A POLÍTICA EXIGE (NÃO) DECISÕES DIFÍCIES
Mano Brown cobrou do PT em 2018 maior proximidade com a periferia. Desde então muitos o repetem, citando aquele episódio. Aumentar a proximidade com a periferia exige presença, defendê-la, e adotar seus símbolos. Um deles, hoje, é não
usar máscara de proteção contra a COVID, ninguém a utiliza na periferia. Assim, um candidato do PT que faz carreata, corpo a corpo e reuniões na periferia também não deveria usar máscara se desejar seguir a sugestão de Mano Brown. Fazer o oposto disso mostra distanciamento do
candidato em relação a crenças e práticas dos mais pobres em relação a algo proeminente em 2020, a pandemia. A campanha dura 30 dias, nenhum candidato irá conscientizar a população neste período, mas sim poderá ter uma imagem de alguém mais ou menos distante dela. Usar máscara
na campanha eleitoral na periferia é dizer que discorda das práticas e valores dos habitantes locais. Não ajuda a conquistar votos.
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O QUE ACONTECEU COM BOLSONARO
O Bolsonaro de 2019 não existe mais, nem o pai, nem os filhos. Está distante o tempo em que atacavam os políticos, o STF, o sistema. Deixaram de elogiar o AI-5 e de criticar a democracia. Aconteceu que o presidente foi devidamente enquadrado pelas
instituições democráticas. Em 2019 ele era um cavalo xucro, agora está domesticado, selado e devidamente montado pelo Centrão. Isso é maravilhoso. O nosso país, o Brasil, mostra suas virtudes. Revela para nós que não há razões para ter complexo de vira-latas, nossas instituições
não são melhores nem piores do que a dos países desenvolvidos. Aliás, elas são muito fortes. Elas contiveram o ímpeto autoritário de um presidente recém eleito. Isso deve ser motivo de satisfação para todos nós: estamos seguros, o Congresso, o STF e outras instituições não
APROVAÇÃO MAIS ELEVADA DE BOLSONARO ATÉ AGORA: 40% DE ÓTIMO/BOM,
foi o que mostrou a pesquisa CNI/Ibope. Portanto, o número de mortos por COVID não tem impacto na avaliação, tampouco a devastação ambiental. O que tem impacto é o aumento (ou redução) do poder de compra. FH foi
eleito e reeleito graças a isso. A redução e o controle da inflação fizeram o consumo se ampliar. Serra perdeu para Lula em 2002 em função do desemprego, que deprimiu o consumo. Lula é popular até hoje porque as pessoas passaram a ter acesso a muitas coisas novas. Com Dilma o
desemprego aumentou muito, reduzindo o poder de compra. O Bolsonaro dos 150 mil mortos é o mesmo do auxílio emergencial, que colocou dinheiro diretamente no bolso de milhões de famílias. Isso nada tem a ver com as polêmicas e brigas das redes sociais e grupos de zap, mas sim com
MAGALU, RACISMO, IMMANUEL KANT E O CAPITALISMO
O primeiro argumento a favor de Magalu é o necessário combate ao racismo estrutural, com o qual concordo em gênero, número e grau. O segundo, importante também, deriva de "Ideia de uma história universal sob um ponto de vista
cosmopolita", no qual Kant afirma que a insociável sociabilidade humana resultará na elevação moral da sociedade. Vamos supor que Magalu não tenha como objetivo combater o racismo, mas apenas conquistar mercado e aumentar o faturamento. Neste caso, terá sido seu interesse privado
insociabilidade para Kant, que resultará em mais oportunidades para os negros, que é a sociabilidade e a elevação moral. A busca do interesse privado capitalista resultará em mais igualdade entre as raças. Os racistas mobilizarão a justiça contra Magalu. Caso a justiça acate a
HAITI, REPÚBLICA DOMINICANA E DEVASTAÇÃO AMBIENTAL
Ambos os países ocupam a mesma ilha, são separados por uma fronteira norte - sul de 360 km. O Haiti devastou suas florestas, a República Dominicana as preservou ao máximo. Essa história é muito bem contada por Jared Diamond em
seu erudito e monumental Colpaso. Ele mostra também que por conta da devastação o Haiti mergulhou em uma crise econômica sem fim, e seu vizinho prosperou. O Brasil vinha escolhendo estar mais para República Dominicana, porém Bolsonaro alterou o rumo para nos transformar em um
Haiti ambiental. Cabe ao Brasil reagir. O nosso futuro será resultado de políticas públicas adotadas hoje.
A análise da Tamire sobre a possibilidade de Freixo ser candidato a prefeito do Rio não ajuda a esquerda. Em 1992 Benedita da Silva foi ao segundo turno e perdeu para Cesar Maia por uma margem muito pequena, 51,89 a 48,11. Dois anos depois Benedita foi eleita senadora e em 1998
foi eleita vice-governadora na chapa de Garotinho. Hoje, ela, mulher negra, e Garotinho, homem branco, não são tão fortes como já foram, é uma questão política e eleitoral. Por outro lado não existia Freixo nos anos 1990. Na política há renovação, e muitos fatores leva a isto.
O SER HUMANO É TRIBAL
Depois que alguém passa a pertencer a uma tribo, ela irá defendê-la em tudo e irá, ao mesmo tempo, se opor à tribo adversária. É assim na religião, na política, nas torcidas, nas escolas de pensamento. Na política, quando se escolhe um lado, defende-se tudo
que tange aos políticos do lado selecionado: eles jamais erram, quando acontece algo ruim a culpa é do adversário. No caso das religiões o perdão tem um papel central. É por meio dele que são conquistados novos fiéis (que são perdoados por não não terem um passado religioso ou
fazerem parte de outra religião), e que erram e desejam continuar aceitos por seus pares. Os membros da tribo são capazes de perdoar, algo impensável para quem não faz parte da mesma tribo. A partir do momento que você passa a ver o mundo considerando o ser humano uma espécie