p.s. Isso não é um "cientista enloquecendo" ou "que abriu mão". Isso é alguém fechado em casa por 7 meses em um país com quase 150 mil mortes por COVID-19 que não fez o suficiente pra proteger seus cidadãos, que não tem nem um Ministério da Saúde que fala ou orienta a população.
Se tá incômodo, se é estranho, se dá aflição sair ou fazer algo é porque é. O mundo não tá normal. Morrerem 700 pessoas por dia de uma doença evitável não é normal. Estamos em uma pandemia. Que só vai durar mais se for ignorada.
"O problema com normalizar mortes é esse: permite mais mortes. Torna fácil pros horrores das mortes pelo vírus saírem do noticiário, pra divergir recursos da saúde pública e pra os políticos futuros tratarem a próxima pandemia com ainda mais displicência." watson.brown.edu/research/2020/…
"Pelas próximas semanas, meses a anos, a mídia vai continuar com um papel essencial. É de importância fundamental como a mídia retrata figuras públicas que tentam normalizar essas mortes criando um falso dilema entre vidas versus empregos."
"Esse vírus não é como nada que já enfrentamos. Não devemos deixar nossos líderes impunes por falarem – e agirem – como se fosse."
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
"Em grande parte do país, as pessoas simplesmente não usam máscaras, principalmente porque nossos líderes disseram que máscaras são ferramentas políticas em vez de medidas de controle de infecção que funcionam."
"O governo apropriadamente investiu pesado em desenvolvimento de vacinas, mas a retórica politizou o processo de desenvolvimento e gerou uma desconfiança crescente do público."
"Temos uma enorme expertise em saúde pública, políticas sanitárias e biologia básicas [...] E muitos dessa expertise nacional fica em instituições governamentais. Mesmo assim nossos líderes optaram por ignorar ou mesmo rebaixar experts."
Traduzindo: homens europeus (cromossomo Y) contribuíram desproporcionalmente pra população brasileira fazendo filhos em mulheres (mitocôndrias) africanas e indígenas. Na base de muita violência, visto que homens africanos e indígenas foram apagados.
Meses atrás falei do estudo que modelava duração da COVID sem vacinas. Agora saiu um estudo grande da dinâmica da COVID com vacinas e vários cenários de imunidade. Só ficamos livres se a imunidade e a vacina forem totalmente protetoras. Segue fio rápido.
O mais provável é que a imunidade dure uns 2 anos e mesmo a(s) vacina(s) não seja completamente protetora. Então teríamos um cenário como B ou C da figura do tuíte anterior, com surtos secundários aparecendo depois de 1 ou 2 anos. E máscaras e isolamento pelo menos no inverno.
A imunidade dos outros coronavírus do mesmo grupo dura por volta de 2 anos. E pra outros vírus respiratórios como influenza e RSV não temos vacina ou a vacina tem proteção parcial. Daí os cenários com outras ondas serem prováveis.
Dinamarca, Alemanha, Finlândia e Noruega retomaram aulas sem problemas. Tinham o surto controlado no país, não faltaram testes e os alunos mais novos voltaram primeiro (2 a 12 anos) em grupos de no máximo uma dúzia. Mesas afastadas, refeitórios amplos. time.com/5868098/school…
A Coreia do Sul enfrentou vários ciclos de abertura. Pq em Seoul, onde tinham mais casos, estudantes testavam positivo. Aí fechavam até a situação ser controlada. Tudo baseado em? Testes RT PCR. Aqui, custam R$300 por pessoa. Imagina testar um aluno uma ou duas vezes por mês.
Israel abriu sem controlar o surto local. As crianças podem viver em famílias grandes. Resultado? Tiveram uma onda ainda pior depois das aulas abertas. Acabaram fechando demais e assumiram publicamente que abrir cedo demais era pior do que não abrir. wsj.com/articles/israe…
Como é um controle de COVID bem feito? Segue fio com estudo de rastreio de contatos de mais de mil pessoas (quase 1/4 dos casos!) em Hong Kong, que mostra que quase 70% das pessoas não passaram vírus pra ninguém. Só 20% dos infectados (mais jovens) causaram 80% das transmissões.
O estudo acompanhou 1038 dos 4711 casos de coronavírus diagnosticados em Hong Kong até 25 de agosto. Muitos casos vieram de fora e não seguiram. E a maior parte da transmissão aconteceu em grupos (clusters) onde teve aglomeração longa, espaço fechado e fala alta.
Como o @otavio_ranzani mostra aqui, 3 bares e um casamento tiveram os maiores grupos de transmissão. Outros casos esporádicos se espalharam em casa ou no trabalho, mas não foram eventos de transmissão pra muita gente.
A União Europeia tá entrando na segunda onda de COVID, conforme vem o inverno. Em casos diários, já chegaram nos números de de março, mas com muito mais testes. Já as mortes ainda tão longe. Um fio sobre o que podemos aprender com isso e nos preparar. ourworldindata.org/coronavirus-da…
A fatalidade da COVID-19 vem caindo constantemente. Um misto de melhores tratamentos, melhor cuidado intensivo, mais conhecimento, mais testes e uso de máscaras (que reduz as chances de complicações). Isso é o que explicaria a fatalidade menor, até onde sabemos.
Com mais testes, eles podem estar observando mais cedo e melhor o número real de casos. A Itália e a Espanha tiveram muita subnotificação no começo do ano. O aumento de casos europeus também é recente, ainda não deu tempo de complicações se manifestarem.