Na campanha, Joe Biden disse que ele era um personagem de “transição”, como uma ponte entre gerações. Seria Kamala Harris o futuro? 
Ela é daquelas mulheres que abrem caminhos por onde passa. Por 7 anos, foi chefe da procuradoria em São Francisco. Por outros 6, foi procuradora-geral da Califórnia. Nos dois cargos foi a primeira mulher negra eleita. Em 2016, foi a 1 primeira senadora negra pela Califórnia.
Este ano, foi a primeira mulher negra a ser indicada para uma chapa presidencial por um grande partido. Hoje, foi eleita a primeira mulher - e mulher negra - vice-presidente dos Estados Unidos.
Kamala é filha de pai jamaicano e mãe indiana, ambos estudantes de Berkeley que se conheceram no movimento pelos direitos civis. Ela e a irmã foram criadas pela mãe que, segundo Kamala, tinha consciência do desafio de criar duas mulheres negras.
Quando ganhou projeção na política, logo passaram a chama-la de a versão feminina do Obama. Ela apoia o Obama, mas rejeita a comparação porque a reduz a um estereótipo demográfico: “Não me defina com base em algo que um homem tenha feito”.
Recentemente, quando um repórter perguntou se ela daria continuidade ao legado do Obama, respondeu: “Tenho meu próprio legado”.
Política é pra acompanhar com um pé atrás, naquela de esperar que façam o certo, sem deixar de fiscalizar e criticar. Afinal, ela estará dividindo o comando de um país imperialista (em todos os seus sentidos).
“Como negra, democrata e defensora da lei e da ordem, Harris cria uma espécie de dissonância cognitiva. Alguns liberais (...) temem que o ex-“top-cop” da Califórnia não abrace as pautas progressistas de forma abrangente”, diz uma reportagem sobre ela na The New Yorker.
Deixando ressalvas para um amanhã, fica o registro que uma mulher negra, filha de imigrantes, rompeu uma barreira gigante hoje. E, quando isso acontece, a conquista simbólica é de todas nós.
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