Oi, pessoal! Para quem está com dúvida de como está a segunda onda da Europa e como isso pode influenciar o nosso futuro próximo, fiz alguns gráficos para demonstrar como estão a taxa de crescimento de casos e de óbitos tanto aqui quanto na União Européia + Reino Unido. //1
Separei assim pois a UE fica similar ao Brasil em número de "estados" e equipara a população. Sempre tem alguém que me diz "não podemos comparar o Brasil com "xxxx", mesmo falando de taxa de crescimento (e aí a população influencia menos do que a densidade demográfica). //2
Como podemos entender esses gráficos? São dois para casos e dois para óbitos. Nos gráficos também tem cores que refletem as medidas de distanciamento adotadas em cada localidade (deu um trabalhão pesquisar para 28 países quando abriram e quando fecharam). //3
O gráfico de casos na escala logarítmica tem o foco em nos mostrar o CRESCIMENTO dos casos. Ali podemos ver que o crescimento de novos casos na UE está inclusive maior do que na primeira onda, mas não está ainda em uma taxa tão acentuada como na primeira onda. //4
Não existem respostas mágicas para isso, ok? É provável que isso ocorra pois hoje a capacidade de testagem e recepção de novos casos é muito maior, e na primeira onda talvez tivemos tantos casos quanto agora, mas todos passaram "por baixo do radar" e ficaram subnotificados. //5
Outra maneira de entendermos em que ponto da segunda onda a UE está é olhando os gráficos de óbitos. Percebam que, no gráfico em escala logarítmica, o crescimento dos óbitos está quase semelhante à da primeira onda, mas ainda não chegou lá. //6
Mesmo assim, a média de óbitos dos últimos 14 dias é de 800 óbitos/dia. Essa média só tinha sido atingida em Março (antes do pico) e em Maio (na queda). Se estamos tendo aumento de mortes mesmo com tanto conhecimento, é um sinal bastante perigoso. //7
Com a taxa de crescimento agindo desta forma, intervenções pontuais de redução da transmissão são muito úteis. Estamos vendo algumas e torcemos para que isso evite algo pior. Como o @MBittencourtMD sempre diz, as atitudes da comunidade é que nos dirão o que vai ocorrer. //8
Um desfecho perigoso (e possível de acontecer no Brasil, devido às diferenças entre os estados) é o dos EUA, país que não consegue ter uma queda sustentada e logo retorna para um crescimento. Vemos que na logarítmica as situações são mais similares do que entre Brasil e UE. //9
Países que usei(UE): Alemanha,Áustria,Bélgica,Bulgária,Chipre,Croácia,Dinamarca,Eslováquia,Eslovênia,Espanha,Estônia,Finlândia,França,Grécia,Hungria, Irlanda,Itália,Letônia,Lituânia,Luxemburgo,Malta,Países Baixos, Polônia,Portugal,Reino Unido,República Checa,Romênia e Suécia.//10

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25 Oct
Oi, pessoal. Há alguns dias atrás eu fiz um fio explicando como identificar reversões de tendência nos números da COVID-19, e mostrei como isso pode nos ajudar a termos intervenções menores e mais baratas, antes de termos que parar tudo. //1
Utilizei os dados de Porto Alegre no fio, e usarei de novo agora para demonstrar continuidade. Atualizei os dados e gerei este gráfico, que traz as tendências dos últimos 70, 30 e 14 dias. Fica clara a reversão, né? //2 Image
Quando começamos a ver isso nas UTIs, já temos um indício forte de que o contágio se espalhou a pelo menos 14 dias atrás, e que é hora de, no mínimo, parar com reaberturas. Intervenções aqui cortam o mal pela raiz. //3
Read 10 tweets
22 Oct
Sabemos que nenhuma vacina é 100% eficaz. Para compensar essa falta de eficácia completa, a arma que temos é a cobertura vacinal.

A cobertura vacinal de 2020 está muito, muito baixa. Sigam o pequeno fio. //1
Quanto mais pessoas vacinadas, mais protegidos estão quem não tiver o efeito positivo da vacina e quem não pode tomar. Essa baixa cobertura vacinal deixa brechas aonde a doença pode entrar e criar surtos justamente nessas pessoas. //2
Isso acontece pois não existe mais o escudo protetor dos vacinados ao redor das sociedades. Corremos o risco de ter de conviver com doenças a muito esquecidas, em conjunto com a COVID-19, já a partir de 2021: agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/… //3
Read 6 tweets
20 Oct
Pessoal, meus dois centavos estatísticos sobre o anúncio de ontem, da nitazoxanida: o principal fator medido é a redução da carga viral, medida no swab (cotonete) do PCR após 8 dias. Foram analisadas 392 pessoas (196 por grupo). //1
Esta variável (carga viral) pode ter uma infinidade de valores diferentes em medições diferentes. Se eu pegar 5.000 doentes de Covid-19 e medir a carga viral no swab em dias diferentes, muito provavelmente terei milhares de valores diferentes. //2
O que isso quer dizer? Que é necessário um cuidado extra para não criar uma correlação espúria entre uma suposta redução de carga viral e o uso do medicamento. //3
Read 6 tweets
15 Oct
Oi, pessoal. Acho importante fazer um alerta rápido sobre como identificar uma possível reversão de tendência nas internações por COVID-19. Vou utilizar novamente os dados de Porto Alegre, mas pode ser feito com qualquer município. Sigam o fio //1
Uma métrica interessante para o acompanhamento correto da epidemia é a "internação hospitalar". Ela acontece independente do teste ou não, é menos volátil do que o número de casos e mais adiantada do que o triste número de óbitos. //2
Um dado que ajudaria muito é a faixa etária dos internados por dia (para entendermos se há uma migração de faixa etária nos novos internados), mas este dado não está amplamente disponível. Agora vamos usar o número de internados em leitos clínicos da cidade de Porto Alegre: //3 Image
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11 Oct
Oi, pessoal. Fiz gráficos de alguns países (tentei pegar países distintos, mas que normalmente estão no debate público) para podermos ver como a segunda onda de casos está, sim, gerando uma segunda onda de óbitos. //1
Temos aqui a lista de novos casos por dia e também de novos óbitos por dia de 12 países. Coloquei no gráfico também uma visualização colorida das medidas de distanciamento de cada país (dentro do possível, pois tiveram países com muitas fases). //2
Conseguimos perceber uma segunda onda de óbitos aumentando em praticamente todos os países com a segunda onda de casos. Aqueles que não conseguimos ver é devido à primeira onda ter sido muito grande e a escala do gráfico não mostra. Para isso, fiz para os últimos 14 dias: //3
Read 10 tweets
11 Oct
Oi, pessoal. Como expliquei a alguns dias (e o @MBittencourtMD explicou muito bem na aula dele, deixarei o link no final do fio), o número de casos não é o número ideal para controlarmos o andamento da pandemia (devido à testagem não ser consistente, entre outras coisas). //1
Se tivéssemos uma quantidade grande de testes e uma política de testagem consistente, até poderíamos analisar casos, mas internações e óbitos acabam sendo métricas mais confiáveis pois elas ocorrem independente do caso ser notificado ou não. //2
O problema das internações (e mais ainda com óbitos) é que eles são reflexos de contágios que já ocorreram a 15 (quinze) dias, no mínimo, e quando notamos uma tendência ali, já estamos atrasados. Tendo dito isso, vejam as internações de UTI de Porto Alegre. //3
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