Revisão: Fernando Kokubun (@fernandokokubun), Rute Maria Gonçalves-de-Andrade (@rutemga2)
Referência artigo original:
T cells take the lead in controlling SARS-CoV-2 and reducing COVID-19 disease severity | La Jolla Institute for Immunology. (2020). Retrieved 19 September 2020, from lji.org/news-events/ne…
Achados podem explicar porque pessoas com 65 anos ou mais enfrentam um risco maior de adoecer gravemente com COVID-19
Desde que o SARS-CoV-2 foi identificado, pesquisadores procuram entender se o sistema imune causa mais mal do que bem durante a fase aguda da COVID-19.
O mais recente estudo realizado por pesquisadores do Instituto La Jolla de Imunologia (lji.org) indicam que o sistema imune tem ação benéfica.
O estudo, publicado em 16 setembro de 2020 na edição online do periódico Cell, confirma que múltiplas camadas de resposta imune específica a vírus são importantes para o controle durante a fase aguda da infecção e reduz a severidade da COVID-19,
com fortes evidências que indicam um papel muito mais expressivo para as células T do que os anticorpos. Uma resposta imunológica fraca ou desordenada, indica um desfecho pior da doença.
Os resultados sugerem que as candidatas à vacina devem focar em estimular uma resposta imune ampla que inclua anticorpos, células auxiliares e células T citotóxicas para garantir a proteção imune.
“Nossas observações podem inclusive explicar porque pacientes mais idosos de COVID-19 são muito mais vulneráveis a doença,” diz o correspondente Shane Crotty, Ph.D., lji.org/faculty-resear…
que coliderou o estudo com Alessandro Sette, Ph.D em ciências biológicas, ambos professores no Centro de Pesquisa para Doenças Infecciosas e Vacinas do Instituto La Jolla.”
Com aumento da idade, reduz o reservatório de células T que podem ser ativadas contra vírus específicos e a resposta imune corporal começa a ficar menos coordenada,
o que parece ser um dos fatores que fazem as pessoas mais velhas serem drasticamente mais suscetíveis para fase aguda ou fatalidade perante COVID-19.” Sette adiciona, ” O que nós não vimos foram evidências de que as células T contribuem para a tempestade de citocinas,
o que parece ser mais mediado pelo sistema imune inato.”
Quando SARS-CoV-2 (ou qualquer outro vírus) invade o corpo, o sistema imune inato é o primeiro a entrar em cena e libera um amplo e inespecífico ataque contra os invasores.
Libera ondas de moléculas sinalizadoras que estimulam a inflamação e alertam o sistema imune adaptativo para a presença de patógenos.
Com o passar de dias, o chamado sistema adaptativo se prepara e atua com extrema precisão contra o vírus,
interceptando partículas virais e matando células infectadas.
O sistema imune adaptativo consiste em três frentes: anticorpos; células T auxiliares (Th), que auxiliam as células B a preparar anticorpos protetivos; e células T citotóxicas (CTL),
que procuram células infectadas pelo vírus e as eliminam.
Em seu último estudo, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 50 pacientes com COVID-19 e analisaram as três frentes do sistema adaptativo – anticorpos específicos para SARS-CoV-2,
células T auxiliares e citotóxicas – em detalhe.
“Foi particularmente importante para nós capturar toda a cobertura de manifestações desde as brandas até as severas da doença para que pudéssemos identificar fatores imunológicos diferenciadores,”
diz o co-primeiro autor e especialista em doenças infecciosas Sydney Ramizes, médico com Ph.D., que liderou a coleta de amostras.
O que a equipe descobriu, similar aos estudos prévios, que todos indivíduos totalmente recuperados tinham respostas mensuráveis de anticorpos, células T auxiliares e citotóxicas,
enquanto a resposta imune adaptativa em pacientes com COVID-19 aguda variou mais amplamente com ausência seja de anticorpos, outras células T auxiliares ou citotóxicas, ou ainda qualquer combinação de ausência das mesmas.
“Quando observamos a combinação de todos nossos dados ao longo dos 111 parâmetros avaliados, nós encontramos que no geral, pessoas que constroem uma resposta imune adaptativa mais ampla e coordenada tendem a responder melhor.
Uma resposta forte de células T a SARS-CoV-2 , em particular, é preditivo para doença mais branda,” diz a co-primeira autora, pesquisadora e pós-doutoranda Carolyn Moderbacher, Ph.D. “Indivíduos cuja resposta imune é menos coordenada tendem a ter resultados piores.”
O efeito foi ampliado quando os pesquisadores dividiram o conjunto de dados por idade. “Pessoas com mais de 65 anos são mais propensas a ter baixa resposta de células T, e uma resposta imune menos coordenada, e portanto ter COVID-19 mais severa ou fatal ,” diz Crotty.
“Assim, parte da grande suscetibilidade dos idosos ao COVID-19 parece ser uma resposta imune adaptativa fraca, que pode ser devido a menos células T imaturas nos idosos.”
As células T imaturas são células T inexperientes que ainda não encontraram seu correspondente viral e estão esperando para serem ativadas.
