Qtas pessoas precisam ser vacinadas? Isso depende de dois fatores - como a doença se espalha (dado pelo número R0) e quão eficiente é a vacina. Se cada pessoa infectada infecta outras duas pessoas, o R0 é 2. Se a vacina for 100% eficiente, é preciso vacinar: 1-1/R0 = 50% da pop.
Se o R0 for 4, com vacina 100% eficiente, é preciso vacinar: 1-1/4 = 75% da pop. Para vacinas reais, com eficiência menor do que 100%, só corrigir o valor obtido dividindo pela taxa de eficácia. Para uma vacina com eficácia de 78%, se o R0=2, será: [1-(1/2)/0,78] ~64% da pop.
Ah, de onde vem a formulinha 1-1/R0? Simples, se uma pessoa infectada transmite, em média, para outra pessoa, a doença continua sem aumentar nem diminuir. Se pra mais de 1, a doença se alastra. Se ora menos de 1 pessoa, a doença se extingue. Então, se R0=2, mas a imunização...
...atingiu 50%, então de cada duas pessoas q a pessoa infectada iria infectar, em média, uma já está imune, então a doença não vai aumentar. Se a imunização for maior, a doença se extingue pq menos de 1 pessoa é infectada por alguém infectado. Se R0=3, pra reduzir a 1, precisa...
...imunizar 2 a cada 3. E assim por diante. É sempre o complemento do inverso do valor de R0.
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Trabalhar com porcentagem é muito fácil de se perder pq a porcentagem é um número relativo a uma certa quantidade de referência, e é preciso saber qual é essa referência.
A explicação q a pessoa deu está simplesmente ERRADA. E recebeu milhares de compartilhamentos e curtidas. Tenho certeza q a pessoa escreveu com boas intenções pra explicar o q significaria os 78% de eficácia da Coronavac pra casos leves. Mas acabou espalhando desinformação.
A eficácia de vacina é uma porcentagem q tem como referência o número de casos no grupo q nāo recebeu a vacina. Se a eficácia nos casos leves é de 78%, significa q, se uma porcentagem X dos não vacinados desenvolverem casos leves, *22% de X* entre os vacinados desenvolverão.
Como se saiu o modelo da Imperial College usado no relatório 12, de 26 de março de 2020 (qdo se sabia muito menos sobre o SARS-CoV-2 e a covid-19)? Dos 27+1 países com dados sobre excesso de mortalidade levantados pelo Financial Times, o modelo só errou: DEN, NOR, ISL, IND e KOR.
Dos países nórdicos, só a SWE ultrapassou - e bastante - o limite mínimo de mortes previstas pelo modelo do IC: chegando perto da mortalidade prevista para o cenário com restrição menos rígida. Pode haver forte subnotificação na IND. Ñ há dados para excesso de mortalidade.
A KOR, ao lado dos países nórdicos (vc ñ, SWE), foi um dos países com medidas bem intensas de combate à covid-19 (a KOR testou e rastreou muito mais - mm ñ tendo feito lockdown). E, junto com países nórdicos (vc ñ, SWE) teve mortalidade até mais baixa do q a média esperada.
Não. Significa q, se a chance de alguém ñ vacinado pegar a doença em um ano for de 7% (6,3% de quadro leve, 0,6% de caso grave), se vc estiver vacinado a sua chance será de 22%*7% = 1,54% (e só desenvolverá o quadro leve).
Esse 7% peguei pq é a taxa de infectados no BRA em números oficiais. Há subestimativas e varia de lugar pra lugar - em Manaus deve estar na casa dos 30% ou mais de infectados. E tb de tempo para tempo, as chances dos próximos 12 meses sem vacina devem ser maiores.
Enfim, quaisquer q sejam as chances (I%) de alguém não vacinado se infectar, as chances de alguém vacinado se infectar será 78% menor: 0,22*I% - e mm se tiver o azar de se infectar, deve ser apenas de caso leve, ñ precisando ser internado nem entubado.
A eficácia (o resultado dos testes na fase 3) podem ser diferentes da efetividade (a proteção na prática com a aplicação na população em geral) por diversos fatores. P.e. nos testes as condições de aplicação da vacina são mais controladas; na prática, há variação nas condições...
...de transporte, armazenamento e aplicação (em alguns lugares pode não ter geladeira ou freezer e depender de caixas de isopor). E como os testes são voluntários, por mais q se tente se aproximar o melhor possível de uma representatividade da população, nem sempre a amostra...
...do teste é uma reprodução tão fiel da população em geral. As condições nos testes tb podem ser diferentes das condições nas aplicações - novas variantes do patógeno podem ter surgido, o comportamento da população pode mudar (p.e. relaxar nos cuidados após se vacinar).
Considere q o poder econômico numa nação fascistizada está do lado do fascismo.
Talvez a questão precise ser refraseada: como se chega ao poder em um país fascistizado sem ser fascista e sem ter propostas fascistas e, ao contrário, tendo propostas pra desfascistizar?