Thread by @erahsfeliz

Um dilema muito real que vejo na esquerda radical - sobretudo intelectualmente - é que, em geral, descolados dos povos Fioe organizações populares, RADICALIZAM COM O CORPO ALHEIO. Conclama para uma guerra cujo seu papel é de longe escrever. Não operam o fronte. Fio +

É só lembrar do Safatle pedindo desobediência Civil depois do golpe de Temer. Se o povo pobre seguisse, certamente teria a borracha da da polícia enquanto, obediente, o intelectual seguiria ganhando seu gordo salário do Estado de SP. +
blogdaboitempo.com.br/2017/05/19/saf…

É o conforto do gabinete e uma radicalidade de quem não sabe o dilema do frente de massas. As vidas estão em suas mãos naquela hora. Não pode ele simular revolução. Esse equilíbrio é doloroso e parece pelego para uma parte da intelectualidade. +

Eu sempre brinquei que uma hora os trotkistas radicais do PSTU deveriam mostrar como fazer na prática. Ter exemplos claros de fábricas tomadas, fazendas organizadas por conselhos e etc. Não dava mais pra esperar o cavalo da revolução passar e pular em cima. +

E sim, eu quero ideias radicais, mas as quero no coração da prática, da ação. Testemunhar que a esquerda morreu porque o próprio intelectual não consegue enxergar projeto e só veja populismo é de erro elementar. +
brasil.elpais.com/opiniao/2020-0…

Seja pq no campo eleitoral há um nordeste pulsando, mas porque na lida política dos movimentos há construções diárias de horizonte politico e econômico. Só que talvez só sirva eleitoralmente. Talvez só sirva pra substituir o poder neste estado nacional assassino. +

Estamos falando de um protagonismo indígena só visto em 1988 ou 2000. De lutas que estão se cruzando, como no caso do Jaraguá onde movimentos cerraram fileiras juntos. Maranhão e Bahia possuem uma experiência de trabalho conjunto de povos na luta. +
mst.org.br/2020/03/09/mst…

Esse descolamento intelectual da realidade é que faz um texto insurgente ter muito aplauso ainda que ignore sumariamente a questão da água. RJ, SP e SSA estão vivendo dramas com periferias com acesso irregular a água no meio do coronavírus. +
g1.globo.com/sp/sao-paulo/n…

O descolamento não consegue enxergar tarefas concretas. Não consegue propor, como se seu papel de critico o eximisse da ação concreta. Quantas ações concretas pelo povo estamos vendo ocorrer? Para prisões, favelas, terras indígenas, etc? São esquerdas fazendo. +

A questão silenciosa desse debate é que a base social que coloca a mão na massa e sabe radicalizar na prática, tomar terra e etc... é lulista em sua maioria. É uma contradição? Supostamente. Contudo é a partir dela que agimos e não apesar dela. +

Pra mim o que nos falta é dar voz a intelectuais orgânicos, surgidos destes movimentos, capazes de ampliar as tarefas do povo organizado. Nos falta gente que radicaliza com seu próprio corpo. Que se coloque no lugar que prega! Mas tá chegando esse tempo.