No mesmo dia que @joseserra_ assina artigo pedindo mais exploração petroleira para salvar as futuras gerações da deseducação #backtothe60s, a The Economist traz matéria com esse gráfico que serve de síntese da discussão que todos com menos de 50 anos PRECISAMOS fazer no Brasil :
Traduzindo o gráfico: o preço do barril de petróleo hoje está em 40 dólares. A esse preço, menos de 40% das reservas totais de petróleo do Brasil são consideradas de extração viável, considerando um retorno >10% pro investimento. Ao preço de 60 dólares, isso passa a quase 80 %.
As petroleiras estão, no entanto, querendo se livrar dos hidrocarbonetos mais sujos, de mais difícil extração e, portanto, mais caros. Elas estão sob grande pressão tanto pela volatilidade dos preços quanto pelas regulações associadas a mudança do clima.
Poluição, violação de direitos e corrupção são precificados pelos mercados. Logo, a licença social para exploração de petróleo está em xeque. Não é uma mera questão de deixar ativos no fundo mar. A questão parece ser: a que preço vale extrair e a que preço, não?
No caso do Brasil, nós investimos muito dinheiro público para viabilizar o pré-sal. Não vai dar para abandonar tudo isso da noite para o dia. Mas tampouco dá para olhar para esses ativos como passaporte para o futuro. Me parece mais uma herança com cheiro de mofo que chegou tarde
Agora vem a questão principal: a recuperação econômica pós-pandemia vai ser feita com base em dívida. Aqui e no resto do mundo. Nós que temos menos de 50 anos vamos pagar essa conta pro resto da vida. No mínimo, temos o direito de pautar as prioridades. Eu voto pela transição!
Transição em que termos?
- da educação, para que seja voltada a economia do futuro
- da energia, para que eletrifiquemos tudo que der
- da mão de obra formada para o pré-sal para outros setores, verdes e críticos para o nosso futuro.
E o José Serra? Ele prescreveu a extração do pré-sal como mandatória para a reativação econômica pós-pandemia. Oras, precisamos sim saber o que fazer com tanto $ que foi enterrado no pré-sal. É o mínimo. Mas não dá para acreditar nesse modelo como base da nossa sociedade.
Nem as petroleiras acreditam mais!
Por isso leilões da ANP e discussões acaloradas sobre regime de partilha serão cada vez mais referências do nosso passado.
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Um assunto que volta e meia me perguntam: e o aumento do nível do mar? Os níveis globais do mar estão subindo como resultado do aquecimento global causado pelo homem, com taxas recentes sem precedentes nos últimos mais de 2.500 anos. O nível do mar agora está mais de 10 cm mais alto do que em 1993, e a elevação está acelerando. ⬆️⬆️
Esse aumento é causado principalmente por dois fatores relacionados ao aquecimento global: a adição de água do derretimento dos mantos de gelo e geleiras, e a expansão da água do mar à medida que aquece.
O gráfico acima rastreia a mudança no nível global do mar desde 1993, conforme observado pelos satélites.
O gráfico abaixo, que é a partir do medidor de maré costeira e dados de satélite, mostra o quanto o nível do mar mudou de cerca de 1900 para 2018. Itens com vantagens (+) são fatores que fazem com que o nível global do mar aumente, enquanto os negativos (-) são o que fazem com que o nível do mar diminua. Esses itens são exibidos no momento em que estavam afetando o nível do mar.
1. Julho de 2013: assume como Secretário de Desenvolvimento Sustentável na SAE/PR o economista Sérgio Margulis, que já tinha feito:
📗 o Economia do Clima no Brasil e
📙o Economia da Adaptação Climática, no Banco Mundial.
Tudo #ref!
2. Sérgio chegou na SAE, cujo ministro era Marcelo Neri, com a visão de que era imperativo o Brasil se adaptar à mudança do clima. E que, dada a obrigação precípua da Secretaria pensar o desenvolvimento de longo prazo, a SAE poderia ser o lugar p/ fomentar isso.
3. Eu chego em agosto de 2012, a convite do Sérgio, com quem eu tinha interagido brevemente enquanto ambos estávamos no MMA, antes. Chamamos tb outras pessoas pro time, como Priscilla Santos e Leila Menezes, e servidores como Bruno Santos, Sandra Carlo, etc.
2. Ha linguagem sobre equidade, termo sempre presente nas declarações do BASIC. Isso remete ao ponto de que economias desenvolvidas já usaram boa parte do “orçamento de carbono” com suas emissões passadas e que agora “seria a vez” dos países em desenvolvimento.
Não é bem assim.
3. Brasil e a China enfatizam a urgência da ação climática com a erradicação da pobreza e da fome, “sem deixar ninguém para trás”.
Vale lembrar que manos os países fizeram esforços gigantescos para tirar milhões de pessoas da linha da pobreza. E que o desafio permanece.
Perdas & Danos: vou tentar resumir o que temos neste momento aqui na #COP27 em um fio.
🌏 Saiu um texto de decisão tarde da noite de 5a sb. a urgência de se aumentarem os esforços p/ minimizar, evitar e tratar perdas e danos decorrentes dos impactos da mudança do clima ...
🎯 Neste texto, o parágrafo chave é o 2o, onde constam 3 opções sobre o que se decidirá estabelecer aqui na #COP27 em termos de arranjo de financiamento para remediar #LossAndDamageFinance ...
As opções:
🎯1️⃣ Propõe um fundo, criado por decisão aqui no Egito, para compensar perdas e danos. A contribuição financeira seria dos países ricos.
🌍 Quem apoia: países em desenvolvimento. Mas vale dizer que o G77+China tem proposta + forte, de nova entidade 💰🏦sob a UNFCCC.
E o Brasil no último relatório divulgado pelo #IPCC?
Vamos de fio 🧶🇧🇷!
1) Estamos dentre os países onde se verifica que a ambição da política climática é limitada p/capacidade das indústrias incumbentes de moldar ação governamental.
(Cap1.4 Fatores e Restrições da Mitigação)
É citado o trabalho da professora @hochstet acerca de Economias Políticas de Transição Energética, publicado p/ Universidade de Cambridge. Nele, ela aborda a transição energética no Brasil, olhando como solar e eólica se desenvolveram de modos diferentes. Além de outras fontes.
2)O Brasil está no rol dos 10 países que contribuíram, em conjunto com 75% para o aumento de emissões líquidas (de 6.5 GtCO2eqyr-1) entre os anos 2010-2019 c/ China, India, Indonesia, Vietnã, Irã, Turquia, Arábia Saudita, Paquistão, Rússia.
O @antonioguterres fala que estamos no fast track para o desastre climático, diante das promessas vazias de governos e líderes que dizem algo, fazem outro. "Estão mentindo", diz ele. #IPCC#IPCCReport
"Deixamos a COP26 em Glasgow com otimismo naive. O gapde ambicao foi ignorado." Continua... #IPCC#IPCCReport
"Ativistas costumam ser todos como terroristas. Mas os verdadeiros terroristas são os líderes de governos que estão aumentando seus investimentos em combustíveis fósseis".