Ainda no porto de Santarém, o Sobral estava absolutamente regular: 200 T de carga e 430 passageiros, tudo de acordo com sua documentação.
O barco Emerson, que tinha quebrado, ofereceu sua carga ao Sobral e o Comandante aceitou.
Depois, o barco Miranda Dias, também em pane, pediu que o Sobral transportasse seus passageiros e carga, e mais uma vez o Comandante do Sobral disse sim.
O Sobral Santos II, que inicialmente sairia com 200 T de carga (seu limite) e 430 passageiros (já perto do limite), acabou zarpando com 400 T de carga e 530 passageiros (todos sem registro).
Dizem, sem haver confirmação, que havia cerca de 600 passageiros, no total.
Os passageiros, sem saber o que estava acontecendo, correram para a ponte buscando, desesperados, sair do navio.
Acontece que, com o movimento brusco de pessoas, o navio balançou ainda mais e mais.
Com o tombamento do navio, vários sobreviventes ficaram presos em bolsões de ar, sem qualquer noção de saída no meio da escuridão do rio.
Pela madrugada, batidas eram escutadas no casco, sem que tivesse equipamento adequado para o salvamento.
Mergulhadores vieram de Belém para tentar recuperar os corpos, em um trabalho às cegas, pois o navio superlotado não permitia ter certeza sobre o número de mortos.
Muitos mortos foram encontrados rio abaixo, em cenas que ainda hoje povoam a memória da cidade.
E a bondade do povo de Óbidos acabou sobrestada ainda pela ganância de uns:
A Amazônia é fluvial.
Não há estradas e nem existe amplo transporte aéreo. Tudo se faz pelos rios, em transporte que chega perto de 10 milhões de pessoas por ano.
E o medo que habita a mente de quem precisa de barcos todos os dias fica assim, como mostrou a @isabelacanto nessa postagem do dia 11/08, que motivou esse fio.
"Passageiro não me interessava, me interessa a carga. Carga que dá dinheiro”.
E assim sumiu o Sobral Santos II e talvez 400 vidas.
E obrigado, @isabelacanto
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