O que está acontecendo? Estamos assistindo a um jogo.
E ele tem por alvo político o Exército Brasileiro.
Quer dizer que ele é opaco. De fora, é muito difícil ler quem é realmente importante na estrutura hierárquica, quem tem influência — e, principalmente, o que pensam os generais.
Partidos políticos são transparentes. Brigam em público.
Este é um dos problemas do envolvimento de militares na política. Por falta de transparência, têm comportamento antidemocrático.
Muitos não percebem que sua cultura é adequada para proteção nacional mas inadequada para política.
Se o objetivo é a Segurança Nacional, ter segredos é importante. Fundamental, até.
Mas se o objetivo é o debate dos temas de interesse público, é o contrário. Transparência, para que os eleitores acompanhem tudo e compreendam as forças em jogo, é que é fundamental.
Tudo indica que a maioria está muito desconfortável com a atuação política de generais da ativa como Luiz Eduardo Ramos, secretário de Governo, e Eduardo Pazuello, no ministério da Saúde.
O presidente tem alguns desastres administrativos em sua mão.
Um é o fato de que o Brasil será provavelmente o recordista mundial em mortes por Covid. A culpa é dele, que fez tudo errado.
O governo não tem nada de técnico.
Este é um governo incompetente. No segundo semestre, os números demonstrarão isto com frieza.
Culpar governadores e prefeitos por terem feito o que quase todos os países do mundo fizeram é pura retórica.
O Brasil terá resultados terríveis nesta pandemia por incompetência técnica pura e simples do Planalto.
Para isso, precisa do Exército.
Só que o Exército não quer nada com esta aventura.
E tudo estaria certo não fosse um detalhe.
Há algo que todos os generais que falam em on e em off repetem frequentemente. E isto preocupa.
Não, não está.
O STF interfere em decisões deste governo, como interferiu em decisões de governos passados, quando considera que se atravessou a Constituição.
Não é assim no Brasil. É assim em qq democracia.
Sara Winter está cavando a prisão dela há semanas.
Abraham Weintraub está provocando o Supremo há semanas.
A toda hora tem gente ameaçando a Corte: ‘não estica a corda’
Querem que o Supremo atue para coibir ilegalidades claras.
Por quê?
Porque querem construir um discurso de que o Planalto está sendo perseguido.
Tem dois públicos. Um é a militância radical.
O outro é o Exército Brasileiro.
O mais provável é que esteja claro para todos, inclusive para o comando do Exército, que o jogo de agressão parte do Planalto.
Ao que tudo indica, a tática de trazer o Exército para um golpe não vai funcionar.
Evidente.
General não faz política.
Estão misturando os canais.
Está ficando igualmente muito feio para o Exército Brasileiro.
Passou os últimos trinta anos recuperando sua imagem.
Jair Bolsonaro está a jogando no lixo em um ano e meio.