela legitimação do racismo estrutural, eles também podem passar a questioná-lo. Para isso é que se faz relevante entender a branquitude, para que se vá além do discurso e das boas intenções. Urge políticas concretas. 12/n
Edith Piza, em seu texto “Porta de vidro: uma entrada para a branquitude”, descreve a metáfora de que somente vemos a porta de vidro quando nos batemos nela, com a branquitude como reprodutora das desigualdades ocorre o mesmo. Temos de nos chocar com nossa branquitude. 13/n
Autoras que sugiro que busquem sobre o tema: Liv Sovik, Edith Piza, Ruth Frankenberg, Lia Vainer Schucman. No fim desse artigo da @ilustrissima há outras referências, os deixo com essa importante leitura. 🔚🤗📚
www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2…
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