Há uma certa discussão na esquerda sobre se devemos ou não soltar rojões pela vitória de Biden.
Sobre isso penso que é preciso deixar claras algumas coisas: 1) Os EUA são uma potência imperialista; em decadência, é certo, mas imperialista. (+)
2) Desse ponto de vista, pouca diferença faz, para a América Latina, por exemplo, quem está no comando lá. Sempre se acompanha as eleições americanas com interesse, é claro, mas, por isso, eu nunca me preocupei de fato com seu resultado.(+)
A propósito, Glenn Greenwald contou hoje, em entrevista a Mônica Bergamo, que certa vez entrevistou Evo Morales que, como presidente da Bolívia, passou por Bush, Obama e Trump. Perguntou -lhe qual era a diferença entre eles do ponto de vista de seu país e Evo respondeu: nenhuma.
3) Mesmo assim, penso que, desta vez, havia um bom motivo para os progressistas em toda parte do mundo, sobretudo aqui no Brasil, torcermos contra Trump: refrear o ascenso da extrema-direita no mundo. (+)
4) Quatro décadas de neoliberalismo geraram um poderoso sentimento anti-sistema, que vem sendo capitalizado pelo extremismo de direita. A esquerda se tornou establishment inúmeras vezes e deixou de aparecer como alternativa.
5) O final do século XX não marcou o fim da história, como queria Fukuyama, mas a esquerda ficou de fato desencontrada e perdida mundo afora. Como a história não acabou e o capitalismo continuou tratorando a humanidade o sentimento anti-sistema aflorou.
6) Melhor então que o ambiente mundial não fique ainda mais contaminado com o gosto amargo da xenofobia, racismo, machismo, misoginia, lgbtqfobia etc. Derrotar Trump é importante para garantir um respiro que permita inverter a direção do sentimento anti-sistema.
7) Já disse uma vez aqui que o meu juízo prático se pauta por um princípio de natureza kantiana. Então, podemos não saber o que é o socialismo, mas temos que agir como se soubéssemos. Foi esse principio que me fez torcer contra Trump.
8) E, sim, @deccache, já podemos começar a odiar Biden...
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Exato, mas a retração da oferta se deve ao fato de vários países produtores, por conta da situação anormal de pandemia, terem reduzido sua oferta de arroz ao mercado internacional para, estratégicamente, preservarem maiores quantidades para seu consumo interno. Segue
O Brasil fez exatamente o inverso. A exortação foi quase 10 vezes maior neste ano do que em 2019. Os nossos produtores, muito preocupados com seus compatriotas, não desperdiçaram a chance de lucrar como nunca com a subida de preços do produto no mercado externo.
OK, essas são as regras do jogo. Capital não tem pátria e os capitalistas agiram como capitalistas. Mas a situação seria bem diferente se o governo tivesse estoques reguladores e pudesse entrar ofertando para conter a elevação dos preços internos.