Thread by @BrunaFrascolla

Em "Marxismo e descendência", de Antonio Paim, leio como Stálin era um leninista em sua política agrária, e como a Rússia passou de exportadora a importadora de alimentos já com Lênin. O homem considerava os camponeses como que especuladores, porque acumulavam grãos excedentes,

e promoveu uma verdadeira guerra civil para combatê-los. Ao cabo, foi derrotado por eles: a NEP foi o cumprimento da demanda dos camponeses. Os bolcheviques, urbanos, mandavam o Exército Vermelho saquear excedentes; os camponeses resistiam, e queriam vendê-los. A isto, a NEP

atendeu. Depois, Stálin retomaria o plano leninista de acabar com os camponeses para enfim se alcançar a sociedade onde só existe a classe dos proletários.

Noves fora a questão teórica, fiquei surpresa ao saber que a Rússia meio que estava para a Europa Ocidental como a

Argentina está para nós em matéria de trigo; ou seja, era responsável pelo abastecimento deles. Como a Europa terá continuado abastecida? Ao menos em parte, e por um tempo, pela América. Os EUA sob W. Wilson, fizeram um precinho camarada para a Europa; o Canadá começou a se

destacar na produção de trigo quando camponeses russos se mudaram para lá. Será que a Argentina e o Uruguai aproveitaram também? E a França, que hoje tem produção agrícola?

É interessante como o fracasso russo teria pelo menos dois repetecos. No Peru, o Sendero Luminoso promoveu

uma guerra civil no campo porque queria acabar com a propriedade privada; e o Zimbábue, comunista, passou à condição de ex-celeiro da África. A Tanzânia, sob Nyerere, idem. Por onde passa, o comunismo ataca o mundo rural. Eu acho que isso é bem sintomático de um pensamento

limitado de intelectuais urbanos, que lidam com dinheiro e riqueza como se fosse tudo abstração. Marx simplesmente ignorou a produção rural, e virou pai de escolas econômicas!

Será que a China precisa da comida do Brasil por ter sequelas do maoísmo, ou é só por causa do grande crescimento populacional, mesmo?