Sobre a polêmica do "cancelamento", a imagem que fica é a de que os intelectuais brancos estão completamente perdidos em como dialogar com a presença negra em espaços de debate (entre eles a academia). Perdidos em postura, referências, abordagens, perspectivas e temas. 👇🏾
Vendo essa entrevista do querido @MatheusGatodeJ1 e pensando como há uma certa agenda intelectual e política comum entre nós negros nesses espaços, formulada há décadas. E de que as pessoas brancas, com raras exceções, ainda a desconhecem por completo. 👇🏾
Essa agenda não tem nada a ver com um consenso ou uniformização teórica, mas com uma proposta de democratização (epistemológica e social) do país. Espantalhos como "cancelamento" e "autoritarismo" demonstram um desconhecimento dessa agenda, com implicações bastante reacionárias.
Essa semana, por exemplo, a gente teve que ler uma confusão conceitual entre Movimento Negro Unificado, movimento negro e pessoas/espaços negros. Gente, isso é muito grave. Se eu confundo Brasília com Rio de Janeiro como capital do Brasil, tenho meus diplomas cancelados. 👇🏾
O Brasil sempre foi um país dividido. Para nós negros isso sempre esteve muito claro, basta ler o que escrevemos. A agenda que propomos é justamente uma tentativa de superar essa divisão, que não será fácil. Reduzir a crítica à ideia de "cancelamento" só mantém esse abismo.
E sim, a gente está muito cansado, porque essa caminhada não vem de hoje. Estamos preocupados em sobreviver para ser reduzidos a identitários ou ter que a todo momento informar o bê-a-bá para as pessoas. O gosto pela ignorância branca tem custado subjetividades e um país melhor.
