Análise Pós Jogo #004 – Corinthians x Flamengo (18/10/2020).
5 x 1. Quem olha para o placar pode se assustar com a grande diferença no marcador, mas aqueles que conhecem as fragilidades dos times podem dizer que o que aconteceu no jogo era previsível.
Vamos à thread. ⏬
O Flamengo veio em seu habitual 4-2-3-1, dessa vez com Vitinho jogando por trás do Pedro (conforme sugerimos aqui no mapa da mina).
O time marcava no 4-4-2, com Vitinho e Pedro fechando as linhas de passe dos zagueiros.
O Corinthians também veio no 4-2-3-1 (normalmente utilizado por Mancini em seus times), mas variando para o 4-1-4-1, pela característica de Camacho de ser mais meia que volante.
O jogo começou com o Corinthians fazendo a marcação alta, tentando atrapalhar a saída de bola do Flamengo.
Quando recuperava a bola, tentava atacar pelo lado direito do ataque, com Otero e M. Vital, aproveitando as costas de Felipe Luís.
Para sair da pressão alta, o Flamengo fez uso de 2 recursos que eu considero muito úteis para partidas em que o adversário tenta a pressão muito alta:
(1) a ligação direta com Pedro;
(2) o passe central dos zagueiros vencendo a primeira linha de marcação.
(1) Sabendo da ótima capacidade de domínio do Pedro e o recurso que ele possui para fazer o pivô, o Flamengo atraía o Corinthians para o entorno da sua área, e fazia a ligação direta para Pedro.
(2) Os zagueiros buscavam sempre os passes verticais, para transpor a primeira linha de marcação. Destaque para a ótima saída de bola do Zagueiro Natan, que mais uma vez foi muito bem na partida.
Em ambas as situações, após vencida a primeira linha de marcação Corinthiana, o time tinha o espaço entrelinhas para aproveitar, atacando o adversário de frente em igualdade/superioridade numérica.
O Flamengo ficava em vantagem também porque o Corinthians demora na recomposição defensiva (conforme antecipamos aqui no mapa da mina).
O técnico Vagner Mancini comentou sobre isso na entrevista coletiva pós-jogo.
A marcação alta e a intensidade na pressão do Corinthians duraram 15 minutos.
A partir daí o que se viu foi o Flamengo de sempre, jogando com a bola no chão e trocando passes.
No jogo, Foram ao todo 447 passes certos trocados, contra apenas 240 do Corinthians.
Com a bola, o time do Flamengo tendia a atacar mais pelo lado esquerdo, buscando as trocas de passe entre Bruno Henrique e Felipe Luís. O lateral tentava os cruzamentos sempre buscando a 2ª trave.
E foi assim que o Flamengo chegou ao 1º gol.
Mais uma jogada de Felipe Luís pela esquerda e cruzamento preciso na cabeça de Everton Ribeiro, (sim, ele mesmo, com 1,74m de altura) para marcar.
Note que a origem do lance do gol é o tiro de meta batido direto no Pedro. Ele atrai a marcação da zaga.
Como o time é lento na recomposição, no momento do cruzamento a marcação está quebrada e Everton sobe praticamente livre para cabecear.
Everton não vinha bem na partida. No primeiro tempo ele errou 7/19 (36.84%) dos passes.
Com isso, ainda que o time tivesse oportunidades que acelerar no contra-ataque, perdia as chances por erros no último passe.
Antes do final do primeiro tempo o Corinthians ainda acertou o travessão em bom chute de Camacho.
Antecipei no mapa da mina que essa seria uma das armas do Corinthians para tentar chegar ao gol.
Mancini tentou colocar o time pra frente. Entrou com Cazeres, Luan e Mantuan. Tirou M. Vital, Otero e Boselli.
Com as alterações o time criou chances de perigo nas bolas paradas e conseguiu descontar em cabeçada de Gil (1 gol já havia sido anulado por impedimento).
A bola aérea é um dos pontos fortes do time do Parque São Jorge, principalmente com Gil. Já tínhamos pontuado essa arma corinthiana na análise pré-jogo.
O Corinthians ainda teve boas chances, mas o goleiro Hugo mostrou toda a sua qualidade, realizando defesas milagrosas. Mais uma excelente partida da jovem promessa da base rubro-negra.
Quando o Corinthians tentava crescer no jogo, o Flamengo chegou ao 4º gol com Bruno Henrique após ótima passe de Isla.
Após o gol, entraram Arão e Diego para a saída de Maia e Vitinho.
Arão passou a marcar Gil nas bolas paradas e o Corinthians parou de assustar.
Aos 37, Dome colocou Ramon em campo e promoveu um teste interessante.
Passou para uma espécie de 3-5-2, com F. Luis na linha de zagueiros e Ramon como ala.
No momento defensivo o time ficava em um 5-3-2, com Isla e Ramon fechando os lados.
Ainda deu tempo de Diego marcar um gol aos 41’ em roubada de Arão no campo de ataque e ótima jogada individual do camisa 10.
Podemos dizer que o Flamengo foi cirúrgico no 2º tempo. Foram 4 chutes. Os 4 foram no alvo e todos eles se transformaram em gol.
Placar final: 5 x 1.
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Análise Pós Jogo #003 –Flamengo x RB Bragantino (15/10/2020).
Jogos diferente precisam ser analisados de forma diferente. Todo jogo tem um contexto, e ele não pode ser ignorado. Desta vez o entorno chamou mais a atenção do que a partida em si.
Vamos à thread ⏬
O Flamengo veio de uma partida 48 horas antes contra o Goiás.
O momento de ápice do cansaço é 48 horas após o jogo.
Essa foi a 5ª partida em um período de 11 dias.
A título de comparação, o Atlético MG fez 5 partidas nos últimos 18 dias.
(O Dr. Tanure, chefe do DM do Flamengo, explicou esse ponto extremamente bem nesse vídeo. Falou também das avaliações para poupar jogadores. Mesmo com base científica, alguns querem comentar com base no achismo).
Análise Pós Jogo #002 –Flamengo x Goiás (13/10/2020)
Quando o juiz apitou o fim da partida, a torcida do Flamengo se dividiu.
Metade defendendo que o time jogou mal, metade defendendo que o time jogou bem. Afinal, a atuação do Flamengo foi boa ou ruim?
Segue a thread ⏬
Começando com os números.
O Flamengo teve 66.9% de posse de bola. Chutou 31x e acertou 12 no gol. Criou 4 chances claras e foi ameaçado apenas 1x (chance clara). Teve um xG (expectativa de gols) de 3.77, contra 0.55 do Goiás. Trocou 559 passes, com 85% de acertos.
Para ilustrar o que foi a partida, vamos dar uma olhada no mapa de calor dos times.
No mapa podemos notar que o local mais ocupado pelo Goiás foi o interior da sua área defensiva, enquanto o Flamengo ocupou mais o campo de ataque pelos lados, principalmente o lado esquerdo.