no apagar das luzes de 2020, a Câmara dos Deputados aprovou ontem dois projetos, novamente pouco discutidos, e que poderão ter consequências maléficas ao país. Explico a seguir
O 1º é o novo marco legal do merc câmbio.Ainda que por enquanto o projeto só tenha autorizado operações que facilitem a vida de exportadores e algumas trans financ, o próprio portal da Câmara afirma que o objetivo é, gradualmente, caminhar para a liberalização das contas em dólar
Esse é um risco muito relevante para a estabilidade da econ brasileira.Qualquer instabilidade levará as pessoas a correrem rapidamente para o dólar, como ocorre na Argentina. Se nunca tivemos uma hiperinflação com dolarização aqui, é porque o fluxo de moeda estrangeira é restrito
Vários destaques ainda serão votados ano que vem. É importante que mostremos aos deputados qual é o perigo da extensão desse projeto, e brecar as possibilidades de ampliação das possíveis operações que possam levar à livre conversibilidade entre as moedas.
O 2º projeto aprovado cria um fundo de investimentos para o setor agrop que, mais uma vez, receberá incent tributários. Como se esse setor estivesse muito mal das pernas. E, pior, o fundo diminui as restrições, por via indireta, para aquisição de terras por estrangeiros
o investidor internacional poderá adquirir cotas ou estruturar fundos que, por sua vez, comprariam as terras. É a possibilidade de venda de um ativo fundamental ao país e a perda de nossa futura segurança alimentar. Vejamos se a China possibilita isso, por exemplo
Para não propor estas mudanças de uma vez, que certamente causariam rejeição na opinião pública, os projetos de lei vêm fracionando essas propostas. Ao final, a soma é um conjunto que vai minando a capacidade de gestão das políticas públicas, incluindo as econômicas
Não podemos perder isso de vista, e devemos ficar atentos à regulamentação de todos eles, bem como à votação dos destaques referentes ao projeto que regula o mercado de câmbio
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Em sua coluna na Folha, Samuel Pessoa critica o livro de @cirogomes. Nada além do esperado, até demorou muito. De toda forma,alguns comentários são necessários. Primeiro,sobre chamar de maniqueísta a visão de um político que conhece muito bem os interesses dos grupos econômicos.
Samuel quer dar à discussão econômica, ou ao ponto de vista dele,uma visão isenta de influências políticas que não existe. E o que Ciro faz ao longo do livro é colocar a posição pessoal dele, declaradamente não isenta, como não é a do Samuel, sobre o processo de desenv econ do BR
É louvável um político da qualidade de Ciro, e candidato a presidente, se dispor a escrever um livro, após estudar muito, sobre o país que deseja governar, deixando claro onde quer chegar, com posições e análises corretas, levando em consideração os aspectos políticos.
A renovação do Fundeb, fundo que financia parte relevante da educação básica , está em discussão no Congresso. O fundo precisa aumentar seus recursos , ao contrário do que vem dizendo os economistas liberais . Segue o fio
Se quisermos escolas em tempo integral , bons professores , diretores competentes , infraestrutura , não há como fazê-lo sem alocar mais recursos na educação . Vejamos o tamanho de nossa população em idade escolar
Existem problemas na gestão ? Então façamos o seguinte : vinculemos uma parte dos recursos adicionais à implementação de sistemas e instrumentos de gestão que já se mostraram bem sucedidos no país , como por exemplo em Sobral
A discussão sobre o financiamento das crescentes despesas do governo está centrada hoje no seguinte dilema: ou aceitamos uma dívida pública junto ao mercado mais alta ou aceitamos uma taxa de câmbio mais desvalorizada, bem acima do necessário
Se o Banco Central quiser manter a taxa Selic no patamar atual, vai ter que continuar intervindo no mercado de títulos, aumentando o volume de compromissadas e a dívida pública junto ao mercado
Por outro lado, se ele deixar a taxa de juros cair, haverá alguma desvalorização adicional da moeda e encarecimento de produtos importados essenciais para nós neste momento, que são os insumos médicos