Precisamos falar sobre comunicação na promoção de saúde. Muita gente preocupada tem pedido que nós, médicos, mostremos imagens de pessoas nas emergências, utis...como modo de conscientizar as pessoas sobre a gravidade da pandemia. Isso é problemático e não dá certo por 3 motivos
1o ético: não podemos expor pessoas doentes, exceto em ambiente acadêmico com objetivo claro de formação, mesmo assim é necessário haver consentimento do uso da imagem e a finalidade. Não podemos estigmatizar as pessoas e deixar as suas imagens fragilizadas circulando. 2o motivo:
Não funciona! Temos exemplos claros de campanhas de prevenção de HIV/Aids que mostravam pessoas muito debilitadas, temos ainda inúmeras campanhas equivocadas de prevenção de álcool e outras drogas que apelam para a culpa, imagens de gente doente no maço de cigarro... 3o motivo:
Precisamos cuidar dos que ficam. Quando alguem perde um familiar muito frequentemente sofre de culpa, mesmo em doenças crônicas, imaginam se “fizeram tudo”... essa pandemia deixará problemas psicológicos que marcarão nossa geração como uma grande guerra. Cuidemos de todos!
Em promoção de saúde dizemos que quando as pessoas estão em um período que chamamos de “pré-contemplativo”, ou seja, não reconhece que uma situação ameaça a sua saúde, deve ser abordada sobre os aspectos positivos de sua mudança de comportamento. Dizemos a uma pessoa sobre tabaco
Imagine que você poderá respirar melhor, terá mais disposição para atividades físicas, ficará com a pele melhor, gastará menos, pode melhorar seu desempenho sexual... isso funciona muito mais do que “se você não parar de fumar terá um câncer e morrerá... Dito isso, sobre a Covid
Visemos os benefícios que teremos no porvir, no período pós-pandemia, onde nos reencontramos e poderemos nos abraçar, vamos nos cuidar em nome do amor e do compromisso ético que devemos ter um com outro. Não trabalhemos com culpabilização, isso adoece e não promove saúde.
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