Muitos do agro apostam que as reclamações ambientais são "mimimi" de Europeu, e que o Brasil tem mercado garantido na China. Vão perder a aposta.
Altos funcionários da Min do Meio Ambiente chinês e a ONG @WRIClimate publicaram um relatório com indicação de medidas duras. +
O relatório reconhece que a China contribui para o desmatamento global ao ser o maior comprador de soja e carne, e indica em uma figura o aumento do desmatamento ligado às commodities no Brasil e Indonesia. O alvo do recado está claro. +
Cita leis do EUA e Europa que proíbem importação de madeira ilegal e a nova lei Chinesa que faz o mesmo. O mais importante é que o documento propõe que o WTO e acordos comerciais tenham clausulas para o monitoramento de cadeias e desmatamento zero (i.e. green supply chains).+
No artigo "Rotten apples of Brazil's agrobusiness" alertamos que se o acordo China-EUA for implementado, a China vai deixar de comprar milhões de ton de carne e soja do Brasil. Visto a briga do 5G e a crise ambiental, essa possibilidade está se tornando cada vez mais real.
A cegueira ideológica e a ansia de lucrar no curto prazo com a grilágem de terras está sacrificando a sustentabilidade de longo prazo de um setor importante da economia brasileira.
Mais um sinal inequívoco do agro-suicídio em curso.
A proibição da venda de terras para estrangeiros é um dos poucos temas que geram convergência entre nacionalistas e ambientalistas. Durante as eleições Bolsonaro foi contra tb.
Tudo mudou com a aprovação 15/12 no Senado de um PL com apoio do governo.
O PL 2963/2019 proíbe ONGs de comprarem terras, diferente de outros países vizinhos e nos EUA onde compra de terras para conservação é comum. Agora, se uma empresa voltada para o lucro comprar terras para desmatar, aí tudo bem.
Também existem limitações de compra de terra na Amazônia "em áreas onde reserva legal é 80%". Essa definição exclui todas as áreas já consolidadas (maioria de MT e boa parte do PA) que desmataram antes de 2008 e por isso podem ter RL de 50%.
Na audiência no STF um representante do @Incra_oficial reafirmou que a titulação reduz o desmatamento, mas dessa vez foi além de deixou a referencia do estudo.
Uma análise mais cuidadosa desse estudo mostra que na verdade áreas regulares desmatam mais👇
O estudo mostra que o desmatamento dentro das parcelas irregulares (i.e CAR com CPF inexistente na base de títulos INCRA) é maior que nas parcelas regulares (i.e. CPF do CAR na base de títulos). 👇
Só que as regulares correspondem a só a 24% da área total dos assentamentos no Pará. Ao considerar a área desmatada em relação a área total, fica claro que proporcionalmente as áreas regulares desmatam 20% a mais que os irregulares. 👇
Em um grande condomínio, um grupo de moradores baderneiros criavam problemas para todos: destruíam os jardins, jogavam lixo nas áreas comuns e música alta toda a noite. Em anos anteriores, o síndico, o porteiro e o segurança conseguiam reduzir o problema com multas e regras.
Em 2019 a baderna continuou, porém os novos administradores ao invés de repreender os bagunceiros buscava minimizar o problem: "sempre tivemos música alta aqui no condomínio, está no direito deles fazer festa também. Precisamos regularizar a baderna ao invés de proibi-la"
Os baderneiros ouviram o recado e as festas dobraram de tamanho, para desespero de todos. Enquanto o porteiro deixava entrar boiadas de novos convidados, a situação tornou-se insuportável, principalmente para os moradores mais antigos que já estavam no terreno ha gerações.
Acaba de ser publicando na Science um artigo liderado pela UFMG que identifica o desmatamento nas cadeias produtivas da soja e carne na Amazônia e Cerrado.
O estudo é inovador ao trazer soluções para a identificação automática do desmatamento potencialmente legal ou ilegal (aplicando as regras do CF), monitoramento da pecuária (fornecedores diretos e indiretos até 10 níveis de profundidade), e ligação com exportações.