A Dialética entre indústria 4.0 e trabalho escravo
É aceito como uma tese normal a ideia de que a automação e o desenvolvimento científico e técnico vai acabar com os trabalhos manuais e que por isso precisamos pensar em alternativas, como um programa de renda básica universal.
Esse tipo de argumento errado do começo ao fim, como argumentei em um vídeo do meu canal (A armadilha da renda básica (universal): desemprego e luta de classes: ), carrega um pressuposto mistificador e apologista do capitalismo:
a ideia de que o progresso técnico tem uma difusão homogênea pelo globo
Cansei de argumentar que essa ideia da Inteligência Artificial e Indústria 4.0 mudando radicalmente os padrões de produção no Brasil ignorar o caráter dependente da nossa economia e o processo de circulação
das novas técnicas de produção e trabalho na divisão centro-periférica (tema debatido nesse vídeo - Industria 4.0 e soberania nacional: entre a ilusão e a Revolução Brasileira: ).
10 dias atrás saiu a notícia de uma fábrica de chocolate na Bélgica que estava testando processos de produção quase que totalmente automatizados e com novos e rigorosíssimos padrões de segurança sanitária. comentários emocionados sobre o futuro das fábricas sem operários.
Como vocês devem saber, não cresce cacau na Bélgica. De onde vem o cacau? Do continente africano, majoritariamente de Gana e Costa do Marfim. E nesses dois países, segundo reportagem do The Guardian, temos 1,5 milhões de crianças trabalhando nas plantações de cacau.
Isso mesmo: 1,5 milhões de crianças! Sem contar, é claro, os inúmeros casos de trabalho análogo à escravidão e a miséria perene que os pequenos plantadores e arrendatários de cacau estão submetidos.
na Bélgica e na Suíça, a IA e as tecnologias da indústria 4.0 devem transformar vários processos de produção na indústria do chocolate. Mas nunca esqueça que existe vida fora das fronteiras de Bruxelas e no além-mar o sucesso não é o robô inteligente, mas o chicote do século XIX.
Se ainda fosse vivo, Darcy Ribeiro hoje completaria 98 anos. Um dos grandes intelectuais gerado pelo povo trabalhador do Brasil. Entre concordâncias e discordâncias, é impossível não reconhecer suas duráveis contribuições teóricas para pensar a Revolução Socialista Brasileira.
"Não é impensável que uma reordenação social se faça sem convulsão social, por via de um reformismo democrático. Mas é muitíssimo improvável neste país em que uns poucos milhares de grandes proprietários podem açambarcar a maior parte de seu território, compelindo milhões de +
trabalhadores a se urbanizarem para viver a vida famélica das favelas, por força da manutenção de umas velhas leis. Cada vez que um político nacionalista ou populista se encaminha para revisão da institucionalidade, as classes dominantes apelam para a repressão e a força"
O cinismo liberal - o Chile, usado por anos como trunfo argumentativo pelos liberais, recusou em massa a constituição liberal-fascista de Pinochet. Como era de se esperar, os liberais cínicos assumem a tática de sempre: "não foi liberal o suficiente = não foi liberal".
Essa tática ideológica é bem fácil de entender. Se coloca um ponto ideal, não tangível no mundo real, e tudo que não for o padrão ideal, não foi liberal. Assim, o Governo FHC não foi liberal, afinal, não privatizou a Petrobras;
o Governo Thatcher também não foi liberal, pois não privatizou o sistema de saúde; Ronald Reagan? Nunca foi liberal, aumentou o gasto militar como nunca etc. Desse modo, o liberalismo nunca falha e nunca falhará: o problema é sempre não ter sido "liberal o suficiente".
Tem um povo dizendo que Boulos "só tem voto na elite". É curioso esse discurso vindo de apoiadores de Ciro Gomes. Historicamente, nas três eleições presidenciais que disputou, os votos de Ciro são concentrados nas camadas médias com +
ensino superior e maior faixa de renda. Aliás, Ciro nunca ganhou uma eleição porque nunca conseguiu - incluso em 2018 - ser uma potência eleitoral na população com renda de até um salário mínimo.
Ciro, em 2018, ganha ou empatada com Haddad sempre nos critérios que indicam pertencimento de classe a aristocracia operária, classe média ou classe média alta. Inclusive, em 1998 e 2002, o discurso era de um tecnocrata com preocupação popular pra ele eleitorado.
circula posts de gente falando que Martha Rocha é responsável e fazendo cobranças. Algumas cobranças, sobre posição política, fazem sentido. Outras, são praticamente fake news. De resto, na época, o Governo do PT também não abriu a boca e nem Dilma.
Acho um absurdo usar de forma oportunista o caso do Rafael agora. Especialmente com quem era governo e NUNCA abriu a boca para repudiar a violência policial contra manifestantes em 2013 e 2014. Antes o contrário, lembro do finado PHA pedindo para a PM descer o cacete!
Aliás, na época, depois de vários episódios de manifestante levando pau, e Dilma calada, ela abriu a boca para se solidarizar com um comandante da PM que levou umas tapas.
Eduardo Taddeo cantou: "cadê presidenta que chora por universitário, em prantos pelo favelado chacinado?"
Ps: o Revolução Africana, nesse momento, tá fora de estoque. Mas já no final de semana, volta a venda com a nova tiragem
Em 2021, tem livro novo de Losurdo pela Baioneta Editora. Tem livro autoral meu pela Autonomia, o 3° volume da Coleção Quebrando as Correntes e mais novidade.
Aí você olha o perfil do cara que puxou briga: branco, bombadinho, tatuagem brega no braço, barba cerrada estilo "galã feio". É sempre o mesmo perfil. Na época que colava no Espaço Aberto, cansei de ver esse tipo arrumando briga
ser playboy é gostoso demais. O cara de regata, depois de levar esse pau, atirou contra uma mulher, depois deu quatro tiros num carro pollo, depois tentou atropelar PMs, ainda quebrou o carro da PM, resistiu a prisão e não LEVOU UM TIRO