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Uma coisa que vai precisar ser entendida é que em 2009, o governo Obama fez uma espécie de New Deal às avessas e injetou mega-liquidez nas grandes corporações. Isso fez as bolsas globais brilharem, mas aí que veio o retorno da extrema-direita com Trump, entenda (1/13).
Na crise de 2008, nenhuma grande corporação quebrou. Elas foram salvas com dinheiro público, sem nenhuma campanha de responsabilização de CEO's ou coisas do tipo. Bolsas do mundo passaram a ilustrar uma recuperação baseada nessa artificialidade (2/13).
Sim, exatamente como nos anos 1930, muita grana foi emitida e gerada, mas não na forma da obrigação de corporações pagarem salários maiores, na construção de redes de serviço público, ao contrário: serviu para gerar um boom nas bolsas, o chamado "mercado de capitais" (3/13).
Isso refletiu inclusive no Brasil, onde houve uma unificação do mercado de capitais (eu ouvi monopolização aí?) com a fusão da Bovespa e BM&F já tendo ocorrido em 2008 e depois, com a fusão com CETIP (2017). Temos um grande leviatã aí (4/13).
Ao contrário do que se pensava, a crise de 2008, enfrentada por São Obama não apenas não acabou com a ciranda financeira mundial como a potencializou: a aposta foi triplicada. A "economia real" e a "economia especulativa" nunca estiveram tão seperadas num movimento global (5/13).
Isso interfere na política de lá assim como a de cá. Para manter a farra da bolsa, aqui ou lá, é preciso cortar direitos e a estabilidade do trabalhador e concentrar mais ainda o capital, seja em grandes corporações de Internet, para gerar mega-bolsões de liquidez (6/13).
Isso recria a extrema-direita. Como? Não é para sonhar em distribuir essa grana, nem tomar medidas que protejam trabalhadores criando mais segurança para o trabalho. No Brasil, isso se revela de uma forma mais tosca e explícita (7/13).
No Brasil, pela reforma trabalhista se diminuiu bastante o direito dos trabalhadores, mas mais importante do que isso, foi permitir as grandes plataformas como Uber et caterva que precarizam totalmente os trabalhadores e que se torna um grande ativo no mercado de capitais (8/13).
Não é apenas que você permitiu aos empregadores rasparem o tacho, mas que o novo tipo de empresa que surge, pode operar sem nenhum "risco trabalhista" e isso piora em 2020, quando a ciranda dos juros acaba, pela crise na economia, e resta a Bolsa para a elite rentista (9/13).
Quando os americanos votaram em Trump, acreditem, não era apenas xenofobia ou racismo, mas uma tentativa de votar *contra isso*, uma vez que "isso" era encarnado pelo Partido Democrata. Voltar ao desenvolvimentismo dos anos 1950. Obviamente, deu ruim (9/13).
Trump, basicamente, resgatou os consumidores com emissões imensas e salvou empresas, mas tudo no âmbito da economia privada, o problema é que o sistema de saúde privado deles não lida com a crise e em ainda é um problema econômico (10/13)
O problema dos EUA é que as pessoas não vão consumir com medo de adoecerem, uma vez que lá É PRECISO PAGAR O TRATAMENTO E NEM MESMO O SEGURO COBRE INTEGRALMENTE. Se as pessoas não puderem pagar, quebram as empresas que integram o sistema de saúde e quebram a saúde (11/13).
Daí, Trump forçou a reabertura para a galera pensar em normalização e voltar a consumir, MAS ISSO PIOROU A CRISE TRIPLICANDO OS NOVOS CASOS. Um Nixon da vida estatizaria a saúde, Trump não, porque a saúde é uma das joias...da Bolsa (12/13).
Trump, como toda a extrema-direita global, oferece um discurso para os desesperados, mas apenas está lá como jagunço do mercado de capitais para fazer essa farra criada por Obama durar para sempre e, ao final, se normalizar, mas a pandemia pôs isso em curto-circuito (13/13).
P.S.: o capitalismo europeu, com sistemas de saúde públicos vai cair menos que os EUA no 2 Trimestre. As pessoas, com a segurança de que serão tratadas gratuitamente, consomem o que podem.
P.S. do B: no Brasil, entender não apenas porque o PT foi golpeado, mas que agora o "mercado" descobriu que pode liquidar a Nova República, as conquistas da Revolução de 30 e da Independência é central para entender o que é Bolsonaro. Bolsonaro é Guedes. E Guedes é o juízo final.
P.S. 2: ainda que Bolsonaro seja o equivalente nacional de Trump, a confusão que levou a elegê-lo tem causas iguais, elas têm uma forma diferente, porque aqui, mais do que nos EUA e no Brexit, existe uma ilusão com empreendedorismo.
P.S. do B: O que está sendo feito pode funcionar como em 2008, mas depende muito dos resultados americanos e eles não são animadores. Se o plano Trump não funcionar e se Biden, que deve ser eleito, não responder no curto prazo, a coisa vai estourar mesmo.
P.S. forever: como lembra o @parana_ citando Zizek, hoje, uma revolução é menos utópica do que uma reforma. Por isso saídas como o "PMDB de esquerda", ou do reformismo moderado, são apenas a miragem de alguém que se perdeu há dias no deserto.
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