Na África vive 17% da população mundial. Mas em julho o continente tinha só 5% dos casos e 3% das mortes por covid no mundo. Muito se especulou sobre essa proporção, atribuindo grande parte disso à baixa testagem.
Estudo liderado por cientistas africanos traz novos dados. Siga👇
Acaba de sair na Science uma das 1as pesquisas de soroprevalência para coronavírus feita em campo num país africano, o Quênia. O resultado mostrou que houve muito mais contaminados do que registrado como "casos" sim.
Mas, mesmo assim, isso não se traduziu em doença e morte (+)
A partir de amostras de sangue de 3 mil doadores, pesquisadores de instituições do Quênia e do Reino Unido estimaram que, em junho, quando muitas mortes eram esperadas no país mas não ocorreram, 4,3% dos quenianos tinham anticorpos para o vírus (+)
Ou seja, mais pessoas foram expostas ao vírus do que o indicado pelo registro dos casos no Quênia.
O primeiro caso lá foi relatado em março, e rapidamente foi instituído lockdown (+)
Daí, no final de julho, a vigilância registrou 20 mil casos e 341 mortes no país - um aumento bem mais lento do que o da epidemia em partes da China, Europa e EUA. (+)
Uma possibilidade é que no Quênia, como em outros países da África, a covid-19 se manifestaria de uma forma assintomática ou leve, e não apenas porque lá a capacidade diagnóstica é mais baixa.
Um dos principais fatores é a idade mais jovem da população (+)
Não se pode dizer com certeza que esse é o único. Mas no cômputo geral, a pesquisa ajuda a aumentar as evidências de que, pelo menos no Quênia, a doença se manifestou de uma forma mais branda ou nem sequer gerou sintomas (+)
E por que isso é importante?
Porque fazer lockdown em um país pobre não tem as mesmas consequências que em país rico, então tem que pesar muito bem na balança os prós e os contras para decidir quando e *quais setores* fechar (+)
O efeitos de fechar alguns serviços podem ser piores do que os do vírus. Por exemplo: interromper o atendimento médico de rotina para mulheres e crianças onde há alta mortalidade infantil. Além disso, os sistemas de seguridade social podem ser escassos (+)
Uma observação importante: no artigo científico os autores detalham bem as limitações da pesquisa e de suas conclusões, e citam vários pontos que não cabem num fio de divulgação.
Então recomendo sua leitura para quem quiser saber mais a fundo (+)
❗Atenção: tenho ouvido de algumas fontes alerta para crescimento da covid-19 na cidade de São Paulo. Vou postar algumas delas 👇👇👇
InfoTracker: ferramenta que monitora covid-19 em SP registra aumento de casos suspeitos na grande São Paulo e capital, enquanto interior mantém estabilidade e queda.
Um ponto que não ficou 100٪ claro para mim, talvez porque não seja consenso. Entre cientistas que conversei/acompanho, há os que dizem que paralisar testes para averiguar quando há morte é praxe, mesmo se soubessem que era suicídio. Outros dizem que não seria preciso, (cont.)
...e que poderia ter sido feita avaliação com os testes em andamento, já que o indicativo de não ter relação com a vacina era muito forte.
Nesta entrevista ao Globo, o chefe do Conep é enfatico:
Matéria na íntegra aqui:
Não há motivo para suspensão do estudo, de jeito nenhum', diz chefe de comissão independente que fiscaliza pesquisa oglobo.globo.com/sociedade/coro…
Não sei se devia ou não ser divulgado. O dilema ético é real: tem que respeitar a família, mas a informação no caso é de interesse público, diante da insegurança que foi gerada pela atuação da Anvisa.
Enfim, momentos difíceis que poderiam ser evitados se houvesse mais seriedade.
A matéria foi alterada no site da Cultura, para vocês não estranharem quando clicarem. Mas estava assim, e outros veículos já deram também:
Dimas Covas é categórico em coletiva: evento adverso grave, com óbito de voluntário dos testes da Coronavac não tem relação com a vacina, e a Anvisa tinha a informação do evento desde o dia 6.
Segundo Dimas. o Butantan foi somente informado da suspensão 20h40 de ontem, dia 9, por email, e 20 minutos depois a informação estava na imprensa, com alarde.
Nenhuma reunião foi marcada pela Anvisa para pedir esclarecimentos sobre o evento.
Novamente: o evento adverso grave foi analisado e não tem relação com a vacina, reforça Dimas, dizendo que a Anvisa tem em mãos todos os dados.
A suspensão dos testes da Coronavac deixa a gente mais apreensivo que quando foi com a de Oxford, não pela segurança em si, mas por ter sido feita pela Anvisa dentro desse cenário:
...
Bolsonaro comemora suspensão de testes da CoronaVac por Anvisa extra.globo.com/noticias/mundo…
Acompanhem aqui a coletiva de imprensa do Governo sobre a suspensão da Coronavac pela Anvisa:
Dimas Covas relata indignação por parte do Instituto Butantan pela forma como Anvisa agiu, e reforça respeito mundial e histórico do Instituto na pesquisa e produção de vacinas
Sobre os 90٪ de eficácia da vacina da Pfizer, notícia promissora sim, mas vamos com calma.
Primeiro, os dados completos ainda não saíram e nada foi colocado na roda ainda para cientistas externos analisarem. Segue...👇
Foi mais um anúncio "publicitário", anunciado para a imprensa, de que os resultados estão indo bem, dentro do esperado (o que não significa que não seja verdadeiro) (+)
Segundo, os ensaios ainda não foram concluídos. Todos os pacientes que se contaminaram no estudo precisarão ser avaliados.
Além disso, não terminou a avaliação daqueles que receberam duas doses, como disse a @izabellapena1. Só no final de novembro (+)