THREAD: Os clássicos da sociologia (1/4)

David Émile Durkheim, por @lacancap

O contexto de crises econômicas, relações de produção, condições de classes, culminaram numa necessidade de desenvolver uma ferramenta para a análise social.
Uma ciência que tratasse, através do conhecimento empírico, novas respostas e soluções para patologias sociais. Durkheim pensava que esse era um papel de um sociólogo: diagnosticar e receber os dados sociais para encontrar soluções para essas mazelas que surgiam no século XIX.
Seguindo uma tradição positivista no seu texto “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim acreditava que a sociedade podia ser vista através de fenômenos sociais da mesma forma que a ciência natural. Podendo ser empregado o método científico e explicado por leis sociológicas.
Sendo a sociedade um conjunto de ideias, de moralidades, com suas próprias funções. Esse conjunto constitui uma consciência coletiva própria e essa mesma consciência é atuante nas próprias relações individuais; no sentido coercitivo. A sociologia seria a ciência que trata
exatamente desse conjunto, que estuda os fatos sociais: o comportamento individual coagido por essa mesma coerção exterior caracterizada pela consciência coletiva. Para ele esses fatos sociais eram coisas, objetos de análise que poderiam ser utilizados como ferramentas para os
estudos comportamentais – e a sociologia, assim, ultrapassaria o aspecto de análise individual para o de análise coletiva, a partir de uma nova realidade, a realidade do fato social.
THREAD: Os clássicos da sociologia (2/4)

Augusto Comte, por @JurisLibertario

Comte é o pai do positivismo, seu criador. Sua metodologia progressista se baseia no progresso da humanidade e concomitante, da ciência.
Após diversas conturbações em sua vida,
desenvolveu em 1851 sua obra de quatro volumes chamada “Política Positiva ou Tratado de Sociologia Instituindo a Religião da Humanidade.”
Comte então, tratou de temas como filosofia, economia, matemática. Para ele, todas as ciências são convergentes em si, devendo ser
classificadas pelo grau de sua complexidade.
Fazendo uma análise econômica, Comte defendia o capitalismo como algo necessário para o progresso da sociedade, citando que, quaisquer problemas poderiam ser facilmente resolvidos.
(Divergente de Marx, Comte não concordava com a
ideia do fim da propriedade privada.)
Como francês, viveu uma época conturbada em seu país. Com isso, o filósofo tentou visar um modelo de reorganização social.
E assim, entramos na sua teoria mais conhecida:
[A LEI DOS TRÊS ESTADOS]

Esta é a teoria de Comte que rege o pensamento humano.
O filósofo a secciona em três fases:
a)Teológica
b)Metafísica
c)Positiva

(...) “Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu
primeiro vôo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa organização,
quer na base de verificações históricas resultantes dum exame atento do passado.
Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes:
estado teológico ou fictício, estado metafísico ou abstrato, estado científico ou positivo. Em outros termos, o espírito humano, por sua natureza, emprega sucessivamente, em cada uma de suas investigações, três métodos de filosofar, cujo caráter é essencialmente diferente e mesmo
radicalmente oposto: primeiro, o método teológico, em seguida, o método metafísico, finalmente, o método positivo.
Daí três sortes de filosofia, ou de sistemas gerais de concepções sobre o conjunto de fenômenos, que se excluem mutuamente: a primeira é o ponto de partida
necessário da inteligência humana; a terceira, seu estado fixo e definitivo; a segunda, unicamente destinada a servir de transição.
No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais
de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo.
No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de
engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para cada um uma entidade correspondente.
Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a
origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos
fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir. ” (COMTE, 1825)
Para ele, a sociologia trata do homem, da determinação histórica da sociedade, do que ela será, e do que foi.

A transcrição citada acima foi retirada do livro “Os pensadores” publicada em PDF:

ldaceliaoliveira.seed.pr.gov.br/redeescola/esc…
As próximas thread dos clássicos da sociologia, Marx e Weber sairão sábado quem vem, então acompanha a gente aí! 🖤💛

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