Conforme envelhecemos, o repositório de células T imaturas acessíveis do sistema imune diminui e poucas células estão disponíveis para serem ativadas para responder a novos vírus. “Isso também pode levar a resposta imune adaptativa tardia,
que é incapaz de controlar um vírus até que seja tarde demais para limitar a severidade da doença ou a magnitude da resposta é insuficiente,” diz Moderbarcher.
Alinhados com o que outras equipes de pesquisa descobriram previamente,
anticorpos aparentam não desempenhar papel importante no controle da fase aguda da COVID-19. Ao invés disso, células T e células T auxiliares particularmente estão associadas com respostas imunes protetoras. “Isto foi desconcertante para muitas pessoas,” diz Crotty,
“mas controlar uma infecção primária não é o mesmo que imunidade induzida por vacina, onde o sistema imune adaptativo está pronto para agir no tempo zero.”
Se a vacinação for bem-sucedida, os anticorpos induzidos pela vacina estarão prontos para interceptar o vírus quando
ele bater à porta. Em contraste, em uma infecção normal o vírus começa com vantagem porque o sistema imune nunca esteve em contato com nada parecido. No momento em que o sistema imune adaptativo estiver pronto para agir durante a infecção primária,
o vírus já terá se replicado dentro das células e os anticorpos não poderão alcançá-los.
“Assim, estes achados indicam que é plausível células T serem mais importantes na resposta à infecção natural por SARS-CoV-2, e os anticorpos mais importantes para uma vacina de COVID-19,”
diz Crotty, “embora também seja plausível que a resposta por células T contra este vírus sejam importantes em ambos os casos”
Referencias
Moderbacher, C., Ramirez, S., Dan, J., Grifoni, A., Hastie, K., & Weiskopf, D. et al. (2020). Antigen-specific adaptive immunity to SARS-CoV-2 in acute COVID-19 and associations with age and disease severity. Cell, 0(0). Retrieved from cell.com/cell/fulltext/…
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Nosso painel que trata das variantes do SARS-CoV-2 acaba de ser atualizado, agora com dados até a semana de 16/01/2023 a 22/01/2023:
Mesmo com dados bem atualizados, é importante lembrar que a quantidade de amostras sequenciadas nos últimos dias é bastante pequena.
Vejam aqui o gráfico do Brasil, onde fica fácil de perceber que a quantidade das amostras referentes a janeiro de 2023 é muito baixa:
Também temos uma página específica para acompanhamento da XBB.1.5 (nesta imagem, filtrado novamente para o Brasil).
Nesta mesma página do painel podemos acompanhar todos os sequenciamentos cujo resultado foi a Omicron (qualquer sub variante), para ver como temos várias:
Esperamos que este ano seja mais tranquilo para todos nós!
Vamos iniciar com um fio rápido para vermos a situação da #mpox no Brasil? 🧵 //1
Até o dia 03/01/2023 temos 10.544 casos totais notificados, lembrando sempre que a primeira notificação se deu em 27/06/2022, onde 20 casos foram inseridos no boletim nacional. //2
Conseguimos ver algumas coisas ao olhar o gráfico do país todo:
- Vemos uma queda bem lenta na notificação dos casos, é praticamente uma estabilidade, mas com tendência de queda;
- Tivemos uma redução estranha de casos totais no final de 2022, (provável erro de notificação); //3
Com os dados de mpox atualizados até 28/11/2022, vemos que os casos continuam surgindo em uma quantidade considerável na região Nordeste do país, sendo 42% dos casos do Nordeste no estado do CE: +
Além disso, a região Norte também teve um aumento recente, no começo de novembro/2022.
68% dos casos estão no AM: +
Quando olhamos o Brasil como um todo, vemos que a região Sudeste é a região com mais casos(41% de todos os casos do país foram notificados no estado de SP).
Percebemos também que há uma tendência de estabilidade, muito provavelmente trazida por esse espalhamento em mais regiões.+
Olá, pessoal! Aqui é o @schrarstzhaupt, trazendo pra vocês mais uma atualização dos dados de #Monkeypox, agora com os números atualizados até o dia 07/11/2022.
Sigam o fio para vermos juntos: 🧵 //1
O Brasil tem 9.475 casos notificados até o momento (07/11/2022), e a gente consegue ver um aumento meio brusco nos últimos dias quando olhamos os dados do país como um todo (marquei no gráfico): //2
Ao analisar estado por estado, vemos que alguns locais se destacam, com um lançamento de casos abrupto. Vejam o DF, que lançou 18 casos no dia 07/11/2022, mas vinha lançando 3 a 5 casos por dia.
Lembrando: isso é por data de notificação, então pode muito bem ser represamento!//3
Chegamos a 9.026 casos confirmados de Monkeypox no Brasil até 24/10/2022.
Hoje (25/10/2022) tivemos mais um óbito, nos fazendo chegar a oito óbitos e ao posto de país com mais óbitos no mundo (nesta epidemia de 2022).
Sigam o fio: 🧶 //1
Quando olhamos a média móvel da taxa de crescimento de casos acumulados, notamos uma estabilidade na última quinzena de outubro, o que mostra que as notificações de casos vem entrando em uma certa consistência.
Como essa doença não é endêmica aqui, isso não é um bom sinal. //2
A maior concentração de casos continua sendo na região Sudeste, principalmente no estado de SP (44,47%), seguido pelo Centro-Oeste (GO e DF): //3