Thread by @teofb

Pode parecer estranho, mas não sei se concordo com a visão de que o Fluminense sai fortalecido das finais do Carioca e nem de que fez grandes jogos.

Ou melhor, acho que depende muito das lições que serão tiradas desses jogos. Mas preciso de um fio para desenvolver o raciocínio…

O Fluminense mostrou, de fato, capacidade de luta. Não se entregou, não se deu por vencido. Manteve, de um jeito ou de outro, o campeonato vivo. Isso é importante, claro.

Parece que muita gente dava o Flu como morto, o que não é verdade.

Um ponto positivo foi mostrar que o time titular é melhor do que muita gente imaginava. Os jovens Nino, Yago Felipe, Dodi, Marcos Paulo e Evanilson são bons jogadores e merecem destaque. Hudson e Nenê mostraram que ainda têm lenha para gastar.

Mas, no geral, os três jogos contra o Flamengo foram bastante fracos. O segundo foi o mais interessante, mas os outros dois foram horríveis.

O Fluminense competiu contra um time melhor, é verdade, mas mesmo assim não fez grandes partidas — pelo menos na minha visão.

No segundo jogo da final (terceiro na sequência), precisando vencer, o Fluminense se limitou a travar o jogo.

Sentou lá atrás, esperou e se limitou a tentar destruir o jogo do Flamengo, picotando o jogo com 30 faltas. Nada muito além disso.

Odair parece ter usado os Fla-Flus para aumentar a moral do elenco e fazer a torcida abraçar o projeto. Fez questão de elogiar enfaticamente as atuações do time. Mas ele sempre pareceu confortável nessas situações como “azarão”.

O problema é que, independente do quanto você acha que o Fluminense jogou bem na final, essa maneira de jogar é muito específica e não serve para a boa parte dos jogos.

Simplesmente porque o Flamengo é a exceção, não a regra. É preciso competir contra outros tipos de time.

Sentar lá atrás e arrancar um empate ou uma derrota magra e sofrida contra Flamengo, Palmeiras ou Grêmio pode até ser bom negócio. Mas como o Fluminense vai se comportar nos outros jogos? Esse é o X da questão.

Afinal, o problema até aqui não era estacionar o ônibus contra equipes mais fortes, mas conseguir se impor contra Figueirenses e La Caleras.

Será que o Flu sai mais preparado?

Nesse sentido, a melhor versão tricolor parece ser a do segundo tempo no primeiro jogo da final.

Ali sim, se viu um time mais propositivo, que tentou pressionar, liberou Yago Felipe e Dodi para jogar e efetivamente construiu seu próprio jogo.

Impressiona, porém, que no último jogo, precisando da vitória, essa versão não tenha aparecido nem como rascunho ou ao menos tentativa.

As chegadas no primeiro tempo foram totalmente isoladas e no segundo tempo o time nem conseguiu sair. O jogo foi feio!

Esse dilema não é novo na vida de Odair. Há uma passagem no meu livro, falando sobre Flamengo 2x0 Internacional na Libertadores do ano passado, que eu acho que se encaixa bem no jogo de ontem.

Pessoalmente, eu gosto dos trabalhos do Odair. Acho, porém, que às vezes falta uma pitada de ousadia.

Não estou dizendo para sair doido ao ataque. Afinal, o Flamengo era melhor sim. Estou apenas dizendo que não adianta ganhar moral se defendendo, mas abdicar do resto do jogo.

Há ainda um outro fator. Contra o Fla, Odair fez seu time jogar no limite. Mas cada gol foi colocado na conta de “erros bobos”. Ora, mas um time que joga no limite (ainda mais quando joga assim por admitir a superioridade do adversário) vai errar mais cedo ou mais tarde.

Sinceramente, não sei se o time sai mais forte que antes, se simplesmente mostrou para alguns que já era mais forte do que pensavam ou se pode cair perseguindo um modelo de jogo que não será útil na maioria dos jogos.

Tudo depende: qual lição o Fluminense vai levar adiante?