E nós, que tínhamos vinda de outra cidade, e queríamos aproveitar ao máximo antes de voltar para casa.
Só que aquela neblina começou a me deixar tenso...
Uma das mais animadas era minha prima, Joana, que já tinha bebido muito e parecia ter animação para muitas horas de festa ainda.
Logo depois, gargalhando, ela disse:
- Preciso mijar! - e saiu correndo no meio da escuridão.
Controlando meu medo, fui andando pelas ruas antigas e desertas da cidade, chamando por ela.
Eu tinha a impressão de ver vultos ao meu redor, sempre na visão periférica, mas quando me virava não havia nada... e ninguém respondia quando eu chamava...
E ele me olhava firmemente, em silêncio, e fui eu quem quebrou o silêncio.
- Boa noite.
- Boa.
Depois, ele perguntou:
- A festa já acabou?
- Quase... a neblina afastou muita gente...
- O povo chama essa neblina de Véu de Noiva... eles dizem que é uma maldição da cidade... veja que, certa vez, uma noiva ia se casar e o noivo fugiu deixando ela no altar... desesperada, ela saiu correndo e se jogou em uma das ferrovias.
No meio da noite, da cidade escura e da neblina, aquilo me paralisou.
Eu decidi virar as costas e ir embora, mas, enquanto fiz isso, percebi que o homem imediatamente parou de rir e gritou comigo enquanto eu me afastava.
E a voz dele foi sumindo, a medida que eu corria dali.
- Eu!? Te ajudar!? Depois de tudo que fez!? Seu bandido.
O olhar antes calmo dos dois foi dando lugar a um olhar cheio de ódio.
E quanto mais ele brigava comigo, mais seu rosto se deformava.
- VOCÊ MATOU A ELA!
- MINHA FILHA, VOCÊ MATOU MINHA FILHA
E eu só pedia calma e chorava, com os gritos que ficavam mais e mais altos.
- EU NÃO FIZ NADA. NÃO SOU QUEM VOCÊS PENSAM. EU NÃO FIZ NAAAADA.
E aí fez-se silêncio...
E, quando abri os olhos, eu vi...
Eles passaram e foram indo embora, quando uma mão me agarrou pelos braços com força.
- Porra, onde tu tavas? To te procurando faz uma hora!
Junto dela, vários dos nossos amigos.
Enquanto todos ainda seguiam na festa, brincando no carro, eu estava morto por dentro.
No dia seguinte ainda contei tudo a meu pai, que se preocupou ao me ver completamente abatido.
Falei a meu pai que a casa era ali, que estava de pé, que eu não era doido...
E, felizmente, um homem que passava na rua ouviu nossa conversa, chegou do nosso lado e disse.
Paranapiacaba é, de fato, uma cidade cheia de histórias de visagens e assombrações. Agora, se tornou meu sonho de consumo conhecê-la.
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