O programa ficou muito bom. Entretanto, caracterizar somente (por motivos justos, diga-se de passagem) o mal uso do conceito de "tradição" no esoterismo como difusor de ideologias extremistas e não mencionar que os movimentos esotéricos modernos a partir da Teosofia +
também cimentaram isso é deixar uma grande lacuna. Isso porque a Teosofia e os movimentos de mesma natureza dispunham em seu corpo teórico diversas doutrinas que trabalhavam sobre a ideia de "passado ideal", passando pelo atlantismo, milenarismo e racialismo, como a exemplo da +
ideia corrente de que haveria uma "Nova Era" e uma "nova raça humana" (raça mesmo, como escrito, no seu sentido literal, presente em vários textos da Blavatsky) a guiar a humanidade, ainda se trabalhando com o racialismo científico da época, frenologia, as "quatro raças raízes" +
são parte inerente do corpo doutrinário da Teosofia e em seus diversos escritos. A própria Blavatsky trabalhava com a ideia também de resgate de um passado originário e mítico como fora o atlante. Não é algo dela, mas que vem desde o século XIV com filologistas franceses como +
Court de Gebelin, Papus, Eliphas Levi, Allan Kardec (mais pra frenologia, vide "Obras Póstumas") e tantos outros que se utilizavam do Ocultismo como uma "Ciência" se arvoraram nesse discurso.
Resquícios desse discurso são facilmente observáveis em grupos espíritas, como +
o bem citado "Bolsonaro é o 'homem do cavalo branco'" ou "Moro é Emmanuel" beberam dessa influência. Mas aqui também esse pensamento se deve a influência cultural brasileira, que é bastante sebastianista e messiânica, que faz crer que virá uma grande personalidade a salvar o país
Fora a mania de se criar paralelismos históricos, coisa que abre margem para o conspiracionismo, como aduz John Michael Greer em seus ensaios:
A ideia de Ocultismo Moderno também precisa ser superada porque ainda hoje perpetuam uma visão heróica por parte dos pensadores dos séculos XIX em diante, como se tivessem batalhado e vencido guerras ou conduzido por "detrás dos panos" da história o rumo dos acontecimentos. +
Algo que o estudo acadêmico atual não corrobora. Pelo contrário, refuta, tanto pelo seu aspecto supostamente "tradicional" e "mítico", quanto pela ilusão de coesão e desenvolvimento epistemológico que o esoterismo moderno faz supor crer.
Por fim, recomendo o livro de Peter Washington, "O Babuíno de Madame Blavatsky", que destrincha os erros (abusos e crimes perpetrados pela) da teosofia e dos movimentos que se seguiram a esta, se encontrando a outra metade da questão que responde bem ao episódio do podcast.
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Sobre meu primeiro livro publicado, já em sua segunda edição, segue o fio:
1. "Magia Tradicional - Ensaios em Filosofia Oculta" trata de uma coletânea de textos que versam sobre a prática mágica enquanto uma "tradição oculta" nos moldes do pensamento clássico desenvolvido por teóricos como Johannes Trithemius e Cornelius Agrippa;
2. Originalmente os dois primeiros ensaios foram publicados ao longo das edições da antiga "Revista Antestéria" (Ed. Darash), descontinuada, em idos de 2016-2017. O terceiro e último ensaio foi escrito posteriormente em 2018. Os temas são três:
Em geral qualquer bom astrólogo nem se daria ao trabalho de refutar esse tipo de provocação infantil, mas para o público leigo que é aberto e interessado ao estudo da Astrologia, segue o fio com as explicações mais claras que refutam esse tipo de argumento rasteiro apresentado:
1. Astrologia é um estudo. Equiparar com "terra plana" não tem respaldo histórico nem científico. Os astrônomos e astrólogos gregos e helênicos já sabiam comprovadamente da esfericidade da terra. O modelo cosmológico de orbes era usado para fins visuais e não literais;
2. Astrologia é uma forma de Arte de caráter divinatório e com orientação astronômica, a interpretar em caráter simbólico e profético o simbolismo dos astros no céu em consonância com os eventos de ordem mundana. Obviamente não tem embasamento científico+
Acabei de publicar a segunda edição de "Magia Tradicional - Ensaios em Filosofia Oculta" pelo Clube dos Autores. Quem tiver interesse em adquirir, segue o link:
Sinopse: "Qual o lugar da Tradição naquilo que chamamos de Filosofia Oculta?"
"Magia Tradicional" é uma obra que busca tentar responder a este e muitos outros questionamentos pertinentes as tradições de mistério do Ocidente.
A obra pode ser considerada uma espécie de "tratado clássico" de Magia para a era contemporânea, reunindo em si mesma três ensaios versados em suas diversas facetas, como a astrologia, os enteógenos e os sonhos.
A curious case of ceremonial and devotional practice with Archangel Raphael in the restrictive beginning of social isolation due to the pandamy caused by COVID-19. Here is the thread:
A few months ago, when the generalized pandemic picture was officially announced by the WHO and all countries were on the verge of isolation due to social distance, I launched a series of electives - meritorious and virtuous, for the benefit of all beings - aimed +
at healing and protection for some friends and clients who practice magical and theurgical practices. All electives prioritized the transit of the stars Mercury, Moon and Sun and aimed to establish a healing connection for the sick who were in need of assistance and to assist +
Esse é um causo astrológico que compartilho com vocês sob permissão da pessoa que analisei o evento:
He was talking to a group of friends when this particular one was reporting some impressions of his experiments in scrying with a black mirror. +
The person in question is very pragmatic and has a lot of know-how with Hoodoo and Conjure. The experiments carried out were extremely simple, carried out with the minimum necessary and without calling anything specific. +
In astrological practice, each professional has the legitimate right to defend a personal view of the world, based on experiences of both an objective and subjective nature, +
but to imput a judgment of accusatory value to a divinatory instrument is a big mistake and testifies against one's own professional suitability of those who use this instrument.
To use subjective experience as a defense of this idea is to reduce to an emotional discourse the transcendent aspects of a tradition that has more than 5,000 years of recoverable history and whose origins were not even imagined.