Mas uma coisa não parou: a manutenção.
Com o hotel vazio a coisa piora, pois tem que cuidar dos colchões, sofás, poltronas.
E trabalho que não acaba mais, só que não é disso que quero falar.
Por exemplo:
Uma colega nossa começou a implicar que estavam tirando com a cara dela. Ela dizia que fazia algo e alguém ia e desfazia.
Mas acontece que toda a vez, quando ela voltava nos quartos, os colchões estavam de volta na cama, com os travesseiros.
Uma vez, irritada com aquilo, e diante da negativa de todos, essa colega prou no meio do quarto e começou a brincar, a dizer que aquele espírito ia ver só.
Coitada...
- Menina, o que foi?
- Eu não sei... só senti uma sensação de morte, um medo enorme e sai correndo dali.
Mas, mal a gente imaginava que a coisa ficaria pior.
De cara pegamos o maior susto, porque ela não estava em nenhum lugar.
Aí começou a gritaria, todo mundo correndo por tudo vendo se encontrava a pequena.
E encontramos.
Não sei porque ela não respondeu, mas ela me pareceu muito assustada quando a gente finalmente a encontrou.
- Caramba, filha! Porque não respondeu?
- Não, mãe, foi de lá que ela pulou, mas isso faz tempo. Agora ela fica aqui na piscina, onde ela caiu.
Um em especial bateu direitinho com o que a menina falou.
De fato teve uma mulher que pulou de uma das janelas...
Depois de ouvir aqui, ninguém mais queria trabalhar.
Falamos com o gerente, explicamos que estávamos assustados e se poderia, ao menos, aumentar a equipe, assim a gente não andava só.
Só que, com a equipe maior, as coisas parece que ficaram piores.
E aí, do nada, quando ninguém mais forçava, a porta abria num clic...
Uma janela aberta, que com certeza tinha sido fechada... e são janelas de correr, nem dá pra dizer que foi vento.
E, mesmo que fosse esquecimento, do nada aconteceu num andar inteiro do hotel, nos quartos do mesmo lado.
Mas a coisa chegou num pior nível ainda...
Estava andando pelos corredores do último andar e simplesmente esqueci de levar lanterna.
Bem, os corredores são hiper longos e não são muitas as janelas pra iluminação natural.
Basicamente é luz elétrica mesmo.
Então eu estava lá, já fechando as últimas portas, quando faltou luz e me vi no maior cagaço.
Primeiro, foi aquele silêncio horrendo do escuro...
E comecei a ter um sentimento muito ruim, como se estivesse cego, do nada.
Pensei então que devia tentar chegar na escada, e aabia que bastava ir tateando numa direção específica.
Sem saber bem a razão, comecei a gritar pedindo ajuda. Eu sabia que tinha uma equipe no andar de baixo e que eles poderiam me ouvir, mas, quanto mais eu gritava, ninguém aparecia.
Tentei pegar e nada. Perguntei quem era e nada.
Levantei e corri. O corredor é uma reta e qualquer coisa era melhor do que ficar ali apanhando no mais completo escuro.
Na mesma hora voltou a luz do corredor e não tinha ninguém lá.
A gente conversou com o gerente e explicou que a coisa está muito pesada e ninguém aguenta mais. Mostrei, inclusive, as marcas de tapas e arranhões que levei.
Na quinta-feira passada a gente teve essa conversa e ele prometeu ver...
E amanhã vai lá um pastor amigo dele para ver.
E se você está pensando em vir a Belém e ficar aqui pelo Centro, espere mais um pouquinho, pelo seu próprio bem.
Fim
Se houver novidades, informo vocês.