Pessoal, meus dois centavos estatísticos sobre o anúncio de ontem, da nitazoxanida: o principal fator medido é a redução da carga viral, medida no swab (cotonete) do PCR após 8 dias. Foram analisadas 392 pessoas (196 por grupo). //1
Esta variável (carga viral) pode ter uma infinidade de valores diferentes em medições diferentes. Se eu pegar 5.000 doentes de Covid-19 e medir a carga viral no swab em dias diferentes, muito provavelmente terei milhares de valores diferentes. //2
O que isso quer dizer? Que é necessário um cuidado extra para não criar uma correlação espúria entre uma suposta redução de carga viral e o uso do medicamento. //3
Por essa razão que os estudos normalmente se focam em pacientes mais graves primeiro, pois a variável a ser medida é a mortalidade, que só tem dois valores (sim ou não). Não estou dizendo que o estudo está errado, são profissionais competentes de instituições competentes. //4
Oi, pessoal. Acho importante fazer um alerta rápido sobre como identificar uma possível reversão de tendência nas internações por COVID-19. Vou utilizar novamente os dados de Porto Alegre, mas pode ser feito com qualquer município. Sigam o fio //1
Uma métrica interessante para o acompanhamento correto da epidemia é a "internação hospitalar". Ela acontece independente do teste ou não, é menos volátil do que o número de casos e mais adiantada do que o triste número de óbitos. //2
Um dado que ajudaria muito é a faixa etária dos internados por dia (para entendermos se há uma migração de faixa etária nos novos internados), mas este dado não está amplamente disponível. Agora vamos usar o número de internados em leitos clínicos da cidade de Porto Alegre: //3
Oi, pessoal. Fiz gráficos de alguns países (tentei pegar países distintos, mas que normalmente estão no debate público) para podermos ver como a segunda onda de casos está, sim, gerando uma segunda onda de óbitos. //1
Temos aqui a lista de novos casos por dia e também de novos óbitos por dia de 12 países. Coloquei no gráfico também uma visualização colorida das medidas de distanciamento de cada país (dentro do possível, pois tiveram países com muitas fases). //2
Conseguimos perceber uma segunda onda de óbitos aumentando em praticamente todos os países com a segunda onda de casos. Aqueles que não conseguimos ver é devido à primeira onda ter sido muito grande e a escala do gráfico não mostra. Para isso, fiz para os últimos 14 dias: //3
Oi, pessoal. Como expliquei a alguns dias (e o @MBittencourtMD explicou muito bem na aula dele, deixarei o link no final do fio), o número de casos não é o número ideal para controlarmos o andamento da pandemia (devido à testagem não ser consistente, entre outras coisas). //1
Se tivéssemos uma quantidade grande de testes e uma política de testagem consistente, até poderíamos analisar casos, mas internações e óbitos acabam sendo métricas mais confiáveis pois elas ocorrem independente do caso ser notificado ou não. //2
O problema das internações (e mais ainda com óbitos) é que eles são reflexos de contágios que já ocorreram a 15 (quinze) dias, no mínimo, e quando notamos uma tendência ali, já estamos atrasados. Tendo dito isso, vejam as internações de UTI de Porto Alegre. //3
Oi, pessoal. Vocês devem ter visto a matéria do UOL que fala sobre o acordo entre o Brasil e a AstraZeneca, aonde diz que a AstraZeneca poderia "decretar o fim da pandemia". Sigam o fio rapidinho que explico: //1 noticias.uol.com.br/colunas/jamil-…
O acordo é, como todos, um acordo de negócios, um "memorando de entendimento". Nele, se definem algumas regras para a negociação, inclusive no futuro. //2
Como a pandemia é uma calamidade pública, durante o período pandêmico, a vacina será cobrada pelo preço de custo, justamente devido à calamidade. Quando a pandemia acabar, a AstraZeneca então poderá aumentar o preço já visando o lucro. //3
Oi, pessoal! Queria trazer uns dados de Porto Alegre para mostrar a vocês como a evidência anedótica pode atrapalhar nossas observações. Parece que estamos "liberando geral" mas os casos estão caindo, né? Sigam o fio! //1
Nessas imagens temos o R efetivo para Porto Alegre, mostrando que tanto para Covid-19 quanto para SRAG temos um R efetivo flertando com o 1, mas com uma média abaixo de 1 nos últimos dias, o que faz a epidemia diminuir. //2
Além de todas as medidas que aprendemos ao longo dos meses (máscaras, distanciamento, higiene) que ajudam nessa queda, vejam a porcentagem de pessoas em isolamento social. Vejam que ele está menor do que em Abril, mas longe também do período pré epidemia. //3
Oi, pessoal. Eu estava observando hoje os testes realizados em Porto Alegre e percebi que a curva do gráfico é muito semelhante à curva de novos casos por dia. Sigam o pequeno fio. //1
Temos alguns picos de novos casos, que não aparecem nos testes e podem ser algum tipo de acúmulo. O importante é que, se a curva de testes e de casos é praticamente igual, isso nos mostra que os testes são REATIVOS aos casos, ou seja: são executados em pessoas sintomáticas. //2
Vejam o exemplo da cidade de Nova Iorque. O número de testes só aumentou enquanto o de novos casos (positivos) caiu. Isso quer dizer que lá os testes são PREVENTIVOS aos casos. Os testes detectam e previnem qualquer potencial surto, e estão sendo feitos em NEGATIVOS. //3