No fundo cabe às esquerdas (em seu plural) muita autoavaliação. Acho que não é uma demanda que temos que fazer ao PT somente. Há uma mudança estratégica que deve ser encarada por todos nós. Do partido revolucionário pequeno que não tem amplidão na luta até os hegemonistas. Fio +
Cobrar autocrítica do PT é ok, todos fizemos. Mas não tem aí um erro mais geral? Exemplo: a direita ocupa, pressiona, ataca as instituições burguesas, ou seja usa as táticas que deveriam ser de quem busca ruptura com a ordem burguesa. E as esquerdas retém? Defende?+
Pensa comigo, o partido pequeno que não tem um território, um meio de produção para gestar seu pensamento, sua experiência de poder, enfim... este partido também precisa rever o posicionamento. Ou vai ficar eternamente como banca de doutorado da revolução?+
Este é um problema mais geral. Muitos movimentos de esquerda que não abraçam as tradições marxistas tem falado de problemas estruturais da sociedade e do Estado, como racismo e machismo. Contudo busca reformar estruturas. Veja, isso não existe. Se muda estrutura é revolução. +
Mas a palavra REVOLUÇÃO saiu de linha num contexto de voluntarismo da ação que está mais preocupada que a autoimagem em luta do que efetivar seu projeto de sociedade. E isto se revela na quantidade de gente bem intencionada que que evita extremos da direita e esquerda.+
Guga-chacrismo, teoria da ferradura, o fato é que esta armadilha liberal foi muito funcional. Parte do movimento negro segue repetindo "entre esquerda e direita, seguimos pretos". Eu entendo profundamente a razão do texto, mas isto mostra como a esquerda recuou.+
Então chegamos num mundo digital profundamente despreocupado com a organização do povo, mas muito esteticamente militante, ativista. Com muito olofote para intelectuais e comunicadores, mas pouco para as organizações que eles fazem parte. Faz sentido?+
Penso, sobre isto, que parte de nós estamos nos autoenganado (alguns não, é safadeza mesmo) com essa coisa de likes, de seguidores e etc. É um simulacro. Desde que você cresceu na internet, o quanto ao rés do chão, sua organização avançou?+
Lembre avançar é diferente de andar pra frente. Avançar é tomar aquela posição para si e não ficar recuando toda hoje. Andar pra frente é fácil, avançar é difícil.+
Autocrítica é algo firme. Culturalmente é um dos elementos que ajuda a Ásia a ter mais revoluções que nós no lado de cá do Pacífico. Há muitas tradições de crítica ao ego do oriente médio até a Coréia do Norte. Rever, reavaliar, se criticar é fundamento da caminhada.+
Se tu é revolucionário, mesmo que de organização pequena, e não tem amplidão na luta, não tá em uma frente poderosa, então é preciso tb você rever se seu caminho não tem sido só para você e os seus, não pelo povo.+
É possível ser um coletivo de 15 pessoas e ter aliança com uma comunidade pesqueira, por exemplo. A falta de amplidão não é por rigor teórico seu, é outra coisa. +
Por fim, se você é crítico do fim do mundo e aponta o dedo para tods pq não acha ninguém que afine com seus princípios, bom, luta política não tem que ser mercado da teoria. A gente pode se ajustar e se submeter a coletivos. Política não é individual, não é para deleite.
