Assistindo ao amistoso entre Fluminense e Botafogo, um padrão começou a ficar claro. Um problema na defesa botafoguense tão presente que, uma vez percebido, fica difícil "desver", como dizem por aí.
Algo para corrigir logo! Segue o fio…
Algo para corrigir logo! Segue o fio…
Tem a ver com a proteção do “corredor interno”, que nada mais é que o espaço entre o centro e a beirada do campo. Em inglês os caras chamam esse espaço de “half-space” e temos visto cada vez mais modelos de jogo baseados em explorar brechas ali.
No caso do Botafogo, o problema está na proteção desse corredor interno na última linha de defesa. Especificamente pelo lado direito da defesa. Ali, surge um latifúndio entre o lateral e o zagueiro que o time tem dificuldade de controlar.
Toda vez que o adversário ataca pela esquerda, há um buraco entre Barrandeguy e Benevenuto totalmente aberto para o adversário infiltrar nas costas. É até curioso que o Fluminense não tenha conseguido criar mais perigo por ali, especialmente com Marcos Paulo.
Analisar futebol por frames nunca é o ideal, mas há um inegável padrão aqui.
(Aliás, há muitos outros lances no jogo. Eu só cansei de tirar print...)
(Aliás, há muitos outros lances no jogo. Eu só cansei de tirar print...)
O espaço é tão vulnerável que em um mesmo lance o Fluminense teve duas chances de infiltrá-lo com dois jogadores diferentes: primeiro Egídio, depois Yago.
Existem vários motivos que levam ao problema. O primeiro é que Barrandeguy é um lateral agressivo na marcação, que gosta de sair para o combate. Sua primeira preocupação é pressionar a bola e/ou vigiar de perto o adversário de seu setor, não proteger o espaço às costas.
O buraco fica imenso porque Benevenuto não pode fechá-lo. Autuori, como tantos treinadores brasileiros, faz questão de manter os dois zagueiros próximos, marcando o centroavante, para ter superioridade na bola aérea em caso de cruzamento.
Mas o espaço não surge apenas por uma questão de impulso individual do lateral. O uruguaio é obrigado a vigiar de perto o jogador mais aberto do adversário porque Luiz Fernando não o faz. Repare no posicionamento do camisa 7 em todas as imagens…
O Botafogo defendia em 4-4-2. Se o Fluminense deixasse um jogador bem aberto, o time precisava definir claramente qual dos dois homens de lado precisava se ocupar ali: Barrandeguy ou Luiz Fernando.
Do outro lado, por exemplo, o espaço não aparecia entre Danilo Barcelos e Kanu porque o Botafogo jogava com dois laterais esquerdos e Guilherme Santos sempre oferecia uma marcação próxima, deixando Danilo livre para proteger mais a área.
Qual solução é melhor? Depende. Faz sentido deixar Luiz Fernando mais solto, sem acompanhar o adversário até o final, pois ele é o puxador de contra-ataque. Kalou, inclusive, deve entrar por ali. O Botafogo vai colocar o marfinense para perseguir lateral?
É possível compensar de outras formas. Aí surge a outra peça do quebra-cabeças: Honda.
O japonês organiza, ocupa espaço e marca com concentração e determinação. Mas não é um jogador para dar pique para trás toda hora, perseguindo os adversários que tentam infiltrações nas costas
O japonês organiza, ocupa espaço e marca com concentração e determinação. Mas não é um jogador para dar pique para trás toda hora, perseguindo os adversários que tentam infiltrações nas costas
Arão e Gerson fazem esse tipo de cobertura o tempo todo no Flamengo, por exemplo, mas Honda dificilmente fará. Uma solução possível seria inverter Honda com Caio Alexandre quando o Botafogo se defende, já que o lado esquerdo é naturalmente mais fechado.
Um problema com várias causas pode ser corrigido de várias formas. Qual será a melhor? Como Autuori vai fechar esse espaço sem abrir outros buracos e respeitando as características de seus jogadores? Impossível saber.
Só há uma certeza: o Botafogo precisa fechar aquela porta.
Só há uma certeza: o Botafogo precisa fechar aquela porta.
