COXA 0x1 FLA
Um dia antes da partida entre Coritiba e Fla houve uma conversa entre grupo, Domè e comissão. E essa conversa parece ter surtido efeito. O placar foi magro, mas a atuação foi muito superior a das duas primeiras rodadas. Vamos conversar sobre esse jogo nesse fio...
Um dia antes da partida entre Coritiba e Fla houve uma conversa entre grupo, Domè e comissão. E essa conversa parece ter surtido efeito. O placar foi magro, mas a atuação foi muito superior a das duas primeiras rodadas. Vamos conversar sobre esse jogo nesse fio...
Diferente das mudanças táticas mais bruscas que vimos contra o Atlético-GO, Domè voltou as origens de JJ e entrou no 4-4-2 que a torcida do Fla se acostumou a ver em 2019. Abriu mão da amplitude do jogo posicional e apostou no entrosamento do grupo: aproximação no setor da bola.
Outro fator que retornou foi a saída de 3 com Arão. Nos dois primeiros jogos, Domènec também fez uso da saída de 3, mas nunca com Arão afundando no meio dos 2 zagueiros. Ora era Filipe Luís nessa saída, ora era R. Caio quando atuou improvisado de lateral-direito.
E o mais bacana é que essa saída com Arão fez sentido, principalmente nos primeiros 10 minutos. Isso porque Barroca promoveu uma pressão alta usando seus 2 atacantes, Robson e Igor Jesus. Assim, com Arão, o Fla gerava superioridade numérica na saída e conseguia sair da pressão.
Percebendo essa movimentação do Arão, Barroca colou um dos meias pra acompanhar o volante do Fla e atrapalhar a saída de bola, anulando a superioridade numérica rubro-negra. E isso condicionou duas situações interessantes.
A primeira foi César participar ativamente da saída. E bem. O goleiro que não tem histórico de saber jogar com os pés se saiu muito bem. Foram 35 passes realizados na partida com 90% de aproveitamento.
A segunda, foi que mesmo com essa participação do goleiro, o Fla passou a perder algumas bolas perigosas no campo de defesa. Gérson e J. Lucas sofreram um pouco com isso e perderam bolas que resultaram em ataques perigosos. Ainda assim, nenhuma situação que gerasse tanto perigo.
Mas aos poucos o Fla foi conseguindo sair dessa pressão e encontrar os espaços. Espaços esses que existiam, uma vez que o Coxa subiu a pressão na saída do Fla, mas não subia em bloco, deixando a linha de defesa ainda bem baixa. E isso gerou um buraco entre as linhas.
Giorgian de Arrascaeta é um dos caras que sabe muito bem usar esse espaço entra as linhas. Usou e abusou desse espaço. Aliás, talvez porque identificou esse espaço, trocou de posição com Bruno Henrique durante boa parte do 1T.
Enquanto Bruno Henrique ia pro corredor esquerdo, Arrascaeta se aproximou de Gabigol e abusou do entrelinhas. Inclusive, as principais chances de gol do Fla foram criadas dessa forma.
Pegue o lance do gol, por exemplo. Arrasca sai do espaço entrelinhas, avança e pisa na área. Veja que quem está posicionado no corredor é BH, não o uruguaio. Aliás, essa não foi a única mudanças de posicionamento promovida pelo Fla no 1T. 
Dentro da estrutura do 4-4-2, algumas variações foram feitas. Gabigol e BH inverteram os lados no ataque. Arrascaeta e BH inverteram entre corredor e centro. E até vimos circunstancialmente É. Ribeiro mais do lado esquerdo do campo que Arrasca, situação bem rara nos tempos de JJ.
Na volta do 2T o Fla permanece no 4-4-2, mas agora as variações diminuem. O time ficou mais “preso” as posições. E acho que o que contribui para isso passa pela parte física. Os jogadores do Fla parecem ter dado uma pregada fisicamente no 2T.
Sobretudo após a expulsão de Renê Júnior pelo Coxa e pelas substituições ousadas de Barroca, mantendo o time pra frente.
E percebendo que o Fla começava a perder o controle do jogo mesmo com um mais, Domè promove duas alterações.
E percebendo que o Fla começava a perder o controle do jogo mesmo com um mais, Domè promove duas alterações.
Na primeira delas, Pedro entra no lugar de Bruno Henrique, que mais uma vez fez partida física e tecnicamente muito abaixo. A ideia era ter um pivô que conseguisse segurar mais a bola no campo de ataque.
A segunda, modifica a estrutura da equipe. Diego entra no lugar de Gabigol e o Fla muda do 4-4-2 para o 4-2-3-1, com uma trinca de meias na linha de 3. A ideia passa a ser ter jogadores com bom controle de bola para segurar a posse e deixar o tempo passar com a bola no pé.
Ou seja, O Fla começa a se defender através da manutenção da posse de bola, algo que Jorge Jesus fazia muito em 2019. Afinal, enquanto meu time estiver com a bola, eu não serei atacado. Cansa mais quem corre atrás da bola do que quem deixa a bola correr.
O Fla ainda criou mais algumas oportunidades nessa nova formação. Uma delas em linda jogada com 2 passes de calcanhar em sequência de Diego e Pedro para a finalização de Arrascaeta que infelizmente para em Wilson. Seria um golaço.
No final das contas, o Fla não matou, mas controlou boa parte do jogo. O Coritiba foi valente, manteve o time pra frente, mas assustou pouco. César não precisou fazer nenhuma grande defesa. O lance de pinball que parou na trave foi a jogada de maior perigo do Coxa em todo o jogo.
Os destaques individuais vão para dois caras. O primeiro pra João Lucas, que mostrou que o Fla não precisa improvisar lateral-direito. Mostrou bom poder de recuperação, intensidade e condicionamento físico.
Estatisticamente venceu 10 de 15 duelos pelo chão, fez 3 desarmes e 3 interceptações. Cometeu alguns erros na saída de bola, sobretudo no 1T, mas nada que tenha comprometido sua atuação. Inclusive foi dele o lançamento no lance em que BH demorou a tocar pro Gabigol.
O segundo e principal destaque fica com Arrascaeta. Que partidaça! Jogou de meia-esquerda, mas também flutuou mais centralizado, pisou muito na área e até fez uma de falso 9. Participou ativamente de praticamente todas as chances claras de gol do Fla na partida.
O Flamengo dá o primeiro indício de que o desespero coletivo após as derrotas em sequência nas duas primeiras rodadas era cedo demais. Domènec deu um passo atrás nas mudanças táticas mais drásticas e dá a entender que agora sim será algo mais gradual. O Flamengo volta aos trilhos
