Ao apelar novamente para “o povo”, como se esse fosse um ente unitário e, assim, unitariamente houvesse lhe apoiado na eleição – e ainda continuasse apoiando –, BolsoNero comete diversas falácias populistas e, portanto, autoritárias.
Vamos a elas.
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Vamos a elas.
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1) Não há povo unitário. Em democracias, necessariamente, o povo é composto de uma imensa pluralidade de indivíduos, grupos sociais, visões de mundo, valores, ideologias, preferências, interesses etc..
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2) A suposta vontade do povo não se expressa de forma definitiva na eleição. Essa vontade – que não é unitária, tendo em vista a já mencionada pluralidade – também não é permanente; muda o tempo todo. O que se decidiu num momento não vigora necessariamente depois.
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3) A legitimidade das instituições não é unitária e isso não contrária a vontade popular. O presidente não foi o único eleito por voto popular; os congressistas também o foram. A propósito, representam o voto de um contingente mais amplo de eleitores e, portanto, do povo.
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4) Numa federação, a legitimidade democrática não repousa só no Executivo federal. Governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores também têm voto popular. Logo, suas decisões são tão legítimas democraticamente quanto as do presidente, exercidas em suas competências.
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5) Poderes constitucionais não eleitos também são legítimos. O Judiciário, mesmo sem voto, tem legitimidade para atuar no âmbito do que Constituição lhe atribui, inclusive restringindo a ação de poderes eletivos. Logo, ao limitar os abusos presidenciais, o STF cumpre seu papel.
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6) Apoiadores do presidente não são “o povo”, mas apenas uma parcela dele. Se atacam as instituições democráticas, atacam também o restante do povo, que delas depende para viver democraticamente. O presidente, ao estimular isso, coonesta esses ataques e, logo, fere a democracia.
