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O Flamengo não chegou onde chegou por acaso. Não foi sorte. Não cavaram um poço e saiu petróleo.

Se hoje almejamos um time campeão, falamos em outro patamar e os adversários temem uma hegemonia, há uma longa história por trás.

Alguns momentos são chave. Estamos vivendo um deles
Há quase oito anos o Flamengo se reimaginou. Torcedores, dirigentes, conselheiros, todos aqueles que constroem o Clube se uniram em torno de um projeto de longo prazo que vai contra todos os mecanismos de incentivo que vemos por aí.
É muito difícil ser eleito para qualquer coisa no Brasil (e no mundo, aliás) declarando: “Eu não vou ganhar. Pelo menos não agora. Vou criar as condições para que possamos ganhar.”

O Flamengo conseguiu acreditar em um projeto assim.
Tanto acreditou, que reelegeu essa ideia depois de três anos ruins dentro de campo.

Por incrível que pareça, foi logo o Flamengo, o maior e mais caótico clube do Brasil, que conseguiu dar esse passo tão difícil. Conseguiu se repensar profundamente.
Mesmo com diferenças importantes, Landim e Lomba representavam, nas eleições rubro-negras em 2018, a continuidade daquela ideia nascida em 2012. Juntos, tiveram 98% dos votos.

Essa ideia se tornou o próprio Flamengo. Com ela, alcançamos outro patamar.

Não foi por acaso.
"Projeto" é uma palavra jogada ao vento no futebol. Tão solta que já até perdeu o seu significado. Mas, nesse contexto, é a palavra correta.

O Flamengo confiou em um projeto de longo prazo, em uma ideia para si. Se transformou a partir daí.
Mas o Flamengo ferve. O Flamengo sempre ferve. Todo mundo sabe que ele ferve.

Nesses momentos, sempre surge uma encruzilhada. O clube pode jogar o projeto pela janela e dar uma guinada ou pode respeitar os processos e esperar o amadurecimento desse projeto.
Não estou falando aqui de morrer acorrentado a ideias quaisquer. Se ficar claro que as ideias são ruins, que as decisões foram erradas, é preciso mudar!

Mas o Flamengo se reinventou justamente quando teve paciência para ver um projeto desabrochar.
Jorge Jesus se foi. Por maior que seja a saudade, ele não voltará. Um novo ciclo se inicia com a tarefa árdua de ser comparado com o projeto mais vencedor das últimas décadas.
Repito aqui: o mais interessante da chegada de Domenec Torrent ao Brasil é que ela foi fruto de um processo meticulosamente pensado. Não foi um nome que surgiu do nada, uma preferência vaidosa de um dirigente. Foi parte de um projeto maior.
Porém, é claro, o Flamengo ferve.

Depois de duas derrotas, muita gente já queria explodir o projeto. Choveram conclusões definitivas.

Esse é o momento chave. A encruzilhada. Qual Flamengo queremos ser?

Só nós podemos decidir. Afinal, nós somos o Flamengo.
Antes de mais nada, precisamos entender que esse projeto se inicia durante o campeonato mais atípico de todos os tempos.

É o campeonato com duas janelas de transferência europeias no meio, é o campeonato com uma maratona insana de jogos.
É o campeonato em que um time pode perder dezenas de jogadores de uma hora para outra pelas infecções do vírus. É o campeonato que vai varar o verão, com jogos em dezembro, janeiro e fevereiro durante o pico de performance.

Um campeonato absolutamente imprevisível!
Muita gente reclamou quando eu afirmei, depois da derrota para o Atlético-MG, que a condição do gramado do Maracanã era o que realmente me preocupava.

Mas o raciocínio é simples...
O Flamengo fez um jogo perfeito na estreia? Não.
Havia coisas a melhorar? Muitas.

Mas todas elas eram possíveis de melhorar — até rapidamente. A única coisa que tende a piorar com o tempo é o gramado, que já não está bom. Afinal, teremos uma maratona de jogos no estádio.
Contra o Atlético-GO, o time fez uma partida muito ruim. Jogou muito abaixo do que pode em todos os aspectos.

Foi mal tecnicamente, taticamente, fisicamente e psicológica.

Um desses fatores realmente preocupa…
É possível melhorar a parte técnica, conversar para ajustar a parte tática, trabalhar para evoluir na parte física. Tudo isso rapidamente.

No entanto, se houver uma ruptura na parte psicológica, é muito difícil recuperar.
No ano passado, uma das principais características do time era justamente o controle mental. A consciência que o Flamengo demonstrou em partidas importantes era impressionante. Um time absolutamente seguro, inabalável.

O elenco já mostrou que é forte nesse aspecto.
Nos dois primeiros jogos do Brasileiro, por outro lado, vimos um time afoito, desconfortável, apressado… Um time que perdeu o controle do jogo.

Isso também dá para melhorar — e até já melhorou bastante no terceiro jogo em Curitiba.
Porém, se nós, torcedores, criarmos um ambiente de pressão insustentável dentro do Clube, será muito difícil evoluir.

Se o time perder a confiança em si, ou no trabalho do treinador, ou na diretoria, já era.

Seria muito difícil recuperar. Seria jogar o projeto pela janela.
O time é muito bom. Sabemos disso. O campeonato está só no começo e é completamente atípico. Muitas reviravoltas virão.

A única coisa que podemos controlar é o nosso próprio comportamento diante dos altos e baixos. O nosso pensamento de longo prazo.
Cabe a nós, portanto, a manutenção das condições que nos trouxeram até aqui. Levamos o Clube a outro patamar quando repensamos profundamente o caminho.

Estamos em um momento chave e somos, sim, agentes desse destino.

Depende de nós. O que será do Flamengo?
Para quem prefere ler em formato e artigo, já está lá no @MRN_CRF

mundorubronegro.com/flamengo/mrn-b…
